Tração integral deixa nova versão muito estável; com bom conteúdo, tem pneus inadequados ao fora de estrada
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Depois de um breve intervalo, o Ford Ecosport volta a oferecer tração integral — e com boas novidades. A versão Storm, agora a única com esse recurso, vem com transmissão automática de seis marchas, visual diferenciado e o mesmo motor da Titanium, o de 2,0 litros com injeção direta e até 176 cv. O Best Cars deu ao Storm 10 chances de merecer sua garagem. Vamos ver como ele se saiu.
Estilo
Apesar dos cinco anos de mercado, o Ecosport ainda tem um desenho atual. E ficou mais atraente com a frente remodelada, que não destoa do conjunto, e os adereços dessa versão: grade inspirada na da F-150 Raptor, molduras nos para-lamas, rodas de 17 polegadas em tom grafite, entre outros. 1 ponto
Acabamento e conveniência
O interior do Ecosport melhorou bastante para 2018. Tem aspecto mais refinado, embora a maioria dos plásticos ainda seja rígida, e um ótimo sistema Sync 3 com tela de 8 pol para áudio e navegação, compatível com Android Auto e Apple Car Play. Os bancos recebem couro e o Storm vem com várias conveniências, como ar-condicionado, chave programável com restrições de uso, faróis e limpador de para-brisa automáticos, controle elétrico de vidros um-toque com comando a distância para abrir e fechar, retrovisor interno fotocrômico e teto solar com controle elétrico. Um bom conjunto. 1 ponto
A tração integral envia torque à traseira quando se acelera mais, mesmo no asfalto: isso favorece a atitude em curvas, que é um destaque do Storm
Posto do motorista
Com os novos bancos, o conforto de quem dirige ficou adequado. No quadro de instrumentos, amplo e bem legível, o mostrador digital inclui computador de bordo completo e pressão dos pneus. Algo que não mudou é a visibilidade, bem limitada em ângulos dianteiros, pelas colunas muito largas, e para trás. Por outro lado, os faróis de xenônio no facho baixo são eficientes e há unidades de neblina, assim como repetidores laterais das luzes de direção. 0,5 ponto
Espaço
A Ford deveria ter feito o Ecosport maior quando desenhou esta geração. Hoje ele é um dos menores da categoria por dentro, um tanto restrito em largura e no espaço para pernas no banco traseiro. 0,5 ponto
Agora o único Ecosport com tração integral, Storm recebe grade inspirada na da F-150 Raptor, faixas pretas, rodas escuras de 17 pol e capa de estepe
Porta-malas
A capacidade de bagagem de 362 litros é a mesma do Eco de tração dianteira: adequada, mas não das maiores da classe. O estepe externo facilita o uso, embora muitos não gostem. Incômoda é a tampa traseira aberta para o lado: requer muito espaço, é pesada, não protege o usuário da chuva quando aberta e pode bater no carro de trás ao se abrir, por não parar pela metade. 0,5 ponto
Desempenho
Revisto com injeção direta, o motor de 2,0 litros passou de 147 para 176 cv com álcool e obteve um ótimo torque. Associado a uma boa caixa automática, ele leva o Storm de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos com gasolina, pouco mais lento que o Titanium, que tem tração simples. O nível de ruído e vibrações do motor é moderado e há boa resposta em baixa rotação. Mudanças manuais podem ser feitas com comandos no volante, mas a Ford deveria rever a força de tração excessiva da caixa em marcha-lenta, como em paradas do trânsito. 1 ponto
Consumo
Motor potente, tração integral e a aerodinâmica de SUV fazem do Storm um carro pouco econômico. As marcas nos dois trajetos mais favoráveis ficaram pouco acima de 10 km/l de gasolina. Está próximo ao Renault Captur de 2,0 litros, mas bem atrás de Chevrolet Tracker, Honda HR-V e Nissan Kicks, todos com tração simples. 0,5 ponto
Interior melhorou em acabamento, bancos e instrumentos e ganhou tela de 8 pol para áudio e navegação; posição de dirigir é boa, mas com pouco espaço no banco traseiro; chave presencial e monitor de pneus vêm de série
Comportamento dinâmico
A tração integral opera sob demanda: reparte o torque entre frente e traseira conforme as condições de uso. Não existe seletor para o motorista. Pelo mostrador no painel, nota-se que a traseira recebe torque quando se acelera mais, mesmo no asfalto e sem perda de aderência. Isso favorece a atitude em curvas, que é um destaque do Storm: com pneus que aderem muito e bom acerto da suspensão traseira multibraço, parece mais um esportivo que um SUV. Só a frente poderia ter mais controle pelos amortecedores.
Em pisos irregulares o rodar é macio e sua absorção de lombadas merece elogios, mas discordamos da escolha dos pneus: o perfil baixo transmite mais os impactos, além de deixar as rodas mais vulneráveis a danos, e o rodar é ruidoso. Além disso, o desenho para asfalto não serve para lama: ele não atola, mas sai de lado facilmente. Ficaria melhor com os 16 de uso misto do Freestyle. Também gostaríamos de freios traseiros a disco. Já a direção está muito bem calibrada e há controle eletrônico de estabilidade e tração. 1 ponto
Desempenho do Storm satisfaz, caixa automática opera bem e tração integral contribui para a ótima estabilidade; escolha dos pneus inadequada ao fora de estrada
Segurança passiva
As versões de 2,0 litros do Ecosport mantêm o ótimo conteúdo de segurança passiva: bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras, de joelhos do motorista e de cortina, fixações Isofix para cadeira infantil, cintos de três pontos e encostos de cabeça para cinco ocupantes. 1 ponto
Custo-benefício
O Storm tem preço de lançamento de R$ 100 mil, ou R$ 3 mil acima do Titanium de tração dianteira e conteúdo similar. A diferença é atraente para quem se interessa pela tração integral. No segmento, as alternativas são o Renault Duster e o Jeep Renegade. O primeiro é mais barato (R$ 89.800) e espaçoso, mas perde bastante em conteúdo e só vem com caixa manual. O segundo, com motor a diesel e caixa automática, sai mais caro mesmo na versão Custom (R$ 107.290), que traz bem menos equipamentos que o Ford. Assim, apesar das limitações do conjunto, o custo-benefício do Storm nos parece muito bom entre os 4×4. 1 ponto
Equipamentos e preço
• Ecosport Storm (R$ 100 mil) – Alarme volumétrico, ar-condicionado automático, assistente de partida em rampa, bancos revestidos em couro, bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras, de cortina e de joelhos do motorista; câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso e partida, cintos de três pontos para cinco ocupantes, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque e abertura/fechamento a distância, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de neblina, faróis de xenônio com leds para luz diurna, faróis e limpador de para-brisa automáticos, fixação Isofix para cadeira infantil, monitor de pressão dos pneus, navegador, porta-luvas refrigerado, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 17 pol, sensor de estacionamento traseiro, sistema de áudio Sync 3 com integração a telefone e tela de 8 pol, teto solar com controle elétrico, volante com ajuste de altura e distância.
• Garantia: três anos sem limite de quilometragem.
Desempenho e consumo
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 11,7 s | |
0 a 120 km/h | 16,8 s | |
0 a 400 m | 18,1 s | |
Retomada | ||
60 a 100 km/h* | 7,0 s | |
60 a 120 km/h* | 12,1 s | |
80 a 120 km/h* | 8,6 s | |
Consumo | ||
Trajeto leve em cidade | 10,4 km/l | |
Trajeto exigente em cidade | 5,1 km/l | |
Trajeto em rodovia | 10,1 km/l | |
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 87,5 x 83,1 mm |
Cilindrada | 1.999 cm³ |
Taxa de compressão | 12:1 |
Alimentação | injeção direta |
Potência máxima (gas./álc.) | 170/176 cv a 6.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 20,6/22,5 m.kgf a 4.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | integral sob demanda |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 17 pol |
Pneus | 205/50 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,269 m |
Largura | 1,765 m |
Altura | 1,693 m |
Entre-eixos | 2,521 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 356 l |
Peso em ordem de marcha | 1.469 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 180 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND/10,7 s |
Consumo em cidade | 8,5/6,0 km/l |
Consumo em rodovia | 11,4/8,0 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |