Frente remodelada e retoques na traseira marcaram a linha 2016 dos dois modelos, mas o Focus (em cima) está certamente mais atualizado no conjunto
Concepção e estilo
Os dois modelos são projetos europeus que ganharam produção na Argentina, mas estão em fases diferentes de seu ciclo de fabricação. O Focus surgiu na Europa em 1998 e chegou em 2011 a esta terceira geração, que dois anos mais tarde veio ser feita na América do Sul. A remodelação apresentada no Velho Continente em 2014 apareceu por aqui no ano passado.
Por sua vez, o 308 sucedeu ao 307 em 2007 na França, mas demorou cinco anos para ser naturalizado argentino — tempo suficiente para vir já reestilizado na frente, que abandonou o “nariz” protuberante do modelo inicial. Se os europeus já em 2013 ganharam uma nova geração, com direito a plataforma mais leve e moderna, por aqui a antiga recebeu uma sobrevida com a alteração frontal da linha 2016, exclusiva do sul-americano.
Essa diferença histórica fica aparente no estilo de cada um. A reforma aplicada ao Focus foi bem mais coerente com o desenho original, com destaque para a frente mais harmoniosa, embora alguns lamentem a excessiva semelhança com outros modelos da marca — o anterior tinha identidade própria, mesmo que discutível na tomada de ar em três partes. O 308, ainda que não esteja de todo ultrapassado no conjunto (mérito do desenho original), ficou um tanto controverso com a adaptação do novo padrão de grade dianteira da empresa.
Painel atual e bancos mais confortáveis no Focus, mas menos espaço; sistema de áudio com pequena tela e sem navegador do SE é muito limitado
O coeficiente aerodinâmico (Cx) declarado do atual Focus é 0,287, muito bom para a categoria. A Peugeot não informou o índice após a reestilização frontal, mas até então era ainda melhor, 0,28. Os vãos de carroceria mostram-se regulares e de tamanho adequado nos dois, parecendo ter desaparecido o problema de folgas irregulares do começo da produção do atual Ford, em 2013.
Conforto e conveniência
Se por fora o Focus se mostra mais atual, por dentro o contraste é ainda maior entre seu painel de formas arrojadas e o do 308, mais conservador. Ambos foram revistos apenas em algumas seções na linha 2016, como a tela central do Peugeot e o console do Ford. Nestas versões eles trazem revestimento em couro para bancos e volante, mas o THP agrada mais na qualidade de alguns plásticos, como os das portas.
Com novo sistema de entretenimento, o Peugeot ampliou sua vantagem nessa área: tela de 7 pol, disco interno de 16 GB, espelhamento de celular
Os dois carros são bons exemplos de posição de motorista bem definida quanto a banco (incluindo apoio lateral), volante e as posições relativas entre esses componentes e os pedais, além de repouso ideal para o pé esquerdo. A favor do Focus estão a espuma mais suave dos bancos (muito duros no 308) e o ajuste de apoio lombar, mas o assento poderia apoiar melhor as coxas. A reclinação do encosto é liberada por alavanca nos dois. Seus painéis trazem os instrumentos usuais, com boa leitura e iluminação em branco, e incluem computador de bordo, que no 308 opera com duas medições. Há nele certo excesso de decoração nos mostradores.
Com a adoção de novo sistema de entretenimento e navegação na linha 2016, o Peugeot ampliou sua vantagem nessa área: ampla tela de sete polegadas (ante 4,2 pol do Focus SE) sensível ao toque, disco interno de 16 GB, conexão Mirror Link para espelhamento de tela de celular e navegador. A inserção de endereços para navegar ficou bem mais fácil, pois no sistema antigo dependia de comando giratório, letra por letra.
Poucas mudanças internas no 308, que ganha em espaço, mas perde pelos bancos; apesar da tela baixa, novo sistema de áudio e navegação é melhor
Em contrapartida, a nova tela é bem mais baixa (antes ficava no topo do painel, melhor para visualização ao dirigir) e o uso de algumas funções não é nada intuitivo, como pausar e desligar o som. Em qualidade de áudio eles se equivalem (boa, mas não expressiva), assim como pela oferta de conexões (USB, sendo duas no Focus, mais auxiliar e Bluetooth) e pelos comandos no volante ou junto a ele. Só no Ford há o tradicional toca-CDs.
Ambos vêm bem equipados nestas versões, com itens como alarme volumétrico (proteção com ultrassom), alças de teto com retorno suave, alerta para uso de cinto, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, aviso específico de qual porta está mal fechada, comando de fechamento de vidros a distância, controlador e limitador de velocidade, controles elétricos de vidros com função um-toque para todos e temporizador, faróis e limpador de para-brisa com acionamento automático, mostrador de temperatura externa, para-sóis com espelhos iluminados, retrovisor interno fotocrômico e sensores de estacionamento na traseira com indicação gráfica.
O Focus agrada pelos vidros que podem ser abertos a distância (ideal para aliviar o calor interno antes de entrar), monitor de pressão dos pneus, comando por voz para sistema de áudio e telefone, programação My Key (para emprestar o carro a motorista jovem ou manobrista, limitando velocidade e volume de áudio, entre outras funções), duas tomadas de 12 volts no console (uma no porta-objetos fechado) e mais espaço para objetos do dia a dia.
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