Desfilando à beira-mar, acelerando forte ou devorando
curvas, esse belo conversível nunca destoa do ambiente
Texto: Fabrício Samahá – Fotos do autor e de Paulo Keller
Existe uma magia em torno dos conversíveis. Nada se compara a eles em um passeio de fim de tarde, em uma estradinha junto ao mar, ou em uma viagem a céu aberto pela montanha, sentindo aquele frescor da natureza que costumamos deixar de fora de nossos carros fechados e refrigerados. Mas, como em qualquer tipo de automóvel, há entre os conversíveis aqueles especiais sob todos os aspectos — como o Audi S5 Cabriolet.
Colocar as mãos nesse belo quatro-lugares da marca de Ingolstadt, um dos carros de sonho que o Best Cars avaliou para sua edição de aniversário de 15 anos (veja também o Mercedes-Benz SLS AMG Roadster), significa desembolsar R$ 387.900. Muito para um carro que não serve para todo tipo de uso? É certo que sim, mas alguns prazeres na vida não têm preço.
Como acontece com quase todo modelo da Audi — do A3 ao A8 —, a substituição da letra “a” pela “s” na denominação representa a versão esportiva, retrabalhada para maior desempenho em termos de potência e comportamento dinâmico. Não é diferente com o S5, que deriva do A5 (também disponível como conversível) e tem como um dos destaques o uso de motor V6 de 3,0 litros com compressor de acionamento mecânico Roots. Isso mesmo, compressor e não turbo, apesar de ter sido mantida a designação TFSI, na qual FSI significa injeção (direta) de combustível com mistura estratificada.
Rodas de 18 pol, retrovisores de alumínio e outros detalhes trazem esportividade
ao belo desenho do S5 Cabriolet; a capota de tecido pode vir em quatro cores
Se o estilo do A5 Cabriolet já seduz, o do S5 ganha um exato tempero esportivo, aplicado com discrição. São rodas de 18 pol de belo desenho, detalhes na grade dianteira, saias laterais, capas de retrovisores em alumínio e quatro saídas de escapamento — nada de aerofólio ou outros adereços que pudessem afetar a pureza das linhas. Como no A5, o arco do para-brisa vem em tom de alumínio e as faixas de leds criam um interessante contorno nos faróis, que trazem de cada lado um só refletor elipsoidal para ambos os fachos com lâmpada de xenônio e função autodirecional. As lanternas traseiras também usam leds.
Diante da clara tendência ao teto rígido retrátil, hoje usado desde conversíveis de menor preço até em supercarros como o Ferrari California, pode parecer antiquada a opção da Audi por uma capota de material macio — um tecido que lembra o brim usado em calças. A marca justifica tal escolha com vários argumentos: menor peso, ausência de emendas no teto, aparência típica de conversível quando fechada, menos espaço ocupado quando aberta e maior harmonia no desenho do carro, já que o teto rígido costuma implicar uma tampa de porta-malas comprida.
Disponível em quatro cores, a capota do S5 pode ser aberta ou fechada em apenas 15 segundos, mesmo rodando a até 50 km/h, ao simples acionamento de um comando no console. Outro faz abrir ou fechar os quatro vidros laterais em simultâneo. Com ótimo isolamento térmico e acústico promovido por uma camada de espuma de 15 mm, a capota especial usada no esportivo (opcional no A5 Cabriolet) traz até mesmo luzes de leitura por leds para o banco traseiro.
Esse Audi chega perto de R$ 400 mil, mas o esmero percebido em sua construção,
no acabamento e nos atributos técnicos deixa a sensação de que vale cada centavo
A Audi é hoje uma referência na criação de interiores, que conseguem expressar requinte e qualidade sem deixar de ser funcionais. Não é diferente com o S5 Cabriolet, a começar pelo painel com tudo bem desenhado, no qual chama atenção a ampla tela multifunção na parte central. Sistemas de áudio, vídeo (DVD) e navegação, ajustes de ar-condicionado, uso do telefone pela interface Bluetooth, configurações em geral e o dispositivo Drive Select são controlados pela tela e pelo conjunto de comandos no console central, cuja operação não requer mais que um breve aprendizado. Funções de uso frequente, como volume e estação ou faixa de áudio, têm botão separado.
Pode parecer antiquada a opção da Audi por uma capota de material macio, mas ela resulta em menor peso, menos espaço ocupado quando aberta e maior harmonia no desenho do carro
O Drive Select, já conhecido de modelos como o A4, permite fácil configuração de diversos elementos mecânicos ao toque de um botão no painel — ou do comando no console, com mais opções de uso. Mapeamento da central eletrônica do motor, pontos de trocas automáticas do câmbio, nível de ruído do escapamento e assistência da direção podem ser regulados entre os modos Comfort, Dynamic e Auto (automático). Há ainda o modo Individual, que permite a combinação preferida pelo motorista, como associar escapamento mais ruidoso a direção mais leve.
Todos os materiais internos revelam qualidade aos olhos e ao tato, dos plásticos em geral ao couro dos bancos, que oferece vários tons e no carro avaliado mesclava preto e marrom — muito charmoso a nosso ver. A posição de dirigir mostra definição esmerada de tudo que a envolve, como banco impecável em forma e densidade de espuma, volante de tamanho ideal, colocação correta para ele e os pedais, amplo apoio para o pé esquerdo.
Ao toque do comando no console, a capota se abre ou fecha em 15 segundos, o que
pode ser feito rodando a até 50 km/h; o outro botão abaixa ou ergue os quatro vidros
Os bancos dianteiros — com encostos integrados, não em peça independente como é comum — contam com regulagem elétrica integral, o que inclui inclinação e apoio lombar (ajustável em altura e intensidade), e ajuste manual do apoio das coxas. O do motorista traz duas memórias de posição com botões na porta, uma boa medida para evitar seu acionamento acidental quando o objetivo é usar um dos ajustes na lateral do assento. Esperávamos ver o acelerador preso pela base, como no A3.
Ao lado da grande dotação de equipamentos (confira tabela na próxima página), o S5 traz bons detalhes de conveniência como computador de bordo com duas medições e consumo informado em km/l, um comando para recuar o banco do passageiro a fim de ampliar a visibilidade do motorista para seu lado, sensores de estacionamento à frente e atrás com indicação gráfica (não há câmera traseira para manobras, porém), repetidor digital do velocímetro, retrovisor esquerdo biconvexo e todos os três fotocrômicos, recolhimento dos espelhos ao travar o carro e abertura e fechamento de vidros a distância.
Um anteparo bem projetado pode ser montado atrás dos bancos dianteiros, caso não haja passageiros atrás, para cortar com eficiência o retorno de vento a quem viaja na frente (para quem não sabe, o maior incômodo de rodar aberto vem desse vento por trás, pois para-brisa e vidros laterais erguidos desviam o ar frontal).
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