Pelas mãos do grego que desenhou o Alfa 147, o quarto Legacy
apostava em linhas mais europeias e melhorava em aerodinâmica
Ao gosto do Velho Mundo
Um desenho mais europeu destacava a quarta geração do Legacy, apresentada em maio de 2003 no Japão e em janeiro seguinte nos EUA. Elegante com as formas elaboradas pelo grego Andreas Zapatinas — que participara de desenhos como os de Fiat Coupé e Alfa Romeo 147 enquanto trabalhava para o grupo italiano —, o sedã vinha com estrutura mais rígida, ótima aerodinâmica (Cx 0,28), comprimento e entre-eixos maiores (4,64 e 2,67 m) e o câmbio automático de cinco marchas com modo manual Sportshift em mais versões.
Mais largo que 1,70 m (media 1,73 m), o Legacy pela primeira vez não se enquadrava como carro compacto pelos padrões japoneses, o que acarretava maior tributação. Naquele país, seu título de Carro do Ano foi inédito para a marca. A perua fora de estrada agora se chamava Outback também no país do Sol Nascente e, como antes, havia um sedã com o mesmo conjunto para os EUA. A concorrência ainda incluía Accord, Maxima, Galant e Camry, mas havia também o Mazda 6 e os europeus Audi A4, Citroën C5, Ford Mondeo e Renault Laguna, além de atualizados Vectra e Passat.
Sedã e perua ofereciam motores de 2,0 a 3,0 litros e de 140 a 265 cv,
com até seis marchas no câmbio manual e cinco no automático
O novo motor turbo de 2,5 litros e 250 cv, o mesmo usado nos EUA pelo Impreza WRX, garantia um tempero esportivo. Outras opções eram os 2,0-litros aspirados de 140 cv (comando único) e 170 cv (duplo), o 2,0 turbo de 235 cv (com câmbio automático) ou 265 cv (manual) para o Japão, o 2,5 aspirado de 165 cv e o H6 de 3,0 litros, que passava a 250 cv. Nos EUA apenas versões 2,5, com e sem turbo, e H6 estavam no catálogo. Câmbios manuais de cinco e seis marchas e automáticos de quatro e cinco marchas eram oferecidos.
Em 2008 surgiam o primeiro boxer a
diesel para o mercado europeu e o Eye Sight,
que mantinha distância segura à frente
A revista Automobile comparou-o nos EUA ao Accord e ao Mazda 6: “Chama atenção o painel, que parece transplantado do BMW Série 3. O estilo continua pelo interior, uma classe acima da concorrência. Se o rodar do Mazda é muito duro e o do Honda macio demais, o do Subaru está exato. O tom do motor é uma delícia aos ouvidos e há mais potência em baixa que nos competidores. Sem a emoção do Mazda, o Subaru demonstra um nível superior de refinamento e um agradável equilíbrio geral”.
Como de hábito, versões apimentadas não faltavam. O nome Blitzen reaparecia em 2004 em sedã e perua com motor 2,0 turbo, rodas de 18 pol, suspensão esportiva e um visual que incluía para-choques e grade dianteira diferenciados. Pouco depois vinha a edição especial WR Limited, com a combinação de pintura azul e rodas douradas que já havia feito fama no Impreza STI. Outra série, a GT Spec B STI, era apresentada em 2005 com rodas 18, amortecedores Bilstein e freios da italiana Brembo. Ambas mantinham o motor do Blitzen.
O esportivo B4 Blitzen reaparecia com motor 2,0 turbo, rodas 18 e
visual esportivo; em azul, a perua GT Spec B com toques da STI
Mudanças visuais eram aplicadas a toda a linha em 2006, envolvendo grade, faróis, para-choques, para-lamas dianteiros e lanternas traseiras. A edição L.L. Bean voltava a ser oferecida na Outback. A série GT Spec B passava a combinar o motor H6 a rodas de 18 pol, navegador, revestimentos em couro e camurça sintética, ajuste elétrico do banco do motorista e amortecedores Bilstein. O diferencial traseiro Torsen ajustável do Impreza STI era empregado no ano seguinte, assim como a seleção entre três modos de uso — Intelligent, Sport e Sport Sharp —, que controlava a potência e a resposta do acelerador.
No teste da Motor Trend, o GT Spec B mostrou versatilidade: “Em modo Intelligent o carro fica suave no tráfego e até 10% mais econômico. Sport fornece uma aceleração potente e linear, com resposta mais rápida ao acelerador. Sport Sharp é ideal para dirigir rápido em serras e para ultrapassagens”. Em comparação ao Mazdaspeed 6, a mesma revista destacou a aceleração (de 0 a 96 km/h em 5,4 segundos ante 5,8 s) e o espaço interno superior: “Apesar da estabilidade, do estilo e do preço do Mazda, o mais rápido e espaçoso Legacy é a melhor escolha — ele fornece uma experiência mais fácil e desfrutável no uso diário”.
No Japão, outra edição limitada era a GT STI, para sedã e perua, com motor 2,5 turbo de 265 cv, rodas 18, amortecedores Bilstein e freios Brembo. Em 2008 surgiam o primeiro motor boxer a diesel — um 2,0-litros de 150 cv para o mercado europeu — e o sistema Eye Sight, que monitorava o trânsito adiante, mantinha distância segura e alertava o motorista do risco de colisão ou atropelamento. A perua normal e o sedã Outback deixavam o mercado norte-americano.
A edição S402 STI, em cima, foi o mais potente Legacy da geração com
285 cv; embaixo, a Outback L.L. Bean e o interior da mesma perua
O Legacy mais potente dessa geração foi a série S402 STI para o Japão, também de 2008, que adotava turbina de duplo fluxo no motor 2,5 para obter 285 cv e 39,3 m.kgf. O atraente pacote visual abrangia defletor dianteiro de fibra de carbono, para-lamas alargados e rodas BBS de 18 pol com pneus 235/40. Vinha ainda com bancos dianteiros do tipo concha, volante Momo, câmbio manual de seis marchas cedido pelo Impreza STI, freios Brembo e amortecedores Bilstein na suspensão, acertada no circuito alemão de Nürburgring. A edição teve apenas 402 unidades entre sedã e perua.
A inglesa Auto Express avaliou-a: “Respostas de acelerador, direção e freios são instantâneas. Há um forte empurrão em baixa rotação e o motor soa agradável enquanto sobe rumo à faixa vermelha. E mais: este Legacy é quase tão rápido quanto o mais leve Impreza STI. A Subaru mostrou excelente atenção aos detalhes, tornando o carro uma brilhante máquina de dirigir. Ele é rápido, divertido e bonito”.
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Os conceitos
A partir da perua Legacy de terceira geração, no Salão de Tóquio de 2001, a Subaru fez o estudo Avignon, nome de uma região no sul da França. O modelo azul recebeu pacote aerodinâmico, rodas especiais e bancos em tom marrom. O motor era o 2,5 aspirado.
Pouco antes de sair a quinta geração, um ousado Legacy prateado aparecia no Salão de Detroit em janeiro de 2009. Grandes rodas, tomadas de ar, faróis escuros e uma chamativa iluminação azul nos instrumentos conferiam um ar mais futurista que o do modelo de produção.
Para o Sema Show de 2009 — evento de carros preparados em Las Vegas, nos EUA —, a própria Subaru elaborou versões especiais da quinta geração. O sedã Legacy GT VIP tinha acessórios visuais, rodas de 20 pol, suspensão pneumática e dois bancos traseiros individuais, além de sistema de áudio e vídeo sofisticado. O motor turbo de 2,5 litros e 265 cv era original. Por sua vez, a perua Legacy GTK era uma GT de 2,5 litros com preparação para 300 cv, rodas HRE de 19 pol, amortecedores Bilstein, freios com pinças Brembo, um interessante pacote visual e bancos do tipo concha em vermelho e preto.
A sexta geração também surgiu como conceito, no Salão de Los Angeles de 2013, meses antes do lançamento. Apesar das linhas básicas similares, o estudo prateado ousava mais nos para-choques, faróis, lanternas e rodas, o que causaria certa decepção quando o modelo de produção fosse apresentado.
No evento de carros modificados Tokyo Auto Salon 2015, na capital japonesa, aparecia um novo B4 Blitzen como conceito, com para-choques redesenhados, aerofólio, rodas de 19 pol e interior com couro bege. Contudo, não foram informadas alterações no motor boxer de 2,5 litros para combinar com o visual esportivo.
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