Marcas prestigiadas e preços mais altos significam melhores produtos? Comparamos três SUVs para responder
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Diz o pessoal de marketing que, nas prateleiras de supermercado, os produtos localizados à altura de sua visão nem sempre são os melhores negócios. Muitas vezes, um item de boa qualidade e menor preço, fornecido por um fabricante menos prestigiado, pode estar discreto lá na base da prateleira.
De certa forma, também é assim com os carros. Digamos que você procure um utilitário esporte (SUV) compacto com potência acima de 130 cv e boa dotação de itens de conforto e segurança. À altura dos olhos logo aparecem opções badaladas como Chevrolet Tracker, Honda HR-V, Jeep Renegade e Volkswagen T-Cross. São figuras fáceis nas ruas, que qualquer um se lembraria de colocar em seu carrinho.
Identidade visual é ponto alto do Renegade; embora seja o mais recente, o T-Cross tem desenho um tanto discreto; o 2008 já mudou de geração na Europa
No entanto, com mais atenção, na base da prateleira encontram-se alternativas como o Peugeot 2008, raramente visto nas ruas, o que pode despertar em muitos a pergunta se ele vale a pena. Para este Desafio o Best Cars reuniu Renegade Limited, T-Cross Highline (o Tracker não pôde ser obtido a tempo e o HR-V teve o empréstimo adiado pelas restrições da pandemia, o que impediu sua inclusão na pauta) e 2008 Griffe THP, os dois últimos em versões que ainda não haviam sido avaliadas.
São concorrentes diretos em proposta de uso e porte (variação de até 7 cm em comprimento e 11 cm em entre-eixos). A potência cobre uma faixa mais ampla, de 139 cv do Jeep a 173 cv do Peugeot com álcool. Contudo, como se espera pelos diferentes patamares que eles ocupam na prateleira do mercado, eles são um pouco diferentes em preço: o 2008 (R$ 116,5 mil) custa bem menos que o Renegade (R$ 133,8 mil) ou o T-Cross (R$ 136,7 mil). Com os opcionais que o último tinha como avaliado, a diferença aumenta ainda mais. Sem problemas: o objetivo do confronto foi justamente opor produtos similares por preços diferentes, para mostrar o que se ganha ou se perde — em atributos e valor — subindo ou descendo os olhos na hora da escolha.
Estilo
Eles não são a última palavra do segmento. Dois pela idade (o 2008 existe aqui há cinco anos, na Europa há oito e já ganhou nova geração por lá; o Renegade tem seis anos de Brasil e um a mais na origem) e o outro (T-Cross) pela opção do fabricante por linhas muito sóbrias, que parecem de outra época. Mesmo assim, são desenhos simples e que fazem adeptos, em especial o Jeep, com sua charmosa identidade de marca que o remete ao Wrangler.
Melhores materiais no Jeep; instrumentos elevados no Peugeot; painel digital configurável no Volkswagen
Acabamento e conveniência
A melhor impressão interna é causada pelo Renegade, com plásticos de qualidade superior e bom desenho do ambiente. O 2008, com seus peculiares instrumentos elevados, e o T-Cross usam plásticos inferiores. Os bancos de Jeep e Volkswagen recebem revestimento sintético, de fácil limpeza, mas muito inadequado ao calor tropical. Só que o Peugeot não se sai melhor: o tecido da parte central não permite respiração e acaba suando as costas da mesma maneira. Vale lembrar que o interior com partes em marrom do T-Cross avaliado não está mais disponível.
Renegade e T-Cross vêm com teto solar panorâmico e o 2008 usa vidro fixo; ponto negativo é os três forros deixarem passar muito mais raios solares do que deveriam, a ponto de incomodar no meio do dia
As centrais de áudio usam tela de 10,1 polegadas no T-Cross (mesmo sistema VW Play do Nivus, ainda não aplicado ao carro das fotos, que é de 2020), 8,4 no Renegade e 7 no 2008 e oferecem integração a celular por Android Auto e Apple Car Play. Vantagem do Jeep é ter dois botões de girar, que facilitam o uso das funções, em vez de depender só de toques na tela — o novo aparelho da Volkswagen os eliminou. O T-Cross com sistema opcional Beats oferece a melhor qualidade de áudio.
