O GTI (em vermelho) passava a 2,0 litros, mas a sensação era o VR6 (no
alto), com motor V6 de 2,8 litros em ângulo estreito (15°) com 174 cv
E o Golf VR6 andava muito bem: com 2,8 litros, 174 cv e 23,9 m.kgf, alcançava 225 km/h e acelerava de 0 a 100 em 7,6 segundos. Dotado de rodas BBS de 15 pol, pneus 205/50 e controle eletrônico de tração que atuava como diferencial autobloqueante (o primeiro na marca), ele podia enfrentar carros do calibre de um BMW 325i. De fato, a intenção da VW era atender a um público habituado à suavidade dos seis-em-linha de Munique e não aos adeptos da pura esportividade, que continuavam a dispor do GTI.
A inglesa Autocar & Motor fez a comparação ao 325i: “O desempenho do Golf é o mais acessível: o VR6 empurra forte mais cedo e assume um som vigoroso ao apertar o pedal, e o carro tem uma transmissão muito mais favorável ao motorista. A vitória é inequívoca: o Golf é mais rápido, econômico e divertido de dirigir (especialmente para aqueles acostumados a carros de tração dianteira), mais refinado em vários aspectos e mais barato. Tem maior espaço interno, mais praticidade e um motor com tanto caráter quanto o do BMW. É realmente o primeiro de uma nova espécie”.
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Os especiais
O Golf e seus derivados sempre foram alvo de preparadores no mundo todo. A alemã ABT, uma das mais experientes quando se trata de Volkswagen, lançava já em 1976 um Golf GTI com extensões nos para-lamas, para abrigar rodas largas com pneus 205/60 R 13, e defletor dianteiro. O motor 1,6 foi levado a 163 cv com turbo, o que permitia acelerar de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos. A proposta para o Golf convencional incluía quatro faróis circulares, para-choques envolventes e aerofólio traseiro a meia altura do vidro.
O GTI da também alemã Oettinger, de 1981, trazia o motor 1,6 com cabeçote de quatro válvulas por cilindro e comandos de válvulas “bravos” Dr. Schrick para alcançar 136 cv e acelerar de 0 a 100 em 7,6 s. A preparadora fundada em 1951 antecipou-se à própria VW, que só ofereceria 16 válvulas no Golf II.
Partindo da versão norte-americana Rabbit, a Neuspeed criou em 1980 o Thunder Bunny com motor 2,0-litros e algumas peças da Oettinger. Deu tão certo que, de acordo com a Motor Trend, ele era o carro de tração dianteira mais rápido dos EUA: de 0 a 96 km/h em 7,2 s. A mesma aceleração era obtida pelo Golf GTI Callaway Turbo, obra da preparadora conhecida nos EUA por seus Chevrolets Camaro e Corvette. O motor 1,8 passava a 130 cv. A suíça Rinspeed ofereceu um GTI turbo aos europeus, ainda com a unidade 1,6.
A Rieger fez versões interessantes como Golf GTO e Golf Cabrio GTO, com para-lamas alargados e rodas de 15 pol com pneus extralargos 285/40 na traseira. Outro trabalho visual foi o da Kamei, com quatro faróis retangulares, defletores e para-lamas alargados. O Golf Z2 da Zender, por sua vez, tinha quatro faróis circulares.
A partir do conversível a Carrozzeria Pavesi apresentou na Itália em 1982 um interior luxuoso, digno de Rolls-Royce. O Golf recebeu painel, console, parte das portas e volante revestidos em madeira de lei, bancos de couro marrom e instrumentos adicionais, além de controle elétrico da capota. Por fora, apenas rodas esportivas diferenciavam a versão.
Outra italiana, a Biagini Passo, deu ao conversível um ar de jipe. Seu Golf Country Cabrio tinha suspensão elevada, rodas maiores, frente e traseira reestilizadas, proteção frontal (quebra-mato), alargadores de para-lamas e estepe preso à traseira. Foi produzido de 1991 a 1993, já no fim da fabricação do modelo original, usando a tração integral do Golf II Country.
O primeiro Jetta também ganhou versões conversíveis. A parceira Karmann fez um protótipo que hoje faz parte da coleção do museu da VW em Wolfsburg. A Autohaus aplicou a frente e a traseira do sedã à carroceria do Golf Cabrio. Outra, a Artz, fez o Jetta aberto em duas opções: Cabrio, com barra transversal de reforço (“santantônio”), e Super Cabrio, que dispensava tal elemento. Para o Golf Cabrio a firma oferecia a conversão em Speedster, com para-brisa e capota 10 cm mais baixos e um aspecto bem mais esportivo.
