Honda, Hyundai e Jeep, três dos mais vendidos da categoria compacta, são desafiados pela novidade da Citroën
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Chegar por último tem suas vantagens: dá tempo de aprender com os enganos dos concorrentes para então fazer melhor. Mas os adversários não estão parados e também evoluem para enfrentar os recém-chegados.
É assim com os utilitários esporte (SUVs) compactos, um segmento em constante expansão no mercado brasileiro. Apesar de estarem entre nós há menos de quatro anos, Honda HR-V e Jeep Renegade já se consideram veteranos diante do “calouro” Citroën C4 Cactus ou mesmo do Hyundai Creta, que tem dois anos por aqui. Por isso, os dois primeiros ganharam visual renovado e evoluções internas nos modelos 2019. Para verificar as chances do novato, o Best Cars colocou os quatro lado a lado em versões com preço sugerido na faixa de R$ 100 mil.
Citroën C4 Cactus Shine Pack | Honda HR-V EXL | Hyundai Creta Sport | Jeep Renegade Longitude |
4,17 m | 4,29 m | 4,27 m | 4,23 m |
1,6 litro, turbo | 1,8 litro | 2,0 litros | 1,75 litro |
166/173 cv | 140/139 cv | 156/166 cv | 135/139 cv |
R$ 99.990 | R$ 108.500 | R$ 98.990 | R$ 103.480 |
Potência com gasolina/álcool; preços sugeridos para os carros avaliados, com possíveis opcionais |
Como eles se comparam nos quatro “Ps” de nossos critérios de seleção? Têm a mesma proposta de uso: SUVs de pequeno porte com espaço e desempenho suficientes para aplicações variadas, do uso urbano a viagens familiares, além de incursões leves ao fora de estrada. O porte varia pouco: até 12 centímetros em comprimento e 4 cm em distância entre eixos, sendo o HR-V o maior em ambas as dimensões.
Em potência, dois deles sobressaem: o C4 Cactus, que produz 166 cv com gasolina e 173 com álcool no motor turbo de 1,6 litro, e o Creta, dono de 156/166 cv na unidade aspirada de 2,0 litros. Os outros ficam mais atrás: 140 e 139 cv no HR-V de 1,8 litro, 135 e 139 cv (na mesma ordem) no Renegade de 1,75 litro. As transmissões automáticas são de seis marchas em três deles — a exceção é o Honda, com caixa de variação contínua (CVT) apta a simular sete marchas.
As versões avaliadas estão próximas em preço. Na opção de topo Shine Pack THP, o Citroën custa R$ 100 mil, o mesmo que o Renegade Longitude. Este passa a R$ 103.480 com um pacote de bolsas infláveis. Para proximidade de valores buscamos na linha Creta a versão Sport, que sai por R$ 99 mil. Embora o valor do HR-V EX (R$ 98.700) ficasse mais perto da média dos demais, aceitamos a versão disponível na ocasião, a de topo EXL, por R$ 108.500.
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Mais curvo no C4 Cactus, mais reto no Creta, mais esportivo no HR-V, mais ao fora de estrada no Renegade: cada um tem seu padrão de desenho
Concepção e estilo
HR-V e Renegade são produtos mundiais de seus fabricantes, presentes em mercados variados como Europa e Estados Unidos — o primeiro também no Japão, onde se chama Vezel. O Honda foi apresentado em 2013 e o Jeep um ano depois, chegando ao Brasil no mesmo 2015. O Creta nasceu em 2014 como produto restrito a mercados emergentes, como China, Índia, Rússia e, claro, o nosso, no qual estreou em 2016 — países avançados recebem o Kona no mesmo segmento. O C4 Cactus foi o que mais tempo levou para vir ao Brasil: cinco anos desde o lançamento europeu, em 2013, tendo chegado aqui já remodelado.
Os estilos seguem objetivos diferentes. O Renegade busca se aproximar dos antigos Jeeps e do atual Wrangler, seja nas linhas mais retas, seja em detalhes como os faróis circulares e as lanternas traseiras, cujo “X” remete ao dos galões suplementares de combustível usados pelo Jeep militar. O Creta é também retilíneo, mas sem ar fora de estrada ou inspiração no passado. O HR-V, cheio de quinas e vincos, e o C4 Cactus, suave em suas curvas, parecem hatchbacks sobre grandes pneus. A nosso ver os quatro mostram bons trabalhos de desenho, mas o Honda tende a envelhecer mais rápido e o Hyundai parece ter nascido mais antigo que os outros.