Centrais de áudio com telas de 7 a 10,1 polegadas e câmera traseira; o Renegade oferece mais comandos físicos; seletor de modos de condução é mais abrangente no T-Cross
Os três carros oferecem ar-condicionado automático (de duas zonas em Jeep e Peugeot), aviso específico de qual porta está mal fechada, câmera traseira de manobras, controlador de velocidade e faróis e limpador de para-brisa automáticos. Renegade e T-Cross vêm com teto solar panorâmico, em que a parte frontal se abre e a traseira é fixa, enquanto o 2008 usa vidro fixo. Ponto negativo é os três forros (com acionamento elétrico) deixarem passar muito mais raios solares do que deveriam, a ponto de incomodar os ocupantes no meio do dia e esquentar bastante os bancos quando se estaciona ao Sol. Já passou do tempo de a indústria adaptar esse tipo de teto à realidade brasileira — pior nos casos de Jeep e Peugeot, que o impõem como item de série nessas versões.
Detalhes favoráveis ao Renegade são acionamento elétrico do freio de estacionamento e mais espaços para os objetos do dia a dia. Pena a versão ter perdido alguns itens de anos anteriores, como ajuste elétrico do banco, monitor de veículos em pontos cegos, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, lanterna portátil e tomada de 12 volts no porta-malas. Só no T-Cross temos assistente de estacionamento opcional, difusor de ar para os passageiros de trás, luzes de cortesia no assoalho dianteiro, sensores de estacionamento na frente (atrás todos têm) e rebatimento elétrico e automático dos retrovisores. Ambos vêm ainda com porta-óculos de teto, retrovisor interno fotocrômico e tomada USB também para o banco traseiro (duas no T-Cross).
Próxima partePreços
Renegade | 2008 | T-Cross | |
Sem opcionais | R$ 133.798 | R$ 116.490 | R$ 136.660 |
Como avaliado | R$ 133.798 | R$ 116.490 | R$ 150.035 |
Completo | R$ 138.179 | R$ 118.380 | R$ 151.350 |
Preços sugeridos em 8/4/21 para São Paulo, SP; apenas o preço completo inclui pinturas especiais; menores preços em destaque |
Equipamentos de série e opcionais
• Renegade Limited – Alarme, ar-condicionado automático de duas zonas, assistente de saída em rampa, bancos com revestimento sintético, bolsas infláveis laterais dianteiras, de cortina e de joelhos do motorista; câmera traseira de manobras, central de áudio com tela de 8,4 polegadas e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, chave presencial para acesso e partida, controlador e limitador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de leds, faróis e limpador de para-brisa automáticos, faróis e luz traseira de neblina, fixação Isofix para cadeiras infantis, luzes diurnas de leds, monitor de pressão dos pneus, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 19 pol, sensores de estacionamento atrás, volante com regulagem de altura e distância. Opcionais – Pacote Protection (protetor de cárter, para-barros, parafusos antifurto nas rodas), revestimento dos bancos em marrom.
• 2008 Griffe THP – Alarme, ar-condicionado automático de duas zonas, assistente de saída em rampa, bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina, câmera traseira de manobras, central de áudio com tela de 7 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, controlador e limitador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis e limpador de para-brisa automáticos, faróis e luz traseira de neblina, fixação Isofix para cadeiras infantis, luzes diurnas de leds, rodas de alumínio de 16 polegadas, seletor de modos do controle de tração, sensores de estacionamento atrás, volante com regulagem de altura e distância.
