Honda Civic tem confiabilidade, mas com restrições

Honda Civic LXL 2012

 

Embora atual geração cative pela estabilidade, conforto e fácil
revenda, índice de satisfação dos donos fica abaixo da média da classe

Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: Fabrício Samahá e divulgação

 

Não é necessário dizer que o Honda Civic é um dos sedãs mais bem-sucedidos em nosso mercado: basta sair às ruas que esse êxito se evidencia. Apesar de ser um modelo médio — distante da faixa de preço dos carros de entrada —, seus números de vendas sempre foram muito respeitáveis, sobretudo após a evolução promovida pela Honda em 2006.

Mais que um carro bonito, o Civic também conquista os proprietários por outras qualidades, como confiabilidade, robustez, bom acerto do conjunto mecânico e facilidade de revenda. Todas essas características também estão presentes no arquirrival Toyota Corolla, mas com estilo mais conservador, o que de certa forma os distingue no mercado pelo perfil de público — distinção, porém, que pode estar por terminar com a nova geração do adversário, de linhas mais joviais.

 

 
O Civic LXS é a versão mais simples da atual geração e a única a manter
o motor de 1,8 litro; os instrumentos em dois níveis são padrão em todos eles

 

A atual geração do Civic — a nona desde seu lançamento e a quarta produzida no Brasil — foi lançada em novembro de 2011. Em termos de estilo era um aprimoramento à oitava geração (analisada no Guia de Compra em 2011), que cinco anos antes causou grande impacto frente à concorrência, deixando-a imediatamente ultrapassada. Aquele Civic tinha linhas esportivas, ousadas, com perfil semelhante ao de um cupê. A nona geração refinou esse espírito intempestivo, sem perder sua essência, e trouxe melhorias em segurança e conveniência.

 

O motor de 1,8 litro era o mesmo da geração
anterior, mas demorou pouco para a
Honda oferecer a alternativa do 2,0-litros

 

O Civic manteve três das quatro versões da geração anterior — foi descontinuada, infelizmente, a esportiva Si. A mais simples, LXS, vinha de série com bolsas infláveis frontais, freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), fixações Isofix para cadeiras infantis, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, alarme antifurto, ar-condicionado automático, direção com assistência elétrica, controle elétrico dos vidros com função um-toque, computador de bordo, abertura e fechamento dos vidros a distância, câmera traseira para manobras, rádio/toca-CDs com MP3, controles no volante, conexões USB e auxiliar, volante com regulagens de altura e distância revestido em couro, comando interno para porta-malas e bocal do tanque, apoios de braço centrais dianteiro e traseiro, banco traseiro bipartido em 60:40 e rodas de alumínio de 16 pol. O câmbio automático de cinco marchas era opcional.

A versão intermediária LXL incluía revestimento dos bancos em couro, faróis com acendimento automático, luzes indicadoras de direção nos retrovisores e acabamento da grade em preto brilhante (no LXS em preto fosco). Quando equipada com câmbio automático, contava ainda com comandos no volante para mudanças manuais de marcha.

 

 

 
Bancos de couro,  faróis automáticos e comandos no volante para trocas de
marcha 
diferenciavam a versão intermediária LXL nos modelos 2012 e 2013

 

O topo de linha, o Civic EXS, só estava disponível com câmbio automático e adicionava controles eletrônicos de estabilidade e de tração, bolsas infláveis laterais nos bancos dianteiros, faróis de neblina, tela sensível ao toque com navegador, interface Bluetooth para telefone celular, maçanetas externas cromadas e teto solar com controle elétrico. As rodas de alumínio, também de 16 pol, tinham desenho exclusivo.

 

 

Entre as novidades da nova geração estava o painel, que manteve os elementos digitais e analógicos em dois “andares”, agora com desenho mais sóbrio. Recurso interessante oferecido em todas as versões era o comando Econ, comandado por uma tecla no painel, que alterava configurações para melhorar o consumo — programando a troca das marchas em rotações mais baixas, atrasando a resposta aos comandos do acelerador, retardando as retomadas de velocidade pelo controlador e priorizando a recirculação do ar-condicionado.

O motor de 1,8 litro e quatro válvulas por cilindro, com potência de 139 cv (com gasolina) ou 140 cv (álcool), era o mesmo da geração anterior, mas demorou pouco para a Honda oferecer uma alternativa: em fevereiro de 2013, já antecipando (e muito) o modelo 2014 do Civic, vinha o 2,0-litros com 150 e 155 cv, na ordem. Também era novidade a extinção do sistema de partida a frio com tanque suplementar e injeção de gasolina: agora, se abastecido com álcool, o carro aquecia o combustível antes de ser ligado.

 

 

 
Controle de estabilidade, bolsas infláveis laterais, navegador e teto solar: restritos
ao Civic EXS, que com motor de 2,0 litros seria o EXR na linha 2014

 

As versões LXL e EXS foram renomeadas para LXR e EXR e só estavam disponíveis com câmbio automático de cinco marchas. A LXS manteve o nome, o sistema de partida a frio com “tanquinho” e o antigo motor, mas agora podia contar com câmbio manual de seis marchas, visando a economia e menor ruído em percursos rodoviários. Em termos de conteúdo, as duas versões inferiores receberam forração interna na tampa do porta-malas, a LXS ganhou interface Bluetooth, e a LXR, faróis de neblina.

A linha 2015 trouxe poucas novidades. De início foram oferecidas apenas as versões LXS, de 1,8 litro, e LXR de 2,0 litros — que recebeu rodas de 17 pol, nova grade com barra cromada inferior e outros faróis de neblina. Ambos ganharam painel com a parte superior em preto e acabamento metalizado em algumas seções. A renovação do EXR ficou para o Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro.

Próxima parte

 

 


O Civic intermediário, agora LXR, também se beneficiou da mudança

de motor para 2,0 litros e da eliminação do tanque auxiliar de partida a frio

 

Confiança na marca

De acordo com os relatos publicados no Teste do Leitor, os proprietários da geração atual do Civic pautam-se nas mesmas qualidades atribuídas a ele desde que o modelo começou a ser fabricado no Brasil: estilo, confiabilidade, robustez e conforto.

“O principal ponto positivo é a confiança pela marca. Todos que conheço que possuem um carro da Honda só elogiam. São positivos o desenho imponente, a estabilidade, o conforto, o espaço interno, o silêncio ao rodar, o sistema de multimídia completo com câmera de ré e a economia de combustível. O sistema Econ ajuda a economizar e o volante pequeno deixa o carro na mão”, destaca Robson Alves Sampaio, de Campinas, SP, dono de um Civic LXL 2013.

Samir Guizelini, de São Paulo, SP, possui um LXR 2014 e também elogia o carro: “É muito confiável, tem um excelente painel e a excelente combinação do motor 2.0 com o câmbio de cinco marchas. O ‘adeus’ ao tanquinho também é positivo, além do reconhecimento por voz para discagem automática do celular. Apresenta bom consumo, 14 km/l com gasolina com ar-condicionado ligado a 110 km/h”.

 

 
O LXS ganhou interface Bluetooth no modelo 2014, e o LXR, faróis de neblina, mas
o navegador integrado ao sistema de áudio continuou exclusivo do EXR

 

O leitor Ricardo, que roda por São José dos Campos a bordo de seu Civic LXS manual 2014, também está satisfeito: “Dirigibilidade é o ponto alto do carro. Ótima estabilidade, suspensão impecável, câmbio com engates curtos e rápidos, desenho muito bonito, interior excelente. A qualidade construtiva do carro salta aos olhos, ouvidos e tato (apesar dos plásticos duros do belo painel). Acredito que fiz uma ótima escolha”.

 

“Ótima estabilidade, suspensão impecável e
qualidade construtiva que salta aos olhos,
ouvidos e tato”, destaca um dos proprietários

 

Mesmo com a satisfação da maioria dos proprietários, há também aqueles que têm diversos aspectos negativos a destacar. Matheus, de Indaial, SC, critica a política da Honda só aplicar alguns itens à versão de topo: “Reservar o controle de estabilidade e as bolsas infláveis laterais apenas para o EXR é um aspecto negativo. Itens de segurança não devem ser tratados como fatores de posicionamento de versões”. Ele possui um Civic LXS manual 2014.

Paulo Rogério Martins, de Ribeirão Pires, SP, tem um LXR 2014 e fez uma lista dos aspectos negativos: “Os retrovisores externos ficam numa posição ruim de visualizar: poderiam ser fixados mais à frente. A suspensão é muito dura, sente-se e ouve-se as irregularidades do asfalto. O reservatório do líquido do arrefecimento fica num local péssimo, embaixo da bateria. Preciso de lanterna para verificar o nível. Falta iluminação no console e na tomada de 12V e entrada auxiliar mais próxima ao câmbio. O farol é muito fraco, tem pouco alcance e o alarme não faz ruído ao ativar. O manual tem erros de português e não é bem detalhado. Por fim, falta indicador de temperatura do motor”.

