VW Golf Variant retoma eficiência que andava esquecida

VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline

 

VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline

 
Instrumentos bem legíveis com mostrador digital no centro; teto solar panorâmico opcional; tela central serve a áudio, computador, navegação e câmera de manobras

 

Por outro lado, este foi o primeiro Golf que avaliamos com o controlador de distância até o tráfego adiante (item ainda não homologado no Brasil quando nosso hatch foi fabricado). Pode-se ajustar facilmente o intervalo à frente, assim como a resposta do sistema — por meio do seletor de modos —, e visualizar no mostrador central quando um veículo aparece no campo do radar, mesmo que seja uma motocicleta.

O sistema mostrou-se muito preciso, sem se confundir com veículos das faixas adjacentes quando a via tinha curvas suaves. Ele mantém-se ativo mesmo ao chegar a parar a Variant, mas apenas se o movimento for retomado de imediato: após alguns segundos, desarma-se e libera os freios. Caso não se queira usar o controlador, pode-se ainda assim manter o monitor de espaço à frente, que alerta caso seja necessário frear e aciona os freios se o motorista não agir (no caso de velocidades de uso urbano, chega a aplicar força total de frenagem).

Onde a Variant também repete o hatch, mas bem poderia ser diferente, é no espaço para quem viaja atrás. São boas acomodações para a cabeça e medianas para ombros e pernas, este um aspecto que a VW poderia aprimorar com um aumento da distância entre eixos — fácil hoje com a plataforma modular MQB, usada tanto nele quanto nela. Não chega a ser apertada para dois adultos e uma criança, mas pode incomodar se esses ocupantes e/ou os da frente forem mais altos. Além disso, o conforto para o passageiro central é precário.

 

VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline

 

VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline

 
Sensor do controlador de distância à frente (abaixo da placa), assistente de estacionamento e alavanca para rebater os encostos traseiros

 

O que realmente a diferencia, claro, é o amplo compartimento de bagagem com espaço para 605 litros (1.620 com banco rebatido), um aumento de 93% sobre os 313 do Golf hatch. A cobertura divisória da perua é de enrolar, bem projetada, e para liberar o rebatimento dos encostos traseiros (com divisão 60:40) basta acionar uma alavanca na lateral do próprio compartimento. Sob o assoalho está um estepe digno de colocar na estante da sala, com roda de alumínio e tudo, para seguir viagem sem restrições em caso de furo ou mesmo substituir em definitivo uma roda ou um pneu danificado.

 

Como a calibração priorizou as baixas e médias rotações, seu desempenho nas medições foi menos brilhante do que a agradável sensação ao dirigir faz esperar

 

Potência mediana, alto torque

Do ponto de vista mecânico a Variant é um Golf como qualquer outro, com um trem de força dos mais eficientes.Embora a potência de 140 cv do motor turbo de 1,4 litro represente queda de 30 cv em comparação ao 2,5-litros aspirado da Jetta, o torque em regime muito baixo a compensa em boa parte: 25,5 m.kgf de 1.500 a 3.500 rpm ante 24,5 m.kgf a 4.250 rpm da antiga. O carro também ficou bem mais leve que o antecessor, com 1.357 kg contra 1.515 kg da Jetta, embora a largura tenha aumentado (comprimento e altura pouco variaram).

O motor gira suave e silencioso e apresenta pouco retardo de atuação do turbo (lag), de modo a poder ser usado ao redor de 2.000 rpm no tráfego com desenvoltura. É bem mais rápido para “encher” que, por exemplo, o Fiat de mesma cilindrada e 152 cv usado em Punto e Bravo. Ciente disso, a VW calibrou o câmbio para efetuar mudanças em baixa rotação, o que concorre para seu baixo consumo. As trocas quase imperceptíveis fazem dessa caixa uma referência em termos de dupla embreagem.

 

VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline

 
O eficiente motor de 140 cv produz torque máximo desde 1.500 rpm; trocas imediatas do câmbio de sete marchas aproveitam bem a potência

 

Quando se pede mais potência, porém, o cinco-cilindros da antecessora deixa saudades: o motor deixa de ganhar ímpeto em certo regime, pois a calibração priorizou as baixas e médias rotações. Por isso seu desempenho nas medições do Best Cars — embora muito bom — foi menos brilhante do que a agradável sensação ao dirigir faz esperar, com aceleração de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e retomada de 80 a 120 km/h em 8,2 s com reduções automáticas. Em contrapartida, as marcas de consumo em nossos trajetos foram excelentes (veja abaixo os números e análise detalhada).