• T-Cross Highline – Alarme, ar-condicionado automático, assistente de saída em rampa, banco do motorista com ajuste lombar, bancos com revestimento sintético, bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina, câmera traseira de manobras, central de áudio com tela de 10,1 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de leds, faróis e limpador de para-brisa automáticos, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeiras infantis, luzes diurnas de leds, monitor de pressão dos pneus, porta-luvas refrigerado, rebatimento elétrico dos espelhos externos, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 17 pol, seletor de modos de condução, sensores de estacionamento à frente e atrás, volante com regulagem de altura e distância. Opcionais – Pacote Tech & Beats (assistente de estacionamento, faróis de leds com regulagem automática do facho, sistema de áudio Beats), teto em preto ou cinza, teto solar panorâmico.
• Garantia – Três anos sem limite de quilometragem.
Renegade: mais informações no painel e freio de estacionamento com comando elétrico
2008: ar de duas zonas, seletor do controle de tração e o único teto envidraçado fixo
T-Cross: difusor e USB para o banco traseiro e sistema de áudio com qualidade superior
Entre os itens que merecem correção, no 2008 não há alerta programável para excesso de velocidade, apoio de braço central na frente, chave presencial (tão comum hoje nessa faixa), comando interno para a tampa do tanque (precisa-se dar a chave ao frentista) e luz de cortesia para os passageiros de trás (inaceitável) e nos para-sóis. E apenas o controle elétrico do vidro do motorista tem função um-toque, o que impede a função de abertura e fechamento a distância, presente nos outros. O T-Cross vem sem alças de teto (apenas o Jeep tem para o passageiro da frente) ou limitador de velocidade, e o Renegade, sem porta-luvas refrigerado. Em todos falta a faixa degradê no para-brisa.
Posto do motorista
Renegade e T-Cross oferecem bancos amplos, bem definidos e confortáveis, com ajuste do apoio lombar para o motorista no caso do segundo. Os do 2008 ficam a dever em largura e suporte lombar. Ainda, seu console largo deixa o acelerador um pouco deslocado à esquerda, o que cansa no uso prolongado. O quadro de instrumentos digital do Volkswagen é um destaque, tanto pela fácil leitura quanto pela variedade de escolhas das informações. Melhor ficaria se o mapa de navegação, que pode se estender por toda a tela, fosse o de aplicativos como Waze e Google Maps. O Jeep traz, em uma boa seção digital colorida no centro (melhor que o pequeno mostrador do Peugeot), dados adicionais sobre bateria e temperatura dos óleos do motor e da transmissão.
Melhores bancos dianteiros e mais espaço vertical no Jeep e no Volkswagen, este o maior para as pernas; revestimento com marrom para ele não está mais disponível
Nessas versões, Renegade e T-Cross estão equilibrados em faróis, com ótimas unidades dotadas de leds e refletor elipsoidal nos dois fachos — bem melhores que os de lâmpadas halógenas do 2008, que usam o mesmo tipo de refletor no facho baixo. Todos contam com luzes diurnas por leds, faróis de neblina e repetidores laterais de luzes de direção. Falta ao Volkswagen a luz traseira de neblina. Ele e o Jeep trazem ajuste da altura do facho dos faróis, automático no primeiro. O Renegade tem um mal crônico de projeto, as colunas dianteiras “para sustentar um edifício”, que criam enorme ponto cego em ângulo. Essa limitação é bem menor nos adversários e, mesmo com as largas colunas traseiras do T-Cross, essa parte da visibilidade não é comprometida em nenhum deles. Vantagem do Jeep está nos retrovisores externos grandes e biconvexos.
Renegade e T-Cross oferecem bancos amplos e confortáveis, melhores que os do 2008; o quadro de instrumentos digital do Volkswagen é um destaque, tanto pela fácil leitura quanto pela variedade de opções
Espaço interno
A adoção de maior entre-eixos no T-Cross brasileiro, em relação ao similar europeu, garante-lhe ótimo espaço para as pernas de quem viaja atrás, item apenas razoável nos adversários. Já o formato quase de perua do 2008, com menor altura total, limita a acomodação para a cabeça no banco traseiro, agravada pelo espaço necessário para enrolar a tela do teto envidraçado — os rivais são ótimos nesse aspecto. Por fim, nenhum é largo o bastante para acomodar bem três adultos nesse banco, mas o T-Cross tem encosto mais incômodo ao passageiro central.
Porta-malas
É do T-Cross a vantagem em espaço para bagagem: de 373 a 420 litros conforme a posição do encosto do banco traseiro, mais que os 355 do 2008 (não considere os 402 divulgados pela Peugeot, que se referem a medição com líquido) e os 320 do Renegade. Todos têm o estepe por dentro sob o assoalho, temporário bem fino no Jeep — responsável por aumento de 60 litros na capacidade em relação aos primeiros anos de produção — e com pneu diferente dos outros nos demais carros, o que também impõe limitações ao uso.
O T-Cross vence também em espaço para bagagem, com o Renegade em último; ambos têm faróis de leds, superiores aos do 2008
Motor e desempenho
O motor turbo de 1,6 litro coloca o 2008 entre os SUVs mais potentes da categoria: 173 cv com álcool, 23 a mais que o turbo de 1,4 litro do T-Cross e 34 cv acima do 1,75-litro aspirado do Renegade. O Volkswagen oferece maior torque máximo, seguido de perto pelo Peugeot, com o Jeep longe — e este ainda lida com quase 300 kg a mais de peso. O resultado é claro: os dois turbos são muito agradáveis de dirigir, com boa desenvoltura no trânsito e ampla reserva de potência, enquanto o aspirado é apenas regular.
Interessante é que, pela calibração pacata das transmissões e dos aceleradores, T-Cross e 2008 não parecem muito potentes ao primeiro contato. Para obter desempenho empolgante é preciso calcar mais o pé direito ou selecionar o modo Sport nos seletores de programa de condução (o do T-Cross afeta também acelerador e direção; o do 2008, só a caixa; o Renegade também tem e afeta caixa e acelerador). Ambos ainda oferecem o programa Eco, que deixa as respostas bem suaves, e o Volkswagen tem o Individual, que permite configurar os parâmetros em separado.
Motores turbo e menor peso trazem desempenho bem superior a T-Cross e 2008, sobretudo o segundo, que venceu em todas as provas de aceleração e retomada
Na pista de testes, porém, não restou dúvida de quanto os modelos turbo — também por serem muito mais leves — superam o Jeep em desempenho. O mais rápido 2008 acelerou de 0 a 100 km/h em 8 segundos e o T-Cross em 9,1 s ante longos 13,4 s do Renegade — que levou mais tempo nessa prova do que os adversários de 0 a 120 km/h. Ampla diferença também em retomadas: de 80 a 120 km/h em 6 s no Peugeot, 6,5 s no Volkswagen e sonolentos 12,1 s no Jeep. Vale lembrar que, se abastecidos com álcool, apenas o T-Cross não deve apresentar ganho de desempenho.
O 2008 oferece quatro programas para o controle de tração: normal, para uso em lama, neve e areia, além do modo desligado. Embora muitos carros tenham melhor aceleração com algum destracionamento, como o permitido pelo programa de areia, constatamos menor tempo no modo normal. Os três beneficiam-se da manobra de estol em comparação à saída suave, com diferença sutil no caso do Jeep.
Próxima parteDesempenho e consumo
Renegade | 2008 | T-Cross | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 13,4 s | 8,0 s | 9,1 s |
0 a 120 km/h | 18,8 s | 11,1 s | 12,2 s |
0 a 400 m | 18,9 s | 16,0 s | 16,6 s |
Retomada | |||
60 a 100 km/h* | 8,0 s | 5,1 s | 5,6 s |
60 a 120 km/h* | 13,8 s | 8,2 s | 9,2 s |
80 a 120 km/h* | 12,1 s | 6,0 s | 6,5 s |
Consumo | |||
Trajeto leve em cidade | 11,3 km/l | 13,0 km/l | 14,1 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 5,5 km/l | 7,2 km/l | 7,6 km/l |
Trajeto em rodovia | 10,8 km/l | 12,6 km/l | 14,2 km/l |
Testes com gasolina; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Os motores mais modernos favorecem Peugeot e Volkswagen também em consumo, com melhores resultados no segundo; todos usam o mesmo tipo de caixa automática
As transmissões de todos são automáticas Aisin de seis marchas com seleção manual de marchas pela alavanca e, no T-Cross e no Renegade, também pelos comandos no volante. O Volkswagen e o Peugeot oferecem controle de ponto-morto. Elas estão bem calibradas e atuam da mesma forma em modo manual: passam à marcha superior no limite de giros e reduzem ao se abrir todo o acelerador.