Os mais ousados Golf 1, porém, foram o GTI da suíça Sbarro e o GL da mesma Artz. No primeiro, um motor de seis cilindros opostos e 3,3 litros e 330 cv de Porsche 911 Turbo foi instalado em posição central-traseira, assim como o eixo traseiro veio do superesportivo; o câmbio era de BMW M1. Toda a carroceria erguia-se para amplo acesso à nova mecânica. O Golf recebeu também rodas de 15 pol com pneus traseiros 225 e freios a disco ventilado à frente e atrás.
A Artz preferiu adotar a um Golf pacato toda a mecânica do Porsche 928, do V8 dianteiro de 4,6 litros e 300 cv às rodas. O curioso foi a carroceria ser alargada em 30 cm para abrigar o volumoso motor entre as torres de suspensão, mas mantendo o desenho original.
A segunda geração contava com alterações pela ABT e pela Oettinger, com frente de quatro faróis circulares. No caso do GTI da ABT, os para-lamas largos lembravam os de carros de rali da época. A Zonker aplicava ao GTI da época um defletor frontal pronunciado e para-lamas alargados. Outras opções vinham da Zender e da Votex, que aplicavam quatro faróis retangulares, molduras de para-lamas, defletores e rodas esportivas.
A BB foi além: em 1984 lançava para o GTI para-lamas abaulados como os de rali, defletores, volante com comandos e um futurista painel digital. A Kamei revelava em 1990 seu GTI Dynamite, com quatro faróis circulares, novos para-choques, molduras de para-lamas e rodas esportivas. Itens similares estavam disponíveis para o Golf comum, sob a designação X1, e para o Country como o pacote Sahara.
Pela Oettinger, o VR6 de 2,8 litros lançado com a terceira geração passava a render 210 cv, para cumprir o 0-100 em 6,8 s e alcançar 230 km/h. O pacote visual da ABT compreendia para-choques com defletor, nova grade, saias laterais e alagadores de para-lamas.
A alemã Hofele apresentava em 1994 um Vento conversível, usando componentes do Golf Cabrio, mas a iniciativa não chegou ao mercado. Para o Golf sua personalização incluía para-choques, defletor de teto, rodas especiais e a mudança da placa traseira para o para-choque.
A ABT não demorou a revelar, em 1998, sua preparação para o Golf de quarta geração. Além de nova grade, defletor dianteiro e saias laterais, o carro ficava 35 mm mais baixo e as rodas podiam ter até 17 pol com pneus 225/45. O motor 1,8-litro turbo podia alcançar 235 cv e o diesel de 1,9 litro chegava a 132 cv. Também para o 1,8, o pacote Neuspeed alterava turbo, resfriador de ar, admissão e escapamento para atingir estimados 280 cv. O Golf perdia o banco traseiro, mas ganhava dianteiros da Recaro e novos instrumentos.
A Oettinger retrabalhava o motor 1,8 turbo do GTI 2001, que chegava a 195 cv, o bastante para 0-100 em 7,5 s e máxima de 225 km/h. O carro ganhava novos para-choques, grade, saias laterais e rodas esportivas. Mais tarde o motor foi levado até 230 cv e surgiram opções para as unidades a diesel, como 175 cv para o 1,9-litro.
O Golf 4 mais radical já construído parece ser o da Dahlback Racing, de Borlänge, Suécia. O motor Audi de 2,1 litros e cinco cilindros foi preparado para obter entre 600 e 900 cv, de acordo com a pressão de turbo, e torque de até 86,7 m.kgf. O desempenho anunciado: 350 km/h de máxima e 0 a 100 km/h em 4,5 s. O super-Golf ganhou ainda câmbio sequencial de seis marchas, rodas de 20 pol com pneus 285/30, tração integral Quattro com diferencial central, freios de alto desempenho e suspensões de Audi com uso de magnésio e alumínio. Fibra de carbono foi usada no capô, para-choques e por todo o interior, para alívio de peso; os bancos Recaro tinham cintos de seis pontos e os vidros deram lugar a plástico.
O quinto Golf ganhou o pacote VS4 da ABT, com novos para-choques, saias, defletores e rodas de 19 pol, que podia ser aplicado também à Variant. Na versão VS4 R o visual era ainda mais esportivo (com direito a portas-tesoura ao estilo Lamborghini) e, no motor de 2,0 litros do GTI, a potência subia de 200 para até 270 cv. O GTI da Oettinger atingia entre 235 a 330 cv; este permitia 0-100 em 5,8 s e máxima de 270 km/h. Anexos aerodinâmicos, rodas de até 19 pol e freios especiais constavam do catálogo.
A suíça Sportec apresentava em 2006 o RS 240, um Golf GTI que tinha o motor 2,0 turbo modificado para 300 cv e 41,8 m.kgf, o bastante para 0-100 em 5,8 s e máxima de 268 km/h. Rodas de 19 pol também eram aplicadas. A Hofele Design fez um interessante GTI com para-choques e laterais modificados. Outros trabalhos sobre essa geração foram os de H&R, JE Design, JMS, Koenigseder, Mattig, MS Design, MTM e Senner Tuning.
O Jetta apareceu no Sema Show de 2005, nos EUA, na versão R GT elaborada pela VW e a HPA Motorsports. O motor VR6 de 3,2 litros cedido pelo Golf R32 ganhou dois turbos para alcançar 550 cv. Outros elementos eram rodas de 19 pol, suspensão esportiva, freios Brembo, pacote aerodinâmico e bancos Recaro.
O GTI da sexta geração passava em 2009 pela preparação da ABT. O 2,0-litros pulava de 210 cv para 260 ou 300 cv com novos turbo e escapamento; de 0 a 100 km/h bastavam 6 s na versão mais “brava”. O esportivo ganhava ainda suspensão mais baixa e firme, rodas de até 19 pol, freios redimensionados e um conjunto estético. Outros Golfs podiam receber o pacote VS4.
A B&B deixava ainda mais exclusiva a série Edition 35 do GTI em 2011. O motor turbo de 2,0 litros chegava a até 362 cv, para 0-100 em 4,7 s e máxima de 278 km/h. Rodas de 19 ou 20 pol, suspensão recalibrada e freios especiais também eram oferecidos. No mesmo ano, a Siemoneit Racing levava o Golf R a quase o dobro de seus 270 cv originais — nada menos que 530 cv — e aplicava capô em fibra de carbono. Mais empresas que retrabalharam o Golf VI foram BBM Motorsport, Caractere, CFC, JE Design, Lexmaul, McChip-DKR, MR Car Design, MTM (com pacotes para o GTI, o GTD turbodiesel e o R), RCX Racedesign, Rieger, SKN, Sportec, Wimmer e Wunschel Sport.
Para o Jetta, o Sema Show de 2013 mostrou as versões Racer’s Dream in Black and White, da FMS Automotive, e Helios Special Edition GLI Tribute. O primeiro tinha motor 2,0 turbo preparado para nada menos que 425 cv, molas e amortecedores H&R, rodas TSW de 19 pol e freios Brembo. O outro vinha com motor 1,8 turbo, pacote aerodinâmico, rodas de 19 pol, freios de Golf R, bancos dianteiros Recaro e, na alavanca de câmbio, o clássico pomo em forma de bola de golfe.
A alemã BBM Motorsport revelava em 2014 seu Golf GTI de sétima geração com alterações para chegar a 300 cv, freios Stoptech de alto desempenho e molas KW com ajuste de altura em até 55 mm. O carro recebeu ainda rodas BBS de 19 pol. A ABT propôs o GTI Dark Edition, em preto com detalhes em vermelho, ao lado de rodas de 20 pol e novos defletores. O motor 2,0 turbo subia de 230 para 300 cv a fim de levar o hatch de 0 a 100 em 5,8 s.
A Oettinger preparou a versão R, cujo motor 2,0 turbo alcançava 400 cv para 0-100 em 4 s e máxima de 280 km/h. Opções de 360 e 380 cv também estavam disponíveis. O Golf recebia ainda novos defletores e saias laterais, rodas de 19 ou 20 pol, escapamento mais livre com quatro saídas e freios de alto desempenho. Outra opção para o Golf R era a da B&B: o mais potente dos três estágios levava-o a 420 cv. Havia ainda molas e amortecedores reguláveis, rodas de 20 pol para uso de pneus 235/30 e freios de alto desempenho.
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