 

 

O câmbio pode operar também em programa esportivo, que mantém o motor “esperto” em regimes mais altos, e em operação manual, tanto pela alavanca seletora (toques para frente para subir marchas) quanto pelos comandos do volante. Em manual pode-se abrir quase todo o acelerador sem provocar redução, que só vem ao apertar o fim de curso; mudanças para cima permanecem automáticas no limite de giros. Com a alavanca em D os comandos do volante atuam, mas o câmbio volta a automático em seguida (em S, não).

Próxima parte

 

Desempenho e consumo

Nossas medições apontaram bons dotes de desempenho para a Golf Variant. Certamente para preservar a embreagem, a VW definiu que o motor não passa de 1.500 rpm quando se usa o método tradicional de arrancada com caixa automática, freando enquanto se acelera a fundo. Assim, ou se engata a primeira já com certa pressão no acelerador, o que melhora os tempos em alguns décimos de segundo, ou se acelera a pleno sem frear. Em qualquer caso as trocas automáticas são feitas a cerca de 6.000 rpm.

Comparada ao Golf hatch avaliado no ano passado, a perua foi um pouco mais lenta em todas as provas, como 0,6 segundo no 0-100 km/h e 2 s na retomada de 80 a 120 km/h (para este item é preciso considerar que alteramos ligeiramente nosso método de medição no fim do ano passado, o que explica algo como metade da perda). Seu consumo, embora ligeiramente mais alto que o do hatch, foi excelente para o tipo de carro, seu peso e o desempenho que oferece, com destaque para os 13,7 km/l obtidos no trecho urbano leve.

 

Aceleração
0 a 100 km/h 9,7 s
0 a 120 km/h 13,9 s
0 a 400 m 17,6 s
Retomada
60 a 100 km/h* 6,6 s
60 a 120 km/h* 10,4 s
80 a 120 km/h* 8,2 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 13,7 km/l
Trajeto exigente em cidade 7,1 km/l
Trajeto em rodovia 13,9 km/l
Autonomia
Trajeto leve em cidade 617 km
Trajeto exigente em cidade 320 km
Trajeto em rodovia 626 km
Testes efetuados com gasolina; *com reduções automáticas; conheça nossos métodos de medição

 

Dados do fabricante

Velocidade máxima 205 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 9,5 s
Consumo em cidade ND
Consumo em rodovia ND
Consumo de gasolina conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível

 

Comentário técnico

• Parte da família EA-211, que também compreende as unidades turbo e aspirada de três cilindros e 1,0 litro do Up e do Fox, o motor da Variant concentra técnicas modernas como injeção direta, turbocompressor, variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e bloco de alumínio. O acionamento do comando de válvulas usa correia dentada, solução que a Volkswagen prefere nos motores de menor cilindrada, pelo menor consumo de energia em comparação à corrente.

 

VW Golf Variant Highline
VW Golf Variant Highline

 

• O câmbio automatizado de dupla embreagem DSG (Direct Shift Gearbox, caixa de câmbio de engate direto, em inglês) usado na versão mantém as embreagens a seco, em vez de banhadas em óleo como a de seis marchas do Jetta TSI, que é dimensionada para maior torque. A ficha técnica aponta um fato inusitado: a relação de quinta marcha é mais curta que a da quarta. O aparente absurdo é explicado por duas relações de diferencial, uma (mais curta) válida de primeira a quarta marchas e a outra, mais longa, para quinta, sexta e sétima. Feitos os cálculos de velocidade por marcha, percebe-se o escalonamento normal.

• A exemplo do Golf hatch, a Variant adota a plataforma MQB (Modularer Querbaukasten, matriz modular de motor transversal, em alemão), ao contrário da perua Jetta anterior ou mesmo do Jetta sedã ainda produzido. Uma de suas vantagens é a facilidade de ampliação das dimensões para atender a carros mais largos e com entre-eixos mais longo, caso do novo Passat; outra é a redução de peso. Os conceitos das suspensões são os mesmos do modelo antecessor.

Ilustrações: divulgação

Próxima parte

 

Páginas: 1 2 3

Marcado: