O motor turbo de 1,4 litro ainda não veio, mas o sedã ganhou
mudanças de estilo e uma versão Trendline na base da linha
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Retoques visuais e uma versão mais acessível são as novidades do Volkswagen Jetta 2015, que começa a ser vendido ainda importado do México (ainda neste primeiro semestre será fabricado em São Bernardo do Campo, SP). São alterações tímidas, mas que a VW espera serem suficientes para manter sua competividade em um segmento bastante movimentado — nos últimos 18 meses ele recebeu novas gerações de Ford Focus, Nissan Sentra e Toyota Corolla, além do Citroën C4 Lounge.
Agora, além das versões Comfortline (com motor aspirado e flexível de 2,0 litros e caixa de câmbio automática de seis marchas — deixa de ser oferecida a manual) e Highline TSI (com o turbo a gasolina de 2,0 litros e câmbio automatizado DSG de dupla embreagem, também com seis marchas), o Jetta oferece o acabamento de entrada Trendline, com mecânica igual à do Comfortline.
Embora os preços das versões não tenham sido divulgados no lançamento à imprensa, a VW fala em cerca de R$ 75 mil para o Trendline. No modelo antigo, o Comfortline automático custava pouco menos (R$ 74.630) e o Highline partia de R$ 96.870 (confira os equipamentos de série e opcionais de cada um no quadro abaixo).
A inédita versão Trendline vem mais simples por dentro e abre mão
de itens de conforto e segurança; o motor é o 2,0-litros de antes
As novidades visuais do Jetta são pequenas e algumas só aparecem ao comparar o novo ao anterior. Na frente a grade ficou maior em altura, assim como a tomada de ar inferior cresceu, diminuindo a área lisa do para-choque, e os “bicos” que este formava na parte inferior estão mais sutis. Faróis com lâmpadas de xenônio para ambos os fachos e luz diurna por leds estão disponíveis no Highline. Na traseira, a tampa do porta-malas redesenhada deu novo formato à seção das lanternas implantada nela (a parte fixa aos para-lamas mudou apenas nos elementos internos e, no Highline, usa leds) e ao alojamento da placa de licença; o para-choque também é novo.
Ao sair com o Comfortline nota-se o ganho
de velocidade um pouco lento: os
116 cv são poucos para um sedã médio atual
No interior percebe-se de imediato o volante redesenhado. Outras novidades são o quadro de instrumentos, que coloca velocímetro e conta-giros em módulos destacados, e as formas do aparelho de áudio e dos comandos da área central. Mas foi só: pontos criticados desde o lançamento da atual geração, como os plásticos de aparência simples demais para o segmento que ele ocupa no mercado nacional, permanecem.
Nada de 1,4 turbo por enquanto
Apesar da expectativa de que o motor turbo de 1,4 litro do Golf seja convertido para flexível e passe a equipar o Jetta, isso ainda não se confirmou: continua o veterano 2,0-litros aspirado de duas válvulas por cilindro, herdado do primeiro Golf nacional (1998), para as versões Trendline e Comfortline ao lado do turbo de 2,0 litros e quatro válvulas com injeção direta do Highline. Na suspensão, molas e amortecedores traseiros foram recalibrados na linha 2015. Já há algum tempo a VW usa em toda a linha o sistema multibraço, que de início equipava apenas o Highline; o Comfortline usava eixo de torção para reduzir custos.
O Comfortline (aqui e no alto) mostra as alterações visuais, que incluem
a tampa do porta-malas; não veio o esperado motor 1,4-litro turbo
A VW promoveu uma breve avaliação do Jetta nas cercanias da fábrica de São Bernardo, na qual dirigimos as versões Comfortline e Highline. No primeiro, nada de extravagâncias no interior, com uma sobriedade típica dos alemães. O ar-condicionado de duas zonas aliviou muito no dia bem quente, mas para o passageiro do banco de trás se mostrou insuficiente. Por outro lado o espaço dos passageiros é bem amplo, assim como o porta-malas.
Ao sair nota-se o ganho de velocidade um pouco lento, talvez porque o câmbio troque de marcha em rotações bem baixas para favorecer o consumo. Se posicionado na opção de trocas manuais podem-se manter regimes mais elevados, mas o desempenho não convence: os 116 cv (com gasolina) são poucos para um sedã médio atual e o motor “acaba” cedo, com potência máxima a 5.000 rpm.
Já na estrada, a direção pareceu um tanto leve, o que tira um pouco da confiança nas mudanças rápidas de faixa — em compensação é bem suave para manobrar em baixa velocidade. Chamou atenção o nível de ruído e vibração ao rodar: a suspensão mostra-se áspera, transmitindo qualquer emenda de asfalto ou mudança de granulação do piso, embora o Jetta tivesse rodas de 16 pol (em tese, melhores para o conforto que as de 17). É um dado que merece ser verificado em avaliação completa.
