Do mais antigo Fiat ao mais recente Peugeot, escolas diferentes de desenho; rodas e defletores compõem a caracterização das versões
Concepção e estilo
O 208 é o mais novo dos três modelos em termos internacionais: foi lançado na Europa em 2012 e aqui no ano seguinte, enquanto o 500 é um veterano de 2007 e o DS3 fica no meio do caminho, em 2010. Embora o Fiat esteja entre nós desde 2009, só em 2014 a marca nos trouxe a versão Abarth, precedida em dois anos pela Citroën (marca depois abolida com a criação da DS como divisão). O DS3 atua no mercado europeu como versão de três portas e desenho diferenciado do C3, com o qual partilha plataforma e grande parte da mecânica — para cá ele vem com um único motor não oferecido no Citroën.
O desenho atraente é um ponto de destaque do Peugeot: poucos carros da classe agradam tanto aos olhos, seja pelo conjunto ou por detalhes inspirados como faróis e lanternas traseiras. Pena não termos a versão de três portas disponível na Europa, que atenderia bem melhor ao pacote do GT. O DS3 também agrada, com aspecto esportivo e itens interessantes como as “guelras” com leds no para-choque dianteiro, as “barbatanas” nas colunas centrais e o teto em cor contrastante. O carro avaliado trazia adesivos oferecidos como acessórios. O Abarth, com sua variação esportiva de um desenho nostálgico — inspirado no 500 dos anos 50 —, causa certa controvérsia.
O DS3 sobressai em aerodinâmica com o coeficiente (Cx) 0,31, muito bom para um carro de seu porte. O do Peugeot fica em 0,33 e o do Fiat mais longe, 0,352. Os três mostram vãos regulares e não muito grandes entre os painéis de carroceria.
“Barbatana” na lateral e teto preto são detalhes criativos do DS3; escapamento do 500 tem duas saídas afastadas; 208 só vem com cinco portas
Conforto e conveniência
São interiores bem diferentes em aparência. O do 208 é criativo com a solução — cada vez mais empregada pela marca — de volante pequeno e quadro de instrumentos elevado, assim como a tela central em destaque. No 500 a proposta é minimalista, caso dos mostradores concentrados e da área central espartana sem uma grande tela; por outro lado, aplica a cor da carroceria à face do painel. O DS3 tem um conjunto esportivo, mas funcional. As marcas francesas usam plásticos de aspecto mais adequado, mesmo que não sejam macios ao toque, e apliques brilhantes de bom gosto. O Abarth decepciona em acabamento com plásticos simples demais, mais para Uno que para Bravo.
No modo Sport, o painel do Abarth mostra as acelerações longitudinal e lateral: difícil é conferi-las enquanto se leva o carro aos limites
O motorista encontra melhor posição no DS3 e no 208, que contam com ajuste do volante também em distância e permitem acertar o conjunto para assento mais baixo, como se espera de um esportivo. No 500 o banco fica muito baixo na parte posterior e o volante regula-se apenas em altura. Os dois importados têm bancos dianteiros especiais, diferentes dos usados no C3 e no 500 comum, e excelentes em apoio para as coxas como raramente se vê em carros pequenos. Os do GT, embora mantidos do 208 Griffe, são bons e seguram bem o corpo em curvas. O revestimento usa couro no DS3 e no Abarth; o 208 combina couro nas laterais e tecido na seção central. Os três volantes são ótimos, mas o do 500 está exagerado em diâmetro; a seu favor está o melhor apoio para o pé esquerdo.
No painel de instrumentos, 500 e 208 usam o prático velocímetro digital (repetidor no caso do Peugeot). Peculiar é o Fiat com seu diminuto quadro circular todo digital, que concentra numerosas informações em pouco espaço e requer concentração para a leitura. O lado direito traz um indicador de eficiência, mas ao acionar o programa Sport de condução surgem mostradores de abertura do acelerador e acelerações longitudinal e lateral, além de mudar a grafia de todo o conjunto para itálico. Difícil é conferir tais acelerações enquanto se leva o carro aos limites: seria ideal que registrasse os picos alcançados para consulta posterior.
Peugeot tem instrumentos por cima do pequeno volante; Fiat aplica cor ao painel e concentra mostradores; DS3 é esportivo e funcional
Só o 500 tem manômetro do turbo, que fica fora do quadro — como se acrescentado em uma preparação — e não acompanha os instrumentos principais em grafia e iluminação. Há ainda luz de sugestão para troca de marcha, que se acende bem cedo (para favorecer a economia) em programa normal, mas em Sport se torna um aviso de que o limite de giros está próximo. Nos três carros o computador de bordo oferece duas medições.
Abarth e DS3 avaliados tinham os sistemas de áudio opcionais, com qualidade e peso de graves superiores aos do 208. Praticidade de uso e conectividade, porém, são bem melhores nos carros das francesas: tela sensível ao toque de sete polegadas, disco de 16 GB para armazenar músicas e conexão a telefones pelas plataformas Apple Car Play e Mirror Link. O do Fiat está aquém do razoável para os dias de hoje: além da falta dessa conectividade, é penoso explorar dispositivos pelo ultrapassado sistema Blue & Me. A seu favor está o toca-CDs, que alguns ainda podem usar. Todos trazem conexões USB (duas no Abarth, uma para carregar aparelhos), auxiliar e Bluetooth.
Os três carros vêm com alerta para uso do cinto pelo motorista, apoio de braço central na frente, ar-condicionado com controle automático, comandos de áudio no volante ou junto a ele, aviso de porta mal fechada (geral no DS3, específico nos outros), controlador de velocidade, mostrador de temperatura externa e volante revestido em couro. Como de hábito, há detalhes que favorecem ora um, ora outro.
Bancos volumosos são confortáveis, mas prejudicam o espaço traseiro em relação ao C3; motorista acomoda-se muito bem
Interior leva quatro pessoas, mas as de trás precisam ser bem pequenas; bancos amplos e esportivos com restrições ao conforto de quem dirige
Bancos do GT seguem os do Griffe, mas não comprometem; espaço no banco traseiro e acesso a ele são os melhores por larga margem
Os do DS3 são ajuste de altura de ambos os bancos dianteiros (nos outros, só o do motorista), aquecimento dos mesmos bancos, difusor de perfume, luzes de cortesia no assoalho e nos espelhos dos para-sóis, retrovisor interno fotocrômico e vidros mais escuros da coluna central para trás. No 500 há alerta programável para excesso de velocidade e o único teto solar que se abre (corre por fora), e no 208, ar-condicionado de duas zonas, sensores de estacionamento à frente e atrás (o DS3 tem atrás, o 500 nada) e teto envidraçado. Os franceses vêm ainda com porta-luvas refrigerado, câmera traseira para manobras, faróis e limpador de para-brisa automáticos, limitador de velocidade, mostrador do nível de óleo lubrificante e navegador por GPS.
Alguns itens poderiam ser aprimorados. No DS3 não há alarme volumétrico (proteção por ultrassom) e o ajuste elétrico do facho dos faróis fica em posição estranha, na coluna de direção. No Fiat os botões de vidros estão no painel (seria melhor nas portas), o forro do teto solar é uma tela que deixa passar muito dos raios solares, a indicação de autonomia é falsa (há bem mais combustível do que ela sugere) e o porta-luvas é tão pequeno que o manual precisa ficar no porta-malas. No Peugeot os difusores de ar centrais são baixos, imposição do destaque à tela acima dele, e deveria haver uma tecla no ar-condicionado para igualar as duas zonas.
Próxima parte