Molduras laterais, maçanetas embutidas e um “X” nas lanternas mostram certa criatividade; o Creta Sport ganhou um defletor traseiro incomum no segmento
O Renegade é o único a ter revelado o coeficiente aerodinâmico (Cx), apenas razoável, 0,36. Pelas formas e o perfil da carroceria, supomos que HR-V e C4 Cactus sejam os mais eficientes nesse quesito. Os vãos entre painéis de carroceria de Honda e Hyundai agradam mais, sendo estreitos e regulares; os do Citroën revelam mais irregularidades.
Conforto e conveniência
Os interiores são equivalentes na qualidade de materiais, com plásticos em geral rígidos, mas de bom aspecto. O Creta Sport usa revestimento de bancos em tecido com couro apenas nas laterais, enquanto os outros três usam couro em geral.
O motorista fica bem acomodado nos quatro, que oferecem regulagem de altura e distância do volante e boa posição relativa entre ele, o banco e os pedais. Não que sejam parecidos: alto, o Renegade deixa os joelhos mais flexionados e tem os pedais acionados quase para baixo — o oposto do Citroën, com posição mais para hatch que para SUV, cabine mais baixa e assoalho alto. O apoio lombar do encosto, bastante pronunciado no HR-V, poderia ser maior nos demais.
Os acabamentos se equivalem, embora o Creta Sport use tecido na parte central dos bancos; o C4 Cactus repete o tema externo de linhas retas e cantos arredondados
O quadro de instrumentos do Jeep é o que traz mais informações, como tensão da bateria e temperaturas de óleo do motor e da transmissão. O quadro digital do Citroën, simples em sua tela monocromática, cumpre bem a função e tem a vantagem do velocímetro digital (também disponível no Jeep e no Hyundai, mas menor). Contudo, tende a refletir os raios solares que incidem sobre a coluna de direção. O Honda é o mais modesto. Os computadores de bordo oferecem duas medições, mas falta a do consumo no Creta — em geral o item mais desejado para se medir em dois trajetos — e o do C4 Cactus mostra a segunda apenas na tela de áudio.
Os quatro estão muito bem quanto a centrais de áudio e conectividade, com grandes telas sensíveis ao toque e integração a celular por Android Auto e Car Play
Com o crescente interesse por centrais de áudio e conectividade, os quatro estão muito bem nesse quesito. Oferecem grandes telas sensíveis ao toque (8,4 polegadas no Jeep, 7 nos demais), tomadas USB (duas no Renegade) e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, novidade no Jeep para 2019. O HR-V traz navegador integrado (nos demais deve ser usado aplicativo de celular) e entrada HDMI para dispositivos de mídia, mas as conexões abaixo do console são pouco práticas, e a qualidade de áudio, a menor do grupo, sobretudo pela distorção de graves. O Creta vem com televisão digital, cuja imagem cessa quando o carro roda, como requer a legislação. Muito bom no C4 Cactus o comando List no volante, que permite navegar por faixas e pastas sem tirar as mãos dali.
A Citroën integrou à central os principais comandos de ventilação e ar-condicionado, boa ideia do ponto de vista estético (menos botões), mas infeliz quanto à operação: é preciso sair da tela de áudio, navegador ou outra para operá-los e, se estiver em marcha à ré, nada se pode fazer pois a câmera bloqueia a tela. Nem o comando de recirculação de ar tem acesso direto, o que pode significar admitir fumaça de um caminhão até acioná-lo (seria essencial um botão para ele, como no Peugeot 3008/5008). Além disso, a exemplo do painel de toque do HR-V, falta confirmação tátil: nada melhor que botões físicos enquanto se dirige. Embora o ar do Renegade seja ajustado por botões, o resultado também aparece na tela, que demora a exibi-lo assim que se liga o motor.
Boa posição ao volante nos quatro, mas com perfis diferentes; no banco traseiro, o espaço do HR-V para pernas e o do Creta em largura e altura agradam mais
Os quatro carros estão equipados com alerta para uso do cinto, ar-condicionado automático, câmera traseira de manobras, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos e comando a distância para abrir e fechar, indicador de temperatura externa e volante revestido de couro.
