Diversos na origem e no preço, têm em comum o objetivo
de divertir, mas qual rende mais satisfação pelo que custa?
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Há quem se lembre com saudades dos anos 80, quando Fiat Uno 1.5R, Ford Escort XR3 e VW Gol GT/GTS — nenhum deles com potência maior que 100 cv — faziam sonhar os jovens de todas as idades com seu visual atraente e sua mecânica apimentada em relação às versões convencionais. Velhos tempos, bons tempos… mas hoje temos à disposição esportivos muito mais dignos do termo, e disso não resta dúvida.
Depois de três anos como único hatch pequeno fabricado no Brasil a oferecer desempenho de classe mundial, o Fiat Punto TJet ganhou em 2012 um adversário, o Citroën DS3. Não se trata de um concorrente direto em preço, até porque sua condição de importado da Europa impõe uma altíssima carga tributária, mas sim de uma alternativa para quem se dispuser a pagar mais para obter também mais.
Meses depois foi a vez de a Volkswagen voltar ao segmento de esportivos compactos com… o Fusca. Isso mesmo: a segunda reinterpretação do carro popular dos anos 50 a 90 (a primeira foi o New Beetle) assumiu de vez a proposta de desempenho ao oferecer um motor turbo de 200 cv. Mais uma vez, não se trata de um concorrente direto para o Punto, mas é ótimo podermos contar com essa outra opção.
São carros para diferentes gostos — e bolsos. Ao contrário do TJet, que é um Punto modificado, o DS3 e o Fusca têm identidade própria desde o desenho das carrocerias, mas compartilham a plataforma com outros modelos (o novo C3, no caso do Citroën, e a dupla Golf/Jetta, no caso do VW). Apesar dessa importante diferença, que por si só justifica parte de seu preço, esses três “foguetes de bolso” — tradução da sonora expressão inglesa pocket rockets — apresentam elementos em comum.
São dotados de motores turboalimentados de quatro válvulas por cilindro, com cilindrada próxima em dois deles (1,4 litro no Punto, 1,6 no DS3) e maior em outro (2,0 litros no Fusca), que obtêm potências de 152, 165 e 200 cv, na ordem, todos com pelo menos 100 cv por litro. Oferecem câmbio manual, ideal para quem busca esportividade (nosso Fusca, porém, estava com o automatizado DSG opcional).
Fiat e Citroën têm porte semelhante, com 12 centímetros a mais de comprimento e 4 cm a mais na distância entre eixos para o primeiro. O VW é mais longo (21 cm sobre o Punto), mas não se afasta deles em entre-eixos. E todos sugerem a mesma proposta de uso, a de carros compactos de alto desempenho e apelo esportivo, voltados sobretudo ao público jovem, sem uso frequente do banco traseiro ou do compartimento de bagagem.
Em preço, como antecipamos, há uma diferença expressiva. O Punto começa em R$ 56,8 mil e, com os opcionais da unidade avaliada, passa a R$ 63,1 mil. Poderia ainda ter pintura metálica e teto solar, com os quais chegaria a R$ 68,2 mil. O DS3 parte de R$ 79,9 mil e oferece um só opcional, o revestimento em couro, que (com pintura metálica) o leva até R$ 84 mil. Pode-se ter o Fusca por menor valor que o do Citroën, a partir de R$ 77,9 mil com câmbio manual, mas o carro cedido pela VW continha todas as opções disponíveis, menos a pintura em preto perolizado, e custava nada menos que R$ 105,4 mil.
Portanto, conforme avaliados, a opção pelo importado da França implica pagar 33% a mais que pelo nacional de Betim, MG, e quem quiser pôr as mãos no mexicano de marca alemã despenderá ainda 25% a mais que pelo francês. O que cada um oferece pelo que custa? Qual traz a máxima diversão pelos reais aplicados? É o que fomos procurar saber.
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