Só o Passat é todo novo, lançado em 2014 na Europa; Fusion e Accord foram reestilizados na atual geração; todos usam faróis de leds nessas versões
Concepção e estilo
O Passat surgiu primeiro, em 1973, na mesma geração que tivemos aqui no ano seguinte — ainda como fastback, pois o sedã de três volumes viria só na segunda em 1980. Esta chegou ao Brasil como Santana, mas não a terceira: só o recebemos de volta como Passat em 1994 como importado. Desde então a VW tem trazido suas evoluções, chegando à atual (sexta geração) no fim de 2015, um ano após o mercado europeu. Uma peculiaridade em sua história é ter usado motor longitudinal por duas gerações, transversal por outras duas, longitudinal mais uma vez e voltado ao transversal, agora mantido.
Pouco depois, em 1976, o Accord era lançado como hatchback, ao qual logo se somaria o sedã. Ao Brasil ele chegou em 1992 na quarta geração. O atual modelo, o nono, apareceu em 2013 e foi reestilizado para 2016. Como o VW ele sempre usou tração dianteira, mas o motor se manteve transversal desde o começo. Mais recente, o Fusion apareceu nos Estados Unidos em 2005 com base em plataforma da japonesa Mazda, então parceira da Ford. A segunda geração saiu em 2012, dessa vez em projeto compartilhado com os europeus, que o têm como Mondeo.
O Fusion é o mais ousado em termos de estilo, com arestas e vincos mais pronunciados e perfil típico de fastback, com queda bem sutil do teto à tampa do porta-malas. Honda e Volkswagen optaram por desenhos sóbrios, que buscam um perfil de público mais adepto da elegância discreta que da ousadia — e são bem-sucedidos nessa missão. Modernidade comum aos três pode ser vista nos faróis de leds, que no Accord incluem os de neblina, com belo efeito visual quando acesos.
O perfil do Ford, mais para fastback que para sedã, traz certa esportividade, mas são três automóveis bastante elegantes
Apenas o Passat tem coeficiente aerodinâmico (Cx) informado, ótimo 0,28, mas a suavidade de formas dos outros sugere que não fiquem muito atrás. As carrocerias do Honda e do VW revelam fabricação esmerada nos vãos impecáveis entre os painéis metálicos, que poderiam ser menores no primeiro. Nesse aspecto o Fusion avaliado decepcionou, com vãos irregulares e alguns muito grandes.
O Passat substituiu o quadro de instrumentos por uma tela digital configurável; no Fusion a operação do sistema híbrido é demonstrada na tela do painel
Conforto e conveniência
O acabamento dos três modelos está à altura dos preços, com couro nos bancos e volante e materiais plásticos de boa qualidade, vários deles suaves ao toque. O desenho dos interiores é sóbrio, mesmo com soluções criativas em alguns itens, como a integração dos difusores de ar às linhas do painel no lado do passageiro do Passat.
Os três têm amplos e bem desenhados bancos dianteiros com ajuste elétrico. Só o Passat oferece regulagem manual do apoio das coxas, ajuste da altura do apoio lombar do motorista (nos outros, apenas sua intensidade) e massageador (varia a pressão nas costas e sua altura em uma sequência para reduzir o cansaço em longos trajetos). Duas memórias de posição para o do motorista e ajuste lombar no do passageiro estão nele e no Fusion, cujo apoio para as coxas poderia melhorar. Volantes bem desenhados e apoio ideal para o pé esquerdo são qualidades em comum.
Interiores sóbrios e bem-acabados com fartura de conveniências, mas Ford e VW as oferecem em número bem maior que o Honda
O Passat substituiu o quadro de instrumentos analógico por uma tela digital de alta resolução de 12,3 polegadas, muito fácil de ler sob qualquer condição de luz. Ela admite escolher o que aparece no centro do velocímetro e do conta-giros, além do espaço entre eles, entre os modos Classic, consumo/autonomia, eficiência, navegação e assistência à condução. Se desejado, diminuem-se os mostradores principais para ampliar a área do mapa de navegação. A tela central do áudio pode exibir medidores de aceleração (g), pressão do turbo e temperatura do óleo ou marcadores que orientam para condução econômica.
O computador de bordo do VW inclui velocidade média, cronômetro e três medições (desde zerado, desde a partida e desde o reabastecimento), embora os dos rivais tenham histórico de médias de consumo. No Fusion o velocímetro analógico vem ladeado por mostradores configuráveis. À esquerda podem-se ver indicadores de uso do motor elétrico, recarga da bateria via regeneração, conta-giros, computador e histórico de consumo. No lado direito escolhe-se entre informações de áudio, navegação, o mesmo histórico e as “folhas de eficiência”, que crescem enquanto se dirige com moderação e deixam cair folhas ao apertar o acelerador.
Interessante no Hybrid é o mostrador de fluxo de energia na tela central do painel: a vista lateral do carro demonstra quais os sistemas ligados e como a energia segue de um a outro. Acelera-se pouco e a bateria alimenta o motor elétrico; se o motor a combustão entra em ação, recebe energia do tanque de combustível; em descida a regeneração faz carregar a bateria. Parado, o único fluxo é da bateria para o painel e, se ligado, o ar-condicionado — que tem acionamento elétrico e não depende do quatro-cilindros. No Accord o quadro analógico é simples, amplo e bem legível.
São muito confortáveis para quatro adultos, mas inadequados para cinco; o motorista acomoda-se bem; o Passat lhe oferece massagem e mais regulagens
Os sistemas de áudio usam ampla tela sensível ao toque, de 8 pol no Passat e no Fusion e 7 no Accord, e oferecem navegador e integração a telefone por Android Auto e Apple Car Play. Os dois primeiros têm toca-DVDs (o Fusion, toca-CDs), o VW traz duas entradas para cartões de memória SD e o Honda tem entrada HDMI para vídeo. Ford e VW aceitam comandos de voz. Conexões USB (duas no Fusion) e Bluetooth estão nos três. A qualidade de áudio é muito boa em todos, mas falta peso nos graves no Honda (vale notar que nosso VW tinha o áudio Dynaudio, até com alto-falante de subgraves no estepe, que não está mais disponível).
O Fusion oferece assistente de estacionamento, que manobra o carro em vaga paralela ou perpendicular. Por conta do sistema, os sensores abrangem 360 graus em torno do carro, enquanto os dos rivais monitoram a região frontal e a traseira (o Passat teve o assistente apenas no modelo 2016). Todos têm câmera de manobras atrás, que no Honda admite escolha entre três ângulos.
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