 

 

 
Grade, tomada de ar, rodas de 17 pol e painel em preto eram as novidades do
Civic 
LXR para 2015; o EXR foi guardado para o Salão de São Paulo 

 

Quanto aos defeitos apresentados, destacam-se problemas na geometria da suspensão e no alinhamento da direção, na espuma do encosto do banco traseiro, rangidos no banco do motorista, perda de líquido do arrefecimento, rangidos e trepidações na janela do motorista e no console central, defeito na tomada da terceira luz de freio e ruídos nas pinças de freio dianteiras.

 

 

Apesar da boa reputação no mercado, o índice de satisfação dos donos de Civic está da média para baixo no segmento: 74,4% estão muito satisfeitos com o carro, índice abaixo dos 90,5% do Renault Fluence, 89,2% do Volkswagen Jetta (geração anterior), 85% do Fiat Linea, 84,6% do Kia Cerato anterior, 82,6% do Nissan Sentra anterior e 76,6% do Ford Focus anterior (hatch e sedã), mas superior aos 73,3% do Toyota Corolla anterior e 69% do Peugeot 408.

Em contrapartida, o mesmo grau de satisfação alcança 69,2% dos donos em relação às concessionárias, acima de Corolla (56,7%), Fluence (52,4%), 408 e Focus (50%), Jetta (48,6%), Cerato (48,1%) e Sentra (42,7%). Apenas o Linea, com 72,5%, superou o Honda (percentuais obtidos para cada Guia de Compra, desde 2011,  e que podem não refletir a situação atual).

Veja opiniões dos donos Opine sobre seu carro

 

Custos de manutenção

Concessionária

Mercado paralelo

Disco de freio (par) R$ 620 R$ 175
Pastilhas de freio dianteiras (par) R$ 245 R$ 125
Amortecedores (jogo de 4) R$ 1.360 R$ 945
Pneus (Bridgestone Turanza ER300, 205/55 R 16, cada) R$ 390
Para-lama dianteiro (cada) R$ 640 R$ 250
Para-choque dianteiro R$ 790 R$ 275
Farol (cada) R$ 1.050 R$ 330
Mão de obra (hora) ND
Preços médios para Civic LXS 1,8 16V 2012 obtidos pelo Sistema Audatex (concessionária) e lojas de autopeças, em pesquisa em setembro de 2014; não envolvem instalação e pintura quando cabível; ND = não disponível

 

Cotações de seguro

Custo médio

Franquia média

  • Civic LXL 1,8 16V automático 2013
Alto risco R$ 12.200 R$ 3.710
Médio risco R$ 3.640 R$ 3.470
Baixo risco R$ 1.630 R$ 3.225
Custos médios obtidos em pesquisa da Depto Corretora de Seguros em set/14; conheça os perfis

 

Satisfação dos proprietários

Carro

Concessionárias

Muito satisfeitos 74,4% 69,2%
Parcialmente satisfeitos 12,8% 20,6%
Insatisfeitos 12,8% 5,1%
Não utilizam 5,1%
Estatística obtida no Teste do Leitor com 29 proprietários até set/14

 

Compare as versões

Versão

Faixa de preço

Anos-modelo

Civic LXS 1,8 16V Flex manual R$ 51,815 a R$ 59.325 2012 a 2015
Civic LXS 1,8 16V Flex aut. R$ 56,605 a R$ 62.415 2012 a 2015
Civic LXL 1,8 16V Flex manual R$ 53,965 a R$ 60.220 2012 e 2013
Civic LXL 1,8 16V Flex aut. R$ 57,850 a R$ 61.410 2012 e 2013
Civic EXS 1,8 16V Flex aut. R$ 64,560 a R$ 67.690 2012 e 2013
Civic LXR 2,0 16V Flex aut. R$ 64,620 a R$ 67.050 2014 e 2015
Civic EXR 2,0 16V Flex aut. R$ 74.640 2014
Preços fornecidos pela FIPE e válidos para set/2014

 

Combustível

Potência

Torque

  • Motor 1,8 16V Flex
gas. 139 cv 17,5 m.kgf
álc. 140 cv 17,7 m.kgf
  • Motor 2,0 16V Flex
gas. 150 cv 19,3 m.kgf
álc. 155 cv 19,5 m.kgf
D não disponível

 

 

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