O Highline TSI é o único a ganhar faróis de xenônio e leds como opções;
por dentro são novos volante, instrumentos, comandos e áudio
A troca pelo Highline permitiu sentir um carro mais equilibrado e interessante, a começar pelo interior com acabamento superior, incluindo pormenores como espuma nos apoios de braço das portas. Ao acelerar, o motor turbo faz toda a diferença: parece que o carro ficou mais leve, apesar de ser 76 kg mais pesado que o Comfortline. Além de acelerações muito mais vigorosas, o motor trabalha em regime mais baixo de rotação e ainda assim responde de imediato ao abrir o acelerador. A 120 km/h em sexta marcha o conta-giros marca 2.100 rpm.
Nas duas versões o câmbio tem opção de trocas pelos comandos no volante. No TSI, boa parte da diversão é justamente escolher a posição S (esportiva) e fazer as trocas pelas “borboletas”, levando o motor a altos regimes, nos quais se mantém suave. A assistência elétrica de direção favorece esse Jetta, com um volante suave em baixa velocidade, mas firme em alta, passando segurança nas trocas de faixa. Curiosamente, o topo de linha pareceu mais silencioso na rodagem e até mais macio, apesar das rodas 17 com pneus de perfil mais baixo.
Como se vê, o Jetta mudou pouco — e não aproveitou a oportunidade para sanar as falhas de acabamento ou substituir o motor superado —, mas a VW parece confortável quanto a mantê-lo competitivo na classe. Resta saber como ficarão os preços, que podem dar atrativo adicional à versão Trendline, uma vez que sempre há mercado para um bom produto vendido a um valor justo.
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Equipamentos de série e opcionais
• Jetta Trendline – Vem de série com câmbio automático de seis marchas, bolsas infláveis frontais e laterais dianteiras, fixação de cadeira de criança com sistema Isofix, rodas de alumínio de 16 polegadas com pneus 205/55, bancos revestidos em tecido, rádio/CD/MP3 com conexões USB/Ipod e para cartão SD, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, para-sois com espelho e iluminação, computador de bordo, bancos dianteiros com ajuste de altura, cintos traseiros de três pontos nos três lugares, ar-condicionado manual e banco traseiro com encosto bipartido. Não oferece opcionais.
• Jetta Comfortline – Idem ao Trendline, com acréscimo de interface Bluetooth para telefone, controlador de velocidade, retrovisores externos com aquecimento e luzes de direção, freios com distribuição eletrônica de frenagem (EBD), rádio com toca-CDs para seis discos e tela de 6,5 polegadas sensível ao toque, porta-luvas refrigerado e volante de couro com comandos de áudio, computador de bordo e mudanças de marcha manuais. Opcionais: pacote Exclusive (ar-condicionado automático de duas zonas, retrovisor interno fotocrômico, navegador integrado, revestimento dos bancos em couro sintético, rodas de 17 pol com pneus 225/45, faróis e limpador de para-brisa automáticos, acesso ao veículo sem o uso da chave e botão para partida do motor) e teto solar com controle elétrico.
• Jetta Highline – Idem ao Comfortline, com adição de bolsas infláveis do tipo cortina, alerta de perda de pressão dos pneus, ar-condicionado automático de duas zonas, bloqueio eletrônico do diferencial, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistência elétrica de direção (hidráulica nos outros), faróis e lanterna de neblina, revestimento dos bancos em couro sintético e rodas de 17 pol com pneus 225/45. Opcionais: pacote Exclusive (revestimento em couro, controlador de velocidade, retrovisores aquecidos, retrovisor interno fotocrômico e limpador de para-brisa automático), pacote Premium (como o Exclusive, mais banco do motorista com ajustes elétricos, faróis bixenônio com facho autodirecional, navegador integrado, acesso e partida sem chave) e teto solar elétrico.
Ficha técnica
Comfortline |
Highline TSI |
|
Motor |
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Posição | transversal | |
Cilindros | 4 em linha | |
Comando de válvulas | no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2 | 4 |
Diâmetro e curso | 82,5 x 92,8 mm | |
Cilindrada | 1.984 cm³ | |
Taxa de compressão | 11,5:1 | 9,8:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 116/120 cv a 5.000 rpm¹ | 211 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo | 17,7/18,4 m.kgf a 4.000 rpm¹ | 28,5 m.kgf a 2.000 rpm |
Transmissão |
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Tipo de câmbio e marchas | automático / 6 | automatizado de dupla embreagem / 6 |
Tração | dianteira | |
Freios |
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Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção |
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Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | hidráulica | elétrica |
Suspensão |
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Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal | |
Rodas |
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Dimensões | 6,5 x 16 pol² | 7 x 17 pol |
Pneus | 205/55 R 16² | 225/45 R 17 |
Dimensões |
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Comprimento | 4,659 m | |
Largura | 1,778 m | |
Altura | 1,473 m | |
Entre-eixos | 2,651 m | |
Capacidades e peso |
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Tanque de combustível | 55 l | |
Compartimento de bagagem | 510 l | |
Peso em ordem de marcha | 1.305 kg | 1.376 kg |
Desempenho |
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Velocidade máxima | 197/200 km/h¹ | 241 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,3/10,6 s¹ | 7,2 s |
Dados do fabricante; ¹ gasolina/álcool; ² como opção, medidas iguais às do Highline; consumo não disponível |