Maior cilindrada e menos cv por litro indicam um Si mais civilizado que o
antigo, mas o câmbio manual de seis marchas permanece obrigatório
Motor girador, mas nem tanto
Como na antiga versão brasileira, o Civic Si tem um motor de aspiração natural que recorre a altas rotações e ao comando i-VTEC, variável em tempo e levantamento das válvulas, para obter elevada potência específica — embora essa característica tenha sido amenizada em favor do torque em baixas rotações. O nacional tinha cilindrada de 2,0 litros, potência de 192 cv a 7.800 rpm e torque de 19,2 m.kgf a 6.100 rpm. Agora são 2,4 litros, 206 cv a 7.000 rpm e 23,9 m.kgf a 4.400 rpm, ou seja, a potência por litro baixou de 96 para 81 cv. O limite de giros também está mais próximo de outros motores do mercado, 7.100 rpm, enquanto o antigo podia alcançar 8.000.
Comparado ao antigo ele tem melhor desempenho
nas saídas de curva e exige menos trocas
de marchas, mas sem a fartura de torque do GTI
Embora a Honda mantenha o lamentável padrão de omitir índices de desempenho, não se espera que o Si alcance as marcas do GTI, que acelera de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos e chega à velocidade máxima de 244 km/h, de acordo com a VW. O Civic tem menor potência (são 220 cv no concorrente), um abismo de torque a menos (ante 35,7 m.kgf de 1.500 a 4.400 rpm), peso pouco maior (1.359 ante 1.317 kg do Golf) e um câmbio que não pode igualar as trocas rapidíssimas do DSG do rival.
O câmbio do Si permanece manual de seis marchas com tração dianteira e diferencial autobloqueante, recurso já oferecido no anterior. No restante da mecânica ele se parece com o Civic de quatro portas, caso dos conceitos da suspensão e da assistência elétrica de direção, mas todo o conjunto foi revisto para atuação mais esportiva.
O caráter do motor mudou: há mais torque em baixos regimes, mas ele
não vai a 8.000 rpm nem mostra tanta sede de rotações quanto o antigo Si
A avaliação da imprensa com o novo Si foi na Fazenda Capuava, em Vinhedo, interior de São Paulo, onde há uma pista de corridas — um circuito bem seletivo, com curvas de diferentes raios e reta de comprimento razoável. A sensação esportiva trazida pela aparência externa e interna confirma-se ao se sentar, com um banco envolvente, do tipo que parece vestir. Com ajustes manuais simples, não é difícil encontrar posição confortável.
Acionado o motor (por que não um botão de partida?), do lado de fora nota-se um ronco forte, grosso, típico de esportivo, mas dentro o carro é bem silencioso. Ao sair, o arranque é mais forte do que a alta rotação de torque máximo faz esperar, ajudado pelas marchas curtas, que logo levam o motor a sua faixa de melhor desempenho. O 2,4-litros gira macio, com poucas vibrações, mas já não tem o caráter ousado do antigo 2,0, que parecia fraco em baixa e de repente fornecia um surto de potência.
No circuito foi possível sentir excelente aceleração (testes da imprensa nos Estados Unidos apontam menos de sete segundos para o 0-100 km/h). Comparado ao antigo Si, o torque bem mais alto do motor garante desempenho nas saídas de curva e exige menos trocas de marchas — claro que não se pode esperar a fartura de torque abaixo de 3.000 rpm que um motor turbo como o do GTI proporciona. São mesmo escolas distintas. O câmbio oferece trocas macias e precisas, como habitual na marca.
Comportamento em curvas continua um ponto alto do Civic esportivo, com
a calibração firme de suspensão e pneus de perfil baixo, 225/40 R 18
Muito bom o trabalho de ajuste da suspensão: o Si agarra nas curvas e passa muita confiança ao motorista, raramente levando o controle de estabilidade a intervir. Já a altura livre do solo — apesar de não termos andado em ruas — faz prever cuidado com valetas e lombadas, assim como a calibração firme dos amortecedores e o baixo perfil dos pneus permitem supor desconforto em certas condições de piso. Elementos a confirmar na futura avaliação aqui fora, no mundo real.
A volta de um esportivo à linha Honda no Brasil é uma boa notícia. O retorno do Civic Si, aprimorado em vários aspectos, é melhor. E a vinda de um cupê, opção tão rara em nosso mercado, melhor ainda. A lamentar, apenas a habitual sede excessiva ao pote da marca japonesa, que o posiciona em preço acima de um concorrente estabelecido e próximo a modelos de marcas de prestígio com atributos semelhantes.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo e levantamento |
Diâmetro e curso | 87 x 99 mm |
Cilindrada | 2.354 cm³ |
Taxa de compressão | 11:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 206 cv a 7.000 rpm |
Torque máximo | 23,9 m.kgf a 4.400 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 18 pol |
Pneus | 225/40 R 18 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,55 m |
Largura | 1,755 m |
Altura | 1,415 m |
Entre-eixos | 2,62 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem | 331 l |
Peso em ordem de marcha | 1.359 kg |
Dados do fabricante; desempenho e consumo não disponíveis |