A profusão de auxílios ao motorista e o comportamento em velocidade sobressaem na nova geração do sedã alemão
Texto: Fabrício Samahá – Fotos do autor e divulgação
Não é novidade que os campos da eletrônica — sejam voltados à eficiência, à comodidade ou aos sistemas de segurança — foram os que mais se desenvolveram na indústria automobilística nos últimos 20 anos. Mas constatar isso requer uma escalada cada vez menor rumo ao topo da “cadeia alimentar” dos automóveis: já existem boas demonstrações na faixa de R$ 150 mil, como o novo Volkswagen Passat.
Oitava geração nas contas da fábrica (nas nossas, sexta) desde o lançamento do modelo em 1973, quando marcou uma reviravolta em termos técnicos para a marca, o Passat 2016 começa a ser vendido no começo do ano no Brasil. Revelado ao público em setembro de 2014 no Salão de Paris, ele foi eleito Carro do Ano 2015 na Europa por jornalistas especializados e contribuiu para superar 22 milhões de unidades produzidas desde aquele pioneiro.
As versões Comfortline, ao preço de R$ 144.500, e Highline, por R$ 151.300 (veja lista de equipamentos nesta página), chegam com o mesmo trem de força: motor turboalimentado de quatro cilindros e 2,0 litros com potência de 220 cv e transmissão automatizada de dupla embreagem e seis marchas. Não estão previstas outras opções de motorização (esta é a de topo na Alemanha, não havendo mais a de seis cilindros) nem a perua Variant, esta uma má notícia a nosso ver. A Volkswagen alega baixo volume de vendas, mas diz que pode trazê-la se houver demanda suficiente.
A frente inova em um VW, mas o estilo em geral tem ar conhecido; faróis do Highline usam leds
A concorrência no segmento é das mais intensas. Há outros alemães, como Audi A4 Ambiente (1,8 turbo, 170 cv, R$ 150.190), BMW 320i Sport GP (2,0 turbo, 184 cv, R$ 153.950) e Mercedes-Benz C180 Avantgarde (1,6 turbo, 156 cv, R$ 147.900); japoneses, como Honda Accord (V6 3,5, 280 cv, R$ 147.900) e o recém-lançado Subaru Legacy (seis opostos, 3,6, 256 cv, R$ 152.900); sul-coreanos, como Hyundai Azera (V6 3,0, 250 cv, R$ 158 mil) e Kia Cadenza (V6 3,5, 290 cv, R$ 154.900); o mexicano Ford Fusion Titanium (2,0 turbo, 237 cv, R$ 137.600 com tração integral); o sueco Volvo S60 Momentum (2,0 turbo, 245 cv, R$ 149.950) e o francês DS5 So Chic da Citroën (1,6 turbo, 165 cv, R$ 141 mil).
Os auxílios ao motorista cuidam de praticamente tudo: o controlador da distância adiante até evita a passagem pela direita
No desenho, o destaque do Passat é o novo padrão de estilo dianteiro, com faróis e grade sob um friso cromado que acentua a sensação de largura. Esse conjunto parece um tanto baixo em relação ao capô, que assume uma curva acentuada como no BMW Série 3 — imposição das normas europeias de proteção a pedestres, que requerem espaço livre entre a peça e qualquer elemento rígido abaixo dela. O vinco marcante à altura das maçanetas chama atenção nas laterais, cuja curva ao fim das janelas remete novamente a um BMW. Na traseira, porém, o aspecto é típico do Passat e de outros modelos VW. As duas saídas de escapamento são funcionais.
No Highline os faróis são formados por leds, que projetam os fachos alto e baixo, as luzes diurnas, as de esquina e as de direção. Além do aspecto avançado, a tecnologia inclui assistente de luz alta: se uma câmera detecta veículo à frente ou no sentido oposto, o facho muda de alto para baixo ou mesmo cria uma região não iluminada correspondente ao outro veículo, retomando a iluminação completa tão logo ele saia do campo visual. Já as lanternas traseiras usam leds nas duas versões, com formas diferenciadas para cada e um efeito adicional no Highline: ao frear, o padrão dos leds muda de horizontal para vertical, chamando mais atenção.
O bem-acabado interior, de aparência familiar a donos de Passat, sugere difusores de ar interligados
No conjunto, o carro ficou elegante e mantém uma qualidade habitual no modelo: ser duradouro, destinado a ganhar idade sem parecer superado. As mudanças em dimensões apontam para um perfil mais esportivo, como o expressivo aumento da distância entre eixos em 79 mm (agora 2,791 metros) para um comprimento mantido (perdeu 2 mm para 4,767 m), o balanço dianteiro 67 mm mais curto e a altura 14 mm menor (1,456 m), enquanto a largura cresceu 12 mm (1,832 m). O coeficiente aerodinâmico (Cx) melhorou de 0,29 para 0,28, com auxílio da redução de resistência em 20% nos retrovisores e do uso de carenagens plásticas sob a carroceria.
Se o interior pode parecer familiar ao dono do Passat anterior, há toques criativos como a ligação entre os difusores de ar centrais e o lateral do passageiro, que faz parecer uma só peça (não sai ar pela região intermediária). O acabamento geral é ótimo, com materiais suaves ao toque e desenho harmonioso, embora o relógio analógico que permanece no centro nos pareça simples demais. Houve aumento de espaço longitudinal em 33 mm e o porta-malas passou a 586 litros, 21 a mais que antes.
Atração à parte na versão Highline é o quadro de instrumentos, formado por uma tela digital colorida de TFT de 12,3 polegadas com alta resolução (1.440 x 540 pixels).De aparência e leitura irrepreensíveis, ela pode ser configurada entre os modos Classic, consumo/autonomia, eficiência, navegação e assistência à condução, cada um com os próprios elementos dentro do conta-giros e do velocímetro. A seção central também pode apresentar informações variadas como as do sistema de áudio, do navegador e do controlador de distância à frente. Outro recurso diminui os mostradores principais para ampliar a área do mapa de navegação.
Sistema de entretenimento opcional tem tela de 8 pol; ótimos bancos incluem massagem para o motorista
No painel central, os sistemas de entretenimento usam telas sensíveis ao toque (de 6,5 pol no Discover Media e de 8 pol no Discover Pro, opcional na versão superior) com sensor de aproximação, que mostram menus assim que a mão se aproxima da tela; oferecem comandos de voz e permitem conexão a telefones inteligentes pelas tecnologias Mirror Link, Apple Car Play e Android Auto. Além da tela maior, o Discover Pro acrescenta leitor de DVDs e disco interno de 60 GB.
Já conhecido do Golf, o seletor de modos de condução oferece cinco programas (Comfort, Normal, Eco ou econômico, Sport e Individual ou configurável) que afetam as respostas do motor e do acelerador, os pontos de troca de marcha automática, a assistência da direção, o controle eletrônico da carga dos amortecedores, o controlador da distância à frente e o facho dos faróis. O modo Eco ainda adapta o ar-condicionado para operação mais eficiente e desacopla a embreagem ao desacelerar (roda-livre), como se usasse o ponto-morto.
Os auxílios ao motorista cuidam de praticamente tudo no novo Volkswagen. O controlador da distância ao tráfego adiante traz as novidades da função para-anda, que recoloca o carro em movimento após uma breve parada, e do monitor da faixa à esquerda: o sistema limita sua velocidade à de um veículo ali presente de modo a evitar a passagem pela direita, proibida na Alemanha (no Brasil não é: apenas a ultrapassagem, pela qual se sai de uma faixa e se retorna a ela após passar). Se quiser, o motorista pode acelerar por conta própria e então voltar ao modo automatizado.
Instrumentos são uma tela digital de 12,3 pol, que admite configuração da seção central e dos elementos internos dos mostradores; estes podem ser reduzidos para abrir mais espaço ao mapa de navegação
Mesmo que tal controlador não esteja acionado, o Passat monitora a frente e alerta ao motorista em caso de veículo ou obstáculo adiante, além de elevar a pressão de frenagem para aumentar sua eficiência. Se o condutor não frear, o sistema o faz com certa capacidade. Essa função é usada acima de 30 km/h; abaixo desse limite, atua a frenagem automática em cidade, que chega a operar com máxima capacidade de frenagem.
O assistente de estacionamento Park Assist, já na terceira geração, manobra o automóvel para vagas paralelas (e o tira delas) e perpendiculares (apenas coloca), tanto de frente quanto de ré — por mais desnecessário que nos pareça um carro entrar sozinho de frente em uma vaga —, e aciona os freios, se o motorista não o fizer, para evitar colisões. Mesmo carros sem o assistente trazem seis sensores de estacionamento na frente e seis atrás a fim de monitorar também as seções laterais. Ao lado do conhecido sensor de veículos em pontos cegos nas faixas ao lado, há um que monitora o tráfego atrás do carro a fim de permitir uma saída segura de vaga de estacionamento — e também freia por si caso necessário.
Recursos conhecidos do Golf chegam ao Passat. Um é o sistema Pro Active de proteção proativa dos ocupantes, que tensiona os cintos dianteiros e fecha vidros e teto solar em condições críticas de segurança, como uma derrapagem forte que faça intervir o controle eletrônico de estabilidade. Outro, a frenagem automática pós-colisão (antes chamada de forma estranha de freios multicolisão), que traz o automóvel a menos de 10 km/h depois de um impacto, como na proteção lateral da via, para evitar que rode descontrolado e atinja outro veículo ou obstáculo.
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Versões, preços e equipamentos
• Passat Comfortline (R$ 144.500): abertura da tampa do porta-malas por meio de sensor sob o para-choque traseiro, ar-condicionado automático de três zonas (motorista, passageiro e ocupantes do banco de trás), bancos dianteiros com aquecimento (regulagem elétrica apenas do encosto do motorista), bolsas infláveis laterais e de cortina, chave presencial para acesso ao veículo e partida do motor, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, iluminação em leds na região dos pés, monitor de pressão dos pneus, porta-luvas refrigerado, revestimentos dos bancos e do volante em couro, rodas de alumínio de 18 pol com pneus autosselantes 235/45, sistema de áudio Discover Media com tela sensível ao toque de 6,5 pol e conectividade com telefones (App-Connect). Opcional: teto solar elétrico panorâmico (R$ 5.400).
• Passat Highline (R$ 151.300): itens citados mais banco do motorista com massagem lombar e memória, bancos dianteiros com ajuste elétrico e aquecedor, câmera traseira de manobras, faróis de leds com assistente de facho alto, revestimento em couro Nappa e volante com comandos para trocas de marcha. Opcionais: pacote Premium (alerta para veículo em ponto cego, assistente de estacionamento, controlador da distância ao tráfego à frente, quadro de instrumentos digital programável, sistema de áudio Dynaudio Confidence de 700 watts e 11 alto-falantes, sistema de entretenimento Discover Pro com tela de 8 pol e disco interno de 60 GB, sistema Pro-Active, por R$ 4.900) e teto solar elétrico panorâmico (R$ 5.400).
A VW oferece 10 opções de cores (dois azuis, bege, branco, cinza, marrom, dois pratas, preto e vermelho) e três para o revestimento de couro dos bancos (bege, marrom e preto). A garantia total é de três anos, com 12 anos contra perfuração pela corrosão.
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