Consumo
Sem turbo ou injeção direta e com peso muito maior, o Renegade ficou bem para trás em consumo. O T-Cross obteve as melhores marcas nos três percursos de medição, com mais de 14 km/l de gasolina em dois deles — ótimo para um SUV —, seguido pelo 2008. O Volkswagen rodar 31% a mais que o Jeep com um litro, no mesmo trajeto rodoviário, mostra como o último fabricante precisa trabalhar em eficiência — o que só deve ser resolvido com o esperado motor turbo.
Comportamento dinâmico
O Renegade tem a atitude mais esportiva dos três em curvas: firme, bem controlado e com a facilidade de soltar a traseira quando se corta o acelerador, o que facilita a inserção na curva — não chega a ser perigoso por haver controle eletrônico de estabilidade, como nos outros, mas chega a surpreender o motorista menos habituado. A versão Limited agora usa rodas de 19 polegadas e pneus 235/45, certo exagero para seu porte. Os outros dois são mais macios, mas o T-Cross ainda transmite confiança em curvas.
Melhor estabilidade no Renegade, rodar mais confortável no T-Cross; o 2008 precisa melhorar em suspensão
Já o 2008 parece não oferecer um chassi adequado a seu patamar de desempenho: os amortecedores muito macios o fazem “flutuar” bastante e erguer a frente ao aplicar mais torque, até em certa velocidade, enquanto os pneus de perfil mais alto (205/60) não contribuem para a precisão em curvas. Mesmo que não afete a segurança, o motorista tem a sensação de carro “solto”.
Sem turbo ou injeção direta e com peso muito maior, o Renegade ficou bem para trás em consumo; o T-Cross obteve as melhores marcas nos três percursos de medição
Em conforto de rodagem é o Volkswagen que sobressai, com acerto bastante adequado à proposta de veículo familiar. Precisa apenas de amortecedores dianteiros mais firmes na compressão: após lombadas eles se fecham e chegam aos batentes, causando um impacto seco. O Jeep mostra bom ajuste, mas os amortecedores mais firmes e os pneus de perfil baixo prejudicam um pouco o conforto. O Peugeot não faz valer nesse quesito o que falta em estabilidade — a absorção de impactos poderia ser bem melhor, como a própria marca conseguiu no novo 208. Mas os três estão corretos em termos de freios e direção.
Segurança passiva
Todos estão muito bem em proteção dos ocupantes, ao trazer de série bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina; o Renegade tem ainda para os joelhos do motorista. Os demais itens (bolsas frontais, fixação Isofix, encostos de cabeça e cintos de três pontos para cinco pessoas) são exigidos pela legislação atual.
Apesar da grande vantagem em preço, o 2008 mostra limitações do projeto e da idade: os rivais, sobretudo o T-Cross, são melhores sob vários aspectos
Custo-benefício
Como avaliados, os três SUVs estão distantes em preço: R$ 17,3 mil separam o 2008 (o mais barato) do Renegade e há outros R$ 16,2 mil entre este último e o mais caro T-Cross como avaliado. Seria possível ter o Volkswagen por bem menos (R$ 2,9 mil acima do Jeep) ao abrir mão dos opcionais, sendo alguns deles presentes no rival (teto solar e faróis de leds) e outros não, como áudio Beats e assistente de estacionamento. Vale lembrar que apenas o Renegade oferece versões mais baratas com o mesmo motor.
O 2008 revela boa relação entre preço e equipamentos: fica a dever poucos itens ao Renegade diante de tal diferença de valores, como chave presencial e faróis de leds. Já o T-Cross custa um pouco mais que o Jeep quando está sem opcionais, mas a adição de equipamentos leva seu preço a um patamar difícil de justificar. Assim, limitando-nos a essa análise, os dois carros realmente cobram caro pela imagem que desfrutam.
E no restante? Aí o quadro muda. Limitações do projeto e idade avançada do 2008 ficam evidentes em aspectos como estilo, espaço interno, acerto de suspensão e conforto do motorista, enquanto sua dotação de conveniência é a mais limitada. Ele supera o Renegade, é verdade, em espaço de bagagem e consumo e oferece o melhor desempenho do grupo. Mas o equilíbrio de notas indica que o T-Cross reúne o melhor conjunto e justifica — se o preço não for problema — manter os olhos no alto da prateleira do mercado.
Mais AvaliaçõesNossas notas
Renegade | 2008 | T-Cross | |
Estilo | 4 | 3 | 4 |
Acabamento e conveniência | 4 | 3 | 4 |
Posto do motorista | 4 | 3 | 4 |
Espaço interno | 4 | 3 | 4 |
Porta-malas | 2 | 3 | 3 |
Motor e desempenho | 3 | 5 | 4 |
Consumo | 2 | 3 | 4 |
Comportamento dinâmico | 4 | 3 | 4 |
Segurança passiva | 5 | 4 | 4 |
Custo-benefício | 3 | 4 | 3 |
Média | 3,5 | 3,4 | 3,8 |
Posição | 2°. | 3°. | 1º. |
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia |
Ficha técnica
Renegade | 2008 | T-Cross | |
Motor | |||
Posição | transversal | transversal | transversal |
Cilindros | 4 em linha | 4 em linha | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote | duplo no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | 4, variação de tempo | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm | 77 x 85,8 mm | 74,5 x 80 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ | 1.598 cm³ | 1.395 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 | 10,2:1 | 10,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar | |
Potência máxima (gas./álc.) | 135/139 cv a 5.750 rpm | 165/173 cv a 6.000 rpm | 150 cv de 4.500 a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 18,7/19,3 m.kgf a 3.750 rpm | 24,5 m.kgf a 1.400 rpm | 25,5 m.kgf a 1.500 rpm |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 | automática, 6 | automática, 6 |
Tração | dianteira | dianteira | dianteira |
Freios | |||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a disco | a disco | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim | sim | sim |
Direção | |||
Sistema | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica | elétrica | elétrica |
Suspensão | |||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal (todos) | ||
Traseira | ind. McPherson, mola helicoidal | eixo de torção, mola helicoidal | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |||
Dimensões | 7,5 x 19 pol | 16 pol | 6,5 x 17 pol |
Pneus | 235/45 R 19 | 205/60 R 16 | 205/55 R 17 |
Dimensões | |||
Comprimento | 4,232 m | 4,159 m | 4,199 m |
Largura | 1,798 m | 1,739 m | 1,76 m |
Altura | 1,686 m | 1,583 m | 1,57 m |
Entre-eixos | 2,57 m | 2,542 m | 2,651 m |
Capacidades e peso | |||
Tanque de combustível | 60 l | 55 l | 52 l |
Compartimento de bagagem | 320 l | 355 l | 373 a 420 l* |
Peso em ordem de marcha | 1.527 kg | 1.246 kg | 1.250 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |||
Velocidade máxima | 176/178 km/h | 209 km/h | 198 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,8/11,8 s | 8,8 s | 8,7 s |
Consumo em cidade | 9,4/6,4 km/l | 10,7/7,5 km/l | 11,0/7,7 km/l |
Consumo em rodovia | 11,0/8,0 km/l | 13,0/9,2 km/l | 13,2/9,3 km/l |
Dados dos fabricantes; consumo conforme padrões do Inmetro; *conforme posição do encosto traseiro |