Detalhes exclusivos do C4 Cactus são alerta para saída de faixa da via (sem intervir na direção), chave presencial para acesso e partida (Renegade e Creta só a oferecem em versões superiores), comutador de farol apenas de puxar (mais prático no uso frequente do que o puxa-empurra), limpador de para-brisa automático, monitor de atenção do motorista (compara seu modo de dirigir a um período anterior, alertando se detectar menos atitudes ao volante), monitor de distância à frente com alerta e frenagem automática (para evitar colisão ou reduzir seu efeito) e retrovisor interno fotocrômico.
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C4 Cactus: quadro de instrumentos digital, central fácil de usar que inclui comandos de ar-condicionado, retrovisor fotocrômico; a câmera traseira está nos quatro carros
Apenas o HR-V tem faixa degradê no para-brisa (item tão conveniente no Brasil, mas cada vez mais raro), rebatimento elétrico dos retrovisores (que o Renegade perdeu), retenção automática nas paradas e retrovisor direito que se abaixa ao engatar marcha à ré, a fim de mostrar o meio-fio. O Renegade responde com alerta para uso do cinto pelos cinco ocupantes (incluindo detector nas fivelas traseiras), capô com dois fechos de segurança (além de mais eficaz contra abertura involuntária, permite melhor acabamento de carroceria), duas zonas de ajuste para o ar-condicionado (que nos pareceu o mais potente) e porta-objetos sob o assento do passageiro da frente. A favor do Creta, só o difusor de ar para o banco traseiro.
Citroën e Jeep trazem limitador de velocidade e sistema de áudio que pode ser religado após desligar a ignição. Hyundai e Jeep têm porta-óculos, sensores de estacionamento na traseira, os maiores espaços para os objetos do dia a dia e vidros traseiros que descem por inteiro. Honda e Hyundai vêm com duas tomadas de 12 volts no console central, e HR-V e Renegade, com acionamento elétrico do freio de estacionamento.
HR-V: instrumentos simples, central de áudio com navegador integrado, freio de estacionamento elétrico e retenção automática nas paradas, conexão HDMI
Creta: simples nos instrumentos e na operação de áudio, difusor de ar para a traseira; como nos outros, ar-condicionado automático e vidros comandados a distância
O que pode melhorar em cada um? Apenas o Citroën não tem ajuste de altura da ancoragem superior dos cintos dianteiros (ruim para o passageiro, que não pode compensar sua estatura pela regulagem do assento), iluminação nos espelhos dos para-sóis e luz de cortesia central ou traseira (deixa os passageiros no escuro, como se fosse um carro popular). Faltam em sua câmera traseira as guias dinâmicas, que nos outros mostram a trajetória do carro conforme a posição do volante; o retrovisor fotocrômico deixa ofuscar mais que o esperado; o freio de estacionamento é algo pesado e o ar-condicionado nos pareceu o menos eficaz ao lado daquele do HR-V.
Entre os compartimentos de bagagem há dois empates: Creta e HR-V com 431 litros, C4 Cactus e Renegade com 320 litros, agora que o Jeep usa estepe temporário
No Honda faltam alerta específico de qual porta está mal fechada (só tem aviso geral) e monitor de pressão dos pneus (os rivais têm o tipo indireto, baseado em ABS, que não indica a pressão individual); os parafusos de fixação dos bancos dianteiros ficam bem à mostra; a seleção de funções do computador de bordo é pelo botão de zerar hodômetro, nada prática; o controle elétrico de vidros mantém o incompreensível bloqueio à japonesa, que inibe o comando do passageiro ao lado e impede o próprio motorista de comandar os demais vidros (inibir os botões das portas traseiras seria o suficiente); e o cofre do motor vem em cor diferente e com péssimo aspecto da massa de calafetação.
Renegade: tela digital rica em informações, central com tela de 8,4 pol, ar-condicionado de duas zonas e dois fechos de segurança no capô; monitor de pneus só não vem no HR-V
O Jeep é o único sem acionamento automático dos faróis e seus comandos de áudio, atrás do volante, causam confusão a quem não se habituou. Nele e no HR-V o alarme não é volumétrico — falta a proteção por ultrassom para detectar quebra de vidro, por exemplo. Nada encontramos a mencionar no Hyundai.
