O Accord acelerou mais rápido: de 0 a 100 em 7,3 segundos contra 7,7 do Passat e 9,9 do Fusion, que por outro lado é muito mais econômico
Desempenho e consumo
Torque ajuda, mas relação peso-potência ainda é determinante para o desempenho, como ficou claro em nossas medições. O Accord foi o mais rápido em aceleração, como de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos ante 7,7 s do Passat e modestos 9,9 s do Fusion. A favor do VW estão o menor peso (133 kg a menos que no Honda e 171 kg abaixo do Ford) e o fato de motores turbo não perderem potência com a altitude, o que já faz certa diferença na região de teste, 600 metros acima do nível do mar.
Sem dispor de conversor de torque, que multiplicaria o torque nas arrancadas, a caixa do VW usa a mais alta rotação de estol (3.000 rpm ante 2.400 do Honda e só 1.200 do Ford) para ganhar desempenho. Nas saídas a pleno o Accord e o Passat destracionam ou invocam o controle de tração com mais facilidade, pela maior potência fornecida de modo mais abrupto. Mudanças automáticas de marcha são feitas a até 6.800 rpm no VW (600 rpm acima do pico de potência, definição típica para desempenho) e a até 6.500 no Honda (300 acima). O Ford, como típico CVT, sobe gradualmente até certa rotação e ali estaciona.
Nas retomadas, porém, a generosa curva de torque do alemão falou mais alto e garantiu-lhe melhores tempos em duas das três provas, aquelas concluídas a 120 km/h. O Hybrid foi mais uma vez o último colocado.
O troco do Fusion, como esperado, veio no consumo. É o carro mais econômico que já testamos com gasolina: 19,8 km/l no trajeto urbano leve, 9,7 no urbano exigente e 18,5 no rodoviário. São vantagens consistentes sobre os adversários, que ficaram ao redor de 12,5 km/l em rodovia, com marcas pouco melhores no Passat.
Quando se veem os resultados do Fusion, fica a pergunta: como estava a bateria ao começo e ao fim da medição? Afinal, se ela tivesse se descarregado, seria preciso consumir gasolina para a recarga. Mas não foi o caso: tanto pela regeneração de energia nas descidas (e frenagens no caso dos trajetos urbanos) quanto pela aplicação automática do motor a combustão quando necessário, o Ford terminou os percursos com o indicador de carga praticamente onde estava ao iniciá-los.
A economia do Hybrid representa grande autonomia, mesmo com o pequeno tanque de 53 litros da versão: mais de 880 km nos dois percursos mais leves. Mas os concorrentes são também muito bons nesse quesito, capazes de mais de 600 km nos mesmos trajetos.
Fusion | Accord | Passat | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 9,9 s | 7,3 s | 7,7 s |
0 a 120 km/h | 13,3 s | 9,9 s | 10,1 s |
0 a 400 m | 16,7 s | 15,8 s | 16,3 s |
Retomada | |||
60 a 100 km/h* | 7,5 s | 5,2 s | 5,3 s |
60 a 120 km/h* | 9,3 s | 8,1 s | 7,6 s |
80 a 120 km/h* | 8,6 s | 6,3 s | 6,1 s |
Consumo | |||
Trajeto leve em cidade | 19,8 km/l | 10,5 km/l | 11,5 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 9,7 km/l | 5,4 km/l | 6,1 km/l |
Trajeto em rodovia | 18,5 km/l | 12,4 km/l | 12,9 km/l |
Autonomia | |||
Trajeto leve em cidade | 945 km | 614 km | 683 km |
Trajeto exigente em cidade | 463 km | 316 km | 362 km |
Trajeto em rodovia | 882 km | 725 km | 766 km |
Testes com gasolina; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Dados dos fabricantes
Fusion | Accord | Passat | |
Velocidade máxima | ND | 246 km/h | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND | 6,7 s | |
Consumo em cidade | 16,8 km/l | 7,8 km/l | 10,4 km/l |
Consumo em rodovia | 18,3 km/l | 12,0 km/l | 12,9 km/l |
Consumo de gasolina conforme padrões do Inmetro |
A arquitetura dos três sedãs tem semelhanças técnicas, mas nessas versões os motores empregados recorrem a soluções bem diversas
Comentário técnico
• O Fusion usa um motor da série Duratec (conhecida de longa data em Ecosport e Focus por aqui), mas adaptado ao ciclo Atkinson. Por meio de maior tempo de abertura da válvula de admissão, o motor em seu ciclo de compressão encontra tal válvula ainda aberta quando o pistão começa a subir. Isso faz com que parte da mistura ar-combustível admitida seja empurrada de volta para o coletor de admissão, fora do cilindro, o que aumenta a eficiência (reduz o consumo), mas implica perda de potência em relação ao ciclo Otto. A taxa de compressão é das mais altas para motores sem injeção direta, 12,3:1.
• A ele vem associado um motor elétrico síncrono de ímã permanente, que retira energia da bateria de íon de lítio com capacidade de 1,4 kWh. É bem menos que em um híbrido de recarga externa (plug-in), como o Fusion Energi oferecido nos EUA: nessa versão a bateria de 7,6 kWh permite rodar 34 km em modo elétrico. A potência da bateria (35 kW) e a velocidade máxima em modo elétrico (137 km/h) são as mesmas nas duas versões.
• O V6 do Accord é da série J, em uso desde os anos 90, mas aprimorado com desativação de três cilindros em condições de baixa demanda por potência. Como é frequente na Honda, cada cabeçote tem apenas uma árvore de comando para as válvulas de admissão e escapamento.
• O motor EA888 do Passat, o mesmo do Golf GTI, traz evoluções sobre o do modelo anterior como cabeçote, gerenciamento térmico e variação do levantamento das válvulas de escapamento entre dois estágios, o mesmo sistema Valvelift da Audi. Injeções direta e indireta de gasolina são usadas, de acordo com as condições, e há parada/partida automática. A transmissão automatizada DSG tem dupla embreagem em banho de óleo.
• Os três carros seguem os conceitos de suspensão mais comuns em modelos superiores hoje: McPherson na frente, multibraço atrás. Para o Accord isso é novidade, pois até a geração anterior ele usava braços sobrepostos na dianteira — solução tecnicamente mais avançada.
• O Passat adotou a plataforma MQB (matriz modular transversal), como a do Golf, e obteve redução de peso da carroceria em 24 kg com uso de aço formado a quente. Nas suspensões a VW empregou aço de alta resistência nas ligações transversais e alumínio nos pivôs. O controle eletrônico dos amortecedores é inédito no modelo, no Brasil, e os pneus têm um selante interno que veda furos de até 5 mm de diâmetro.