Acelerar bem é com os três, mas o 208 foi o melhor na maioria das provas, com empate técnico ao DS3 na prova de 0 a 100 km/h
Desempenho e consumo
Com potências e pesos bem próximos, havia grande expectativa pelos resultados das medições em nossa pista. Os dados de fábrica (veja mais abaixo) apontavam à vitória do Abarth em aceleração, mas não foi o que se confirmou.
Coube ao 208 ganhar velocidade mais rápido, com o DS3 colado à sua traseira (força de expressão, pois não foram testados ao mesmo tempo), caso do 0-100 km/h em 8,0 segundos no primeiro e 8,1 s no outro, um empate técnico. O francês foi melhor apenas no 0-400 metros. O 500 ficou cerca de 1 s atrás de ambos com 9,2 s, marca distante dos otimistas 6,9 s que o fabricante anuncia. A aerodinâmica desfavorável do Fiat amplia sua desvantagem no 0-160 km/h, que medimos apenas com carros rápidos. Vale lembrar que o GT veio com gasolina e assim foi testado: com os 7 cv adicionais obtidos com álcool, certamente andaria ainda mais.
Nossa pista não permite alcançar velocidade máxima, mas os dados oficiais indicam empate técnico entre DS3 (219 km/h) e 208 com gasolina (218), com o Abarth pouco atrás (214). Os cálculos de transmissão preveem máxima em quinta em todos, com motor bem perto da potência máxima no Fiat (supera-a por 100 rpm) e no Peugeot (exato com gasolina, passa em 100 rpm com álcool), mas 500 rpm abaixo do pico no DS3. As marcas francesas, portanto, deixam a sexta como sobremarcha e por isso seus carros trafegam a 120 km/h com 450 a 700 rpm a menos que o da italiana.
O GT foi o melhor também na maioria das retomadas — quatro das sete medições. O Abarth venceu-o em duas e eles empataram em uma, com o DS3 ora em segundo, ora em último lugar. Chama atenção em qualquer um deles a proximidade entre os tempos da mesma prova com diferentes marchas, como 6,6 s (terceira) a 9,8 s (quinta) no Peugeot no 80-120 km/h: isso indica a boa distribuição de torque dos motores turbo naquelas faixas de rotação. Nota-se essa qualidade na prática ao abrir o acelerador em rodovia: o turbo “enche” e o carro logo ganha ímpeto sem se tocar na alavanca.
Apesar do consumo mais baixo do 208 pelos dados oficiais, foi o DS3 que se mostrou mais econômico nas várias provas, como ao fazer 12,7 km/l no trajeto rodoviário, ante 12,2 do GT e apenas 10,9 do Abarth — cuja transmissão curta o penaliza nessa medição. Em cidade (onde ela poderia ser contornada mediante trocas de marcha em menor velocidade), o pouco torque abaixo de 2.000 rpm e a ausência de injeção direta explicam sua desvantagem. A autonomia é pouco maior no Peugeot, com o Fiat outra vez em último.
DS3 | 500 | 208 | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 8,1 s | 9,2 s | 8,0 s |
0 a 120 km/h | 11,3 s | 12,0 s | 10,8 s |
0 a 160 km/h | 20,5 s | 23,1 s | 19,9 s |
0 a 400 m | 16,0 s | 16,8 s | 16,2 s |
Retomada | |||
60 a 100 km/h (3ª.) | 7,0 s | 7,1 s | 6,3 s |
60 a 100 km/h (4ª.) | 8,3 s | 8,8 s | 7,2 s |
60 a 120 km/h (3ª.) | 9,9 s | 9,4 s | 9,7 s |
60 a 120 km/h (4ª.) | 11,5 s | 11,9 s | 11,4 s |
80 a 120 km/h (3ª.) | 6,7 s | 6,3 s | 6,6 s |
80 a 120 km/h (4ª.) | 9,1 s | 8,1 s | 8,1 s |
80 a 120 km/h (5ª.) | 10,4 s | 10,9 s | 9,8 s |
Consumo | |||
Trajeto leve em cidade | 14,0 km/l | 12,6 km/l | 12,9 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 7,8 km/l | 6,9 km/l | 7,3 km/l |
Trajeto em rodovia | 12,7 km/l | 10,9 km/l | 12,2 km/l |
Autonomia | |||
Trajeto leve em cidade | 630 km | 454 km | 639 km |
Trajeto exigente em cidade | 351 km | 248 km | 361 km |
Trajeto em rodovia | 572 km | 392 km | 604 km |
Testes efetuados com gasolina; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Dados dos fabricantes
DS3 | 500 | 208 | |
Velocidade máxima | 219 km/h | 214 km/h | 218/222 km/h* |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,3 s | 6,9 s | 8,0/7,6 s* |
Consumo em cidade | 11,0 km/l | 11,0 km/l | 12,0/8,2 km/l* |
Consumo em rodovia | 14,0 km/l | 12,0 km/l | 14,0/9,5 km/l* |
*Gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro |
Embora não usem as versões mais potentes disponíveis para cada motor na Europa, os três sobressaem em desempenho nesse segmento de nosso mercado
Comentário técnico
• O motor Prince usado pelos dois modelos da PSA é um projeto conjunto dos franceses com a BMW e lançado em 2006 na Europa. Bloco de alumínio, injeção direta, turbocompressor de duplo fluxo e variação do tempo de abertura das válvulas estão entre seus componentes. A versão flexível em combustível aplicada ao 208 tem taxa de compressão mais baixa, como já visto nos Peugeots 308 e 408 e no Citroën C4 Lounge (o esperado seria o contrário), e usa a injeção direta para garantir a partida a frio com álcool, sem precisar do sistema de preaquecimento usado em motores aspirados. Sua relação r/l 0,309 é boa, praticamente no limite convencionado (0,3) para não prejudicar a suavidade e a eficiência.
• Já a versão do DS3 é exclusiva no recurso de aumento temporário da pressão de superalimentação (overboost), que permite atingir 2 m.kgf a mais de torque máximo entre terceira e sexta marcha por alguns segundos. Lá fora existe versão de 200 cv com variação também do levantamento das válvulas, não trazida ao Brasil.
• No 500 Abarth está o 1,4-litro derivado da unidade usada aqui por Punto e Bravo TJet (uma das variações da família Fire em amplo uso nos Fiats nacionais), com bloco de ferro fundido e injeção multiponto sequencial. A atração é o sistema Multiair, que usa a variação de levantamento das válvulas de admissão para controlar quanto entra de mistura ar-combustível nos cilindros (o usual é que esse papel seja cumprido pela borboleta de aceleração, que impõe perdas de eficiência quando não está toda aberta). A Fiat previu duas pressões máximas para o turbo: 0,8 bar em modo de condução normal e 1,24 bar em programa Sport. A relação r/l 0,326, contudo, está longe do ideal. Também para esse motor existem outras versões no exterior, entre 135 e 200 cv.
• Em relação ao 500 original, a Fiat anunciou para o Abarth modificações em molas, amortecedores e estabilizadores, freios dianteiros (com discos maiores de 284 mm) e a adoção do sistema de vetorização de torque TTC, Torque Transfer Control, que atua no diferencial para enviar mais torque à roda dianteira externa à curva que à interna. No 208, o GT tem alterações como carga de amortecedores, freios a disco também na traseira e controle de estabilidade (que não retorna à ação caso desativado pelo botão), além das medidas de rodas e pneus.