Os quatro carros oferecem boas acomodações na frente, com destaque para o Renegade pela altura útil, quase de minivan. No banco traseiro, o HR-V é mais espaçoso para as pernas e o Creta em largura e altura. De modo geral, quatro adultos e uma criança viajam bem em qualquer um deles. Embora mais estreito, o C4 Cactus tem formato do banco apto a levar três pessoas (magras ou crianças) com menos desconforto que nos outros; nele e no Renegade um passageiro central tem melhor acomodação. O Honda permite duas posições para o encosto.
Entre os compartimentos de bagagem há dois curiosos empates: Creta e HR-V com 431 litros, C4 Cactus e Renegade com 320 litros. Este ganhou espaço em 2018 com estepe temporário (como no Honda e no Hyundai) em vez de integral. O do Citroën usa pneu comum de 15 pol, sendo 17 sua medida normal de rodagem. No Creta e no Renegade o assoalho prevê segunda posição mais alta para carregar um pneu substituído. No HR-V o assento traseiro acompanha o encosto na repartição em 60:40 e pode ser rebatido junto ao encosto, útil para transportar objetos altos no assoalho — possível pelo tanque sob os bancos dianteiros, não sob o de trás. Outra qualidade sua é a pouca altura da base de acesso, ponto crítico no C4 Cactus.
Dois empates em capacidade de bagagem, que é bem maior no Honda e no Hyundai; o Citroën tem o estepe menos restritivo, mas perde em acesso pela base muito alta
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Equipamentos de série e opcionais
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Ajuste de altura dos bancos mot./pas. | S/ND | S/ND | S/ND | S/ND |
Ajuste de apoio lombar mot./pas. | ND | ND | ND | ND |
Ajuste do volante em altura/distância | S/S | S/S | S/S | S/S |
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. | ND | ND | ND | ND |
Ajuste elétrico dos retrovisores | S | S | S | S |
Alarme antifurto/controle a distância | S/S | S/S | S/S | S/S |
Aquecimento | S | S | S | S |
Ar-condicionado/controle aut./zonas | S/S/1 | S/S/1 | S/S/1 | S/S/2 |
Bancos/volante revestidos em couro | S/S | S/S | S/S* | S/S |
Bolsas infláveis laterais/ cortinas/joelhos motorista | S/S/ND | S/S/ND | ND | O/O/O |
Caixa automática/automatizada | S/ND | S/ND | S/ND | S/ND |
Câmera traseira para manobras | S | S | S | S |
Chave presencial para acesso/partida | S/S | ND | ND | ND |
Cintos de três pontos, todos os ocupantes | S | S | S | S |
Computador de bordo | S | S | S | S |
Conta-giros | S | S | S | S |
Controlador/limitador de velocidade | S/S | S/ND | S/ND | S/S |
Controle de tração/estabilidade | S/S | S/S | S/S | S/S |
Controle elétrico dos vidros diant./tras. | S/S | S/S | S/S | S/S |
Controles de áudio no volante | S | S | S | S |
Direção assistida | S | S | S | S |
Encosto de cabeça, todos os ocupantes | S | S | S | S |
Faróis com lâmpadas de xenônio/leds | ND | ND | ND | ND/O |
Faróis de neblina | S | S | S | S |
Faróis/limp. para-brisa automático | S/S | S/ND | S/ND | ND |
Fixação Isofix para cadeira infantil | S | S | S | S |
Freios antitravamento (ABS) | S | S | S | S |
Interface Bluetooth/integração a celular | S/S | S/S | S/S | S/S |
Limpador/lavador do vidro traseiro | S | S | S | S |
Luz traseira de neblina | S | ND | ND | S |
Navegador por GPS | ND | S | ND | ND |
Rádio com toca-CDs/MP3 | ND/S | ND/S | ND/S | ND/S |
Repetidores lat. luzes de direção | S | S | S | S |
Retrovisor interno fotocrômico | S | ND | ND | ND |
Rodas de alumínio | S | S | S | S |
Sensores de estacionamento diant./tras. | ND/O | ND | ND/S | ND/S |
Teto solar/comando elétrico | ND | ND | ND | ND |
Travamento central das portas | S | S | S | S |
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível; NA = não aplicável; *couro apenas nas laterais |
Opcionais
• C4 Cactus – Pacote Plus (frisos de porta, protetor de cárter, tapetes), pacote Tech (sensores de estacionamento traseiros e rebatimento do retrovisor direito em marcha à ré), pacote Voyage (barras transversais de teto, engate removível, porta-bicicleta).
• Renegade – Faróis de leds, pacote Bike (barra transversal, suporte de teto), pacote Protection (para-barro, protetor de cárter), pacote Landscape (barras transversais de teto, estribos), pacote Safety (bolsas infláveis laterais dianteiras, de cortina e de joelhos para o motorista).
Com a maior potência e grande vantagem em torque, o Citroën é o mais rápido para acelerar e retomar por larga margem; o Jeep fica distante em último lugar
Mecânica, comportamento e segurança
O motor mais sofisticado é o do C4 Cactus, único no grupo com turbocompressor e injeção direta. Isso lhe garante certa vantagem em potência e ainda maior em torque, apesar da menor cilindrada: 166 cv com gasolina e 173 com álcool, sempre com 24,5 m.kgf. O Creta produz 156/166 cv e 19,1/20,5 m.kgf; o HR-V, 140/139 cv e 17,3/17,4 m.kgf; e o Renegade, 135/139 cv e 18,7/19,3 m.kgf.
O reconhecido motor THP obtém mais um resultado brilhante no novo Citroën: com operação suave e silenciosa, fornece ótimo desempenho em qualquer rotação, sendo difícil notar retardo de atuação do turbo. O Hyundai requer rotações mais altas para oferecer boas respostas, sente a diferença de peso (185 kg a mais) e, embora suave, o motor revela alguma aspereza na faixa média de giros. Atrás vem o Honda, menos potente e com funcionamento ruidoso em alta rotação, mas favorecido pelo peso moderado. O Jeep é claramente o pior: o maior peso do grupo reflete-se em desempenho modesto e na sensação de pouca agilidade, além de haver certa aspereza em altos giros.
Motores de 2,0 litros no Creta, 1,8 no HR-V e 1,75 no Renegade são superados pelo 1,6 do C4 Cactus, único a usar turbo e injeção direta
A vantagem do C4 Cactus em aceleração e retomada ficou evidente na pista de testes, como ao passar de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos contra 9,9 s do Creta, 11 s do HR-V e longos 13,4 s do Renegade. O menor consumo foi do HR-V nos trajetos em cidade e do Cactus em rodovia, com os outros dois sempre atrás (veja os números de teste e análise detalhada).
As caixas automáticas de seis marchas oferecem seleção manual, com comandos no volante do Renegade e apenas via alavanca no C4 Cactus e no Creta. O HR-V usa transmissão de variação contínua (CVT), que no modo normal tem o comportamento eficiente típico dessas transmissões — a rotação do motor varia pouco enquanto a velocidade aumenta. Ao usar os comandos no volante a caixa simula sete marchas. Em modo manual, Jeep e Citroën fazem reduções quando se acelera a pleno, como julgamos ideal; o Hyundai é o único a não passar à próxima marcha no limite de rotações, o que poderia ser repensado (em uma ultrapassagem, há risco de surpreender o motorista por não mais ganhar velocidade).
Renegade e Creta podem melhorar em calibração do acelerador e da transmissão. No primeiro, pisa-se normalmente e a resposta não satisfaz; então se acelera mais e o resultado se torna excessivo, em geral com redução de marcha. Acionar o programa esportivo (tecla Sport) não resolve, pois deixa o motor em rotações mais altas do que se deseja. O modo esportivo está disponível também para as caixas do HR-V e do C4 Cactus — que adiciona o modo Eco, favorável à economia, com troca de marchas em menor rotação.
HR-V é o único a usar transmissão de variação contínua (CVT); nele e no Renegade, mudanças manuais podem ser feitas com comandos no volante
No Hyundai, o acelerador agressivo típico da marca chega a incomodar. Como exemplo, quisemos manter a faixa de 2.000 rpm com o carro parado (durante conexão de bateria a outro veículo) e foi impossível dosar a abertura de pedal. Além disso, ao fixar 120 km/h no controlador, em aclives de rodovia a transmissão parecia indecisa com várias trocas entre sexta, quinta e quarta marchas para cima e para baixo — o acelerador abrupto pode ter culpa aqui também, ao invocar redução desnecessária. Os dois modelos têm parada/partida automática do motor com botão para desativar.
A vantagem do C4 Cactus em aceleração e retomada ficou evidente, como de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos contra 9,9 s do Creta, 11 s do HR-V e 13,4 s do Renegade
Os quatro carros usam os mesmos esquemas de suspensão, salvo pela traseira do Renegade, com sistema McPherson em vez de eixo de torção. A calibração, porém, traz resultados distintos. No uso urbano o Citroën traz conforto pelos amortecedores bem macios no começo de curso, mas não lida bem com impactos maiores — é um tanto duro, por exemplo, em buracos em estradas de terra. No Jeep ocorre o contrário: embora com rodar mais firme, típico de carros europeus, absorve bem as irregularidades do piso. A versão Sport do Hyundai recebeu amortecedores um tanto firmes nos pequenos movimentos, sobretudo os traseiros, o que penaliza o conforto em nome da sensação esportiva, apesar dos pneus de perfil mais alto. O Honda fica no meio-termo e melhorou no equilíbrio entre frente e traseira, esta um tanto dura até o modelo 2018.
A maciez e a altura de rodagem do C4 Cactus cobram algum preço em estabilidade, deixando-o se movimentar mais em curvas e manobras rápidas do que o ideal, mas o comportamento não deixa de ser seguro — um bom compromisso para um carro dessa categoria. Aqui o HR-V sobressai, com atitude mais parecida à de um bom hatchback. Os pneus Michelin obtêm grande aderência, “avisam” antes do limite (como deve ser) e o controle eletrônico de estabilidade, item de série em todos, raramente atua. Creta e Renegade estão no mesmo patamar, ainda bom para o tipo de carro, mas no segundo a ligeira tendência a soltar a traseira quando provocado (como ao cortar o acelerador em curva rápida) pode deixar o motorista apreensivo até que atue o controle eletrônico.
Amortecedores macios no Citroën e firmes no Hyundai afetam comportamento e conforto, mas não são os únicos elementos que definem o acerto de cada suspensão
No C4 Cactus o controle de tração oferece quatro modos (Padrão, Neve, Lama e Areia, além da desativação do controle de estabilidade). A ideia se justifica: em certos pisos de baixa aderência, sem alguma patinação das rodas de tração não se consegue manter o movimento. O modo Lama, usado em um trecho nessas condições, mostrou bons resultados: o carro mantinha-se rodando, com atuação frequente dos freios em uma ou mais das rodas, em momentos nos quais um sistema convencional já teria “matado” a potência do motor para evitar patinação. Ele oferece também o maior vão livre do solo declarado: 225 mm ante 200 do Renegade, 190 do Creta e 177 do HR-V.
Os freios usam discos também nas rodas traseiras, salvo o Creta, que deveria adotá-los por ser um dos mais potentes e pesados do grupo. Os conjuntos estão bem dimensionados em potência e assistência, assim como foram bem calibradas as direções com auxílio elétrico. Fica uma ressalva ao C4 Cactus: em curvas mais intensas a direção ganha peso excessivo e transmite irregularidades do piso — não tão grave quanto no Renault Captur, mas se percebe. A geometria do projeto parece ter sido prejudicada pelo aumento da altura de rodagem em 34 mm na versão brasileira.
O HR-V evoluiu bastante em faróis para 2019: agora tem duplo refletor (de modo a manter o facho baixo aceso quando se usa o alto) e o baixo é do tipo elipsoidal, soluções parecidas com as do Creta — neste os dois fachos usam o mesmo refletor, mas também atuam em simultâneo ao acionar o alto. Ficaram para trás o Renegade e o C4 Cactus, com refletor único por lado, inadequado nesta faixa de preço, embora a Jeep ofereça opção de faróis de leds, que não equipavam o carro avaliado.
Os novos faróis do HR-V 2019 o deixam em equilíbrio ao Creta e à frente dos demais, embora o Renegade possa receber luzes de leds como opcional nessa versão
Todos vêm com repetidores laterais das luzes de direção, luzes diurnas (halógena no Renegade e por leds nos outros) e faróis de neblina. Luz traseira de nevoeiro equipa apenas Citroën e Jeep; só este último tem ajuste elétrico da altura do facho dos faróis. No Creta há luzes direcionais em curvas, enquanto o Cactus aciona o farol de neblina daquele lado para obter efeito semelhante. As enormes colunas dianteiras do Renegade prejudicam seriamente o campo visual; entre os outros, as do HR-V atrapalham mais. Na visibilidade traseira o C4 Cactus é o mais crítico pelas colunas extralargas. Os retrovisores enormes e biconvexos do Jeep são os melhores.
Jeep, Citroën e Honda são superiores em segurança passiva ao trazer bolsas infláveis laterais dianteiras, de cortina e, no caso do Renegade, de joelhos do motorista (neste as cinco bolsas citadas são opcionais). A versão Sport do Hyundai vem apenas com as frontais, exigidas por lei. Todos oferecem cintos de três pontos e encostos de cabeça para cinco pessoas e fixação Isofix para cadeira infantil.
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O desempenho do C4 Cactus, superior desde a saída, ganha diferença em maior velocidade: de 0 a 120 km/h ele acumula 8,5 segundos à frente do Renegade
Desempenho e consumo
Qual oferece o melhor desempenho? A resposta estava à vista: C4 Cactus, dono do motor com mais potência e torque associado ao menor peso. Não à toa, ele disparou à frente nas acelerações, como ao chegar a 100 km/h em 2,2 segundos a menos que o Creta, 3,3 s antes do HR-V e importantes 5,7 s adiante do Renegade. A diferença aumenta em maior velocidade: de 0 a 120 km/h já são 8,5 s de vantagem do rápido Citroën sobre o lento Jeep.
O gráfico de aceleração (acima), obtido com uso do equipamento de aquisição Race Capture Pro, demonstra a vantagem do C4 Cactus desde o “pulo” inicial de primeira marcha, que lhe dá enorme superioridade no trecho destacado de 3,5 segundos iniciais. Também impressiona a capacidade de tração para um carro de tração dianteira e com centro de gravidade mais alto: 0,55 g de aceleração inicial e constante não é pouco.
O HR-V mostrou-se o mais pacato no instante inicial — momento tão importante para a passar a famosa sensação de desempenho, como ao se cravar o pé numa saída de semáforo. Uma relação inicial de CVT não tão curta pode favorecer o consumo, mas prejudica nesse quesito. Por outro lado, nota-se que a aceleração do Honda é constante e sem interrupções, por não haver trocas de marcha e a queda de rotação que ela causa. Em transmissões com marchas, o aumento gradual de rotação resulta em potência não tão constante por alguns motivos.
Nas medições de dinamômetro, que os fabricantes usam no desenvolvimento dos motores, se mantém certa rotação constante e se mede o torque. Depois se altera a rotação, mantendo-a constante, e se mede de novo. Contudo, no carro em aceleração tudo está em modo transiente, o que requer estratégia de avanço de ignição que compense essa transição. Assim, o avanço se altera em degraus, por interpolação das tabelas no mapa da central eletrônica. Alguns fabricantes adotam maior espaço entre as rotações para alterar o avanço, a ponto de o motorista mais treinado sentir o carro acelerando em trancos.
Outro fator é que, quando o motor varia de rotação e de torque, as semiárvores de transmissão variam sua torção (elas torcem ao ser aplicado torque, criando diferença de posição entre a entrada e a saída) e os coxins de motor e de transmissão variam suas posições. O resultado, no fim das contas, é uma aceleração em ondas e não tão linear.
No HR-V, usar o modo manual com sete marchas simuladas piora os tempos de aceleração (acima), pois o motor passa a fornecer uma potência média em vez de permanecer na faixa de máximo desempenho. Como sempre mencionamos, pode ser válido para eliminar a sensação monótona de rotação constante e agradar aos ouvidos, mas não é eficiente.
Como o Race Capture Pro também detecta a pressão de trabalho do turbo pelo canal da porta OBD, nota-se que durante a aceleração a pleno (acima) o motor do Citroën trabalha por volta de 180 kPa de pressão absoluta, perto de 0,8 bar relativo à atmosfera. A pressão cai em rotações acima de 4.500 rpm, medida comum nos motores turbo de hoje, que privilegiam torque em baixas e médias rotações e pequeno retardo de atuação.
Embora o C4 Cactus ofereça quatro programas para o controle de tração, os melhores resultados foram mesmo no modo-padrão, que foi bem calibrado e não “mata” o motor facilmente quando se joga potência no solo. O modo Areia deixa destracionar mais, o que poderia ajudar, mas na prática faz atuar os freios em cada roda de forma alternada e prejudica muito o controle direcional. De qualquer forma, notamos pouco progresso nesse quesito em relação ao Peugeot 2008 THP, apesar do novo tipo de juntas na transmissão: a frente se ergue, parecendo flutuar (os amortecedores macios trabalham contra, nesse aspecto), e a direção tende a puxar. Essa plataforma, ao menos com a maior altura de rodagem adotada no Brasil, continua a lidar mal com a aplicação repentina de tanto torque.
A ordem entre eles mantém-se nas retomadas, embora o Honda tenha alcançado o Hyundai na de 80 a 120 km/h (note acima como as curvas pontilhadas coincidem), ajudado pela variação contínua de relações de transmissão. Impressiona ver que, na mesma prova, o tempo levado pelo Renegade é praticamente o dobro do exigido pelo Citroën: com qual você gostaria de fazer uma ultrapassagem apertada?
Para melhor análise, começamos o gráfico no momento em que o pedal do acelerador foi pressionado a fundo, pois assim se percebe também o tempo de reação da transmissão automática (nos números de teste, a medição começa assim que o carro supera a velocidade inicial de 60 ou 80 km/h). C4 Cactus, HR-V e Creta hesitaram a aceleração por pouco mais de 1 segundo, para que as transmissões trocassem de marcha (ou de relação, no Honda) e os motores tivessem tempo de subir a rotação.
As transmissões atuais, em geral, conseguem trocar marchas mais rápido do que a capacidade do motor de vencer as próprias inércias e ganhar rotação, retardando-se a troca para que ela seja suave e progressiva. Percebe-se que, após esse 1 s, a aceleração do C4 Cactus continua subindo até quase 2 s, pois o turbo também está no processo de “enchimento” ou ganho de pressão.
O problema está no Renegade: além da pior relação entre peso e potência/torque, sua redução de marcha foi a mais demorada, levando quase 2,5 s para o carro “acordar” — algo que numa ultrapassagem parece o tempo de uma vida. Em compensação, o HR-V consegue acompanhar o Creta mesmo com motor menos potente, o que revela bom acerto de motor e transmissão.
Peso contido, caixa CVT e motor moderado deram ao HR-V o menor consumo nos trajetos urbanos, seguido por C4 Cactus, Creta e Renegade — o peso elevado faz boa diferença em trechos com paradas frequentes. Em rodovia, porém, a facilidade com que o Citroën mantém velocidade garantiu-lhe a melhor marca, com o Honda bem perto, depois Hyundai e Jeep. Os mais econômicos são também melhores em autonomia, com o Creta em último em todos os trajetos.
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Aceleração | ||||
0 a 100 km/h | 7,7 s | 11,0 s | 9,9 s | 13,4 s |
0 a 120 km/h | 10,3 s | 15,1 s | 13,5 s | 18,8 s |
0 a 400 m | 15,5 s | 18,0 s | 16,9 s | 18,9 s |
Retomada | ||||
60 a 100 km/h* | 5,0 s | 5,8 s | 5,5 s | 8,0 s |
60 a 120 km/h* | 7,7 s | 9,6 s | 9,1 s | 13,8 s |
80 a 120 km/h* | 6,1 s | 7,4 s | 7,4 s | 12,1 s |
Consumo | ||||
Trajeto leve em cidade | 12,5 km/l | 14,2 km/l | 11,6 km/l | 11,3 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 6,5 km/l | 7,4 km/l | 5,9 km/l | 5,5 km/l |
Trajeto em rodovia | 12,7 km/l | 12,5 km/l | 11,2 km/l | 10,8 km/l |
Autonomia | ||||
Trajeto leve em cidade | 619 km | 652 km | 564 km | 610 km |
Trajeto exigente em cidade | 322 km | 340 km | 282 km | 297 km |
Trajeto em rodovