Desenho do Civic é claramente o mais ousado dos cinco, o que pode não agradar a todos; Jetta está mais antigo; Focus e Sentra já foram reestilizados na atual geração
Concepção e estilo
O mais novo lançamento é também um dos nomes mais antigos do grupo: o Civic apareceu no Japão em 1972, ainda como hatch de três portas. O Corolla o precedeu em seis anos — isso mesmo, está fazendo 50 —, já como sedã, mas com tração traseira; esta 11ª geração é de 2013. O Jetta surgiu em 1979 como sedã do Golf e está hoje na sexta geração, de 2010, ao passo que o Sentra estreou em 1982 e chegou em 2013 a este sétimo modelo. Caçula do grupo, o Focus nasceu em 1998 e desde 2011 está na terceira geração (as datas são internacionais; o mercado brasileiro os recebeu depois).
O Civic sobressai do grupo em termos de ousadia de desenho: a Honda não poupou elementos estéticos que atraem a atenção, como a grade cromada que avança sobre os faróis de perfil baixo, a linha de teto contínua do para-brisa à tampa do porta-malas — o típico formato fastback — e as lanternas traseiras que acentuam a imagem de duas letras “C”, voltadas uma à outra, em alusão ao nome do modelo. Mesmo que alguns apontassem excesso de adornos, o estilo causou boa impressão à maioria dos que opinaram.
O sedã da Ford chama-se Fastback, mas quem adota esse formato com clareza é o novo Honda; lanternas traseiras sugerem as letras “c” do nome; Corolla e Jetta dispensam a terceira janela lateral
Focus, Corolla e o Sentra remodelado para 2017 ficam no meio-termo, com alguns detalhes criativos — em geral na parte dianteira, que no Ford e no Nissan já foi redesenhada na atual geração — sobre um desenho sóbrio e elegante, ao gosto do público mais comum desse tipo de carro. O Jetta está no oposto ao Civic: se Volkswagens já são discretos em essência, esse modelo lançado há seis anos e pouco modificado desde então não consegue esconder a passagem do tempo, ainda que mantenha adeptos com suas formas simples e equilibradas.
Os cinco vêm com telas de 5,8 a 8 pol no painel para navegação e áudio; integração a celular é novidade de Focus, Civic e Jetta, mas Corolla inclui televisão
Há grande equilíbrio entre quatro modelos em coeficiente aerodinâmico (Cx): 0,294 no Jetta, 0,296 no Focus e 0,3 no Sentra e no Corolla — embora o do Civic não seja divulgado, estimamos índice até melhor que o dos concorrentes, como 0,28. Os vãos de carroceria são bem regulares em todos, com destaque para os do VW (bastante estreitos) e ressalvas aos de capô e tampa do porta-malas no Ford. Os do capô do Nissan, antes irregulares, melhoraram com a reforma.
Conforto e conveniência
Ao contrário da carroceria, o interior do Civic tornou-se mais convencional na nova geração, que descarta os instrumentos em dois níveis usados pelas duas anteriores. Mesmo assim o ambiente é moderno, com a seção digital no centro do quadro de mostradores e a tela do sistema de áudio que parece se destacar do painel. Dos outros, o Focus mostra-se mais inspirado nas formas, que são mais simples no Sentra, simples até demais no Jetta e com ar ultrapassado no Corolla — cujas linhas retas ao estilo dos anos 80 só estão coerentes com o relógio digital diante do passageiro.
Mesmo sem instrumentos em dois níveis, modernidade é o tom do interior do Civic; dos outros, Focus é mais atual e Jetta e Corolla parecem antigos, apesar do lançamento recente deste último
Os materiais plásticos têm bons aspecto e montagem nos cinco. Os do Civic agradam mais pela escolha de superfícies agradáveis ao toque (como couro sintético) nas regiões em que se faz contato mais frequente, ao passo que alguns plásticos do Jetta decepcionam. Quanto aos bancos revestidos de couro, traz sensação de espaço e arejamento o tom bege de série do Altis, uma opção do Jetta que deveria constar também dos outros. No EXL da Honda o couro escuro e o teto em preto representam, a nosso ver, retrocessos em relação ao tom cinza claro do EXR anterior.
O novo Civic ganhou ajuste elétrico do banco do motorista apenas na versão Touring: a EXL dispensa tal conveniência, oferecida por Focus, Sentra e Corolla. Apoio lombar é regulável em Ford, Nissan e VW. É fácil encontrar uma posição de dirigir agradável, mas podem melhorar os bancos do Jetta e, sobretudo, do Sentra — o menos confortável do grupo, tanto pela forma arredondada quanto pela densidade de espuma e o encosto de cabeça muito avançado. Pedais e volante bem posicionados (este regulável em altura e distância) e apoio adequado ao pé esquerdo estão nos cinco, mesmo que o volante do Corolla seja enviesado. Agradam no Focus o ótimo apoio lateral do banco e o volante de aro espesso e bem espumado sob o couro.
O Honda manteve o velocímetro digital, bem legível e prático (oferecido como repetidor nos demais, salvo Nissan), e adotou um conta-giros gráfico em forma de arco que preenche o espaço percorrido pelo ponteiro — ideal para rápida visualização. Todos admitem várias funções no mostrador central digital, colorido apenas em Ford e Nissan, e trazem computador de bordo, dotado de duas medições em Focus, Jetta e Civic e de registro de histórico de consumo neste último e no Toyota. Termômetro do óleo lubrificante vem só no VW.
Boa solução para velocímetro e conta-giros digitais no Honda; a velocidade pode ser informada dessa forma nos outros, salvo o Nissan; o VW mostra temperatura do óleo
Os cinco vêm com telas sensíveis ao toque no centro do painel para os sistemas de navegação e áudio, mais amplas no Focus (oito polegadas) e no Civic (7) que no Jetta (6,3), Corolla (6,1) e Sentra (5,8 pol). O modelo 2017 da Ford evoluiu com a terceira geração do Sync, mais prática de operar (botões maiores na tela, funções mais intuitivas), e mantém comandos por voz para áudio, telefone, navegador (como o Jetta) e ainda ar-condicionado. Pena que algumas tarefas ainda sejam difíceis, como encontrar as pastas de um pendrive, e que a tela fique algo distante para o uso da mão.
Integração a telefone celular pelos sistemas Android Auto da Google e Car Play da Apple são outras novidades de Focus, Civic e Jetta. Só no Corolla há toca-DVDs e sintonizador de televisão digital. Todos vêm com entradas USB (duas em Ford e Honda), interface Bluetooth para telefone e comandos no volante. O Jetta tem ainda entrada para cartão SD além daquela ocupada pelos mapas do navegador. Conexão auxiliar e toca-CDs só não equipam o Civic.
Exclusiva do Honda é a tomada HDMI para dispositivos. Localizada sob o console (assim como a USB e a de 12 volts), a exemplo do HR-V, requer certo contorcionismo para as ligações, mas foi prevista janela para passar fios no console: podem-se manter os cabos conectados e só ligar ao aparelho ao entrar no carro. Embora agrade o comando capacitivo de volume no volante (permite deslizar o dedo como em uma tela de celular), seria bom ter um botão giratório no rádio para a mesma função. Em qualidade sonora destacam-se Focus e Sentra. As três marcas japonesas impedem o uso do áudio sem a ignição estar ligada, o que não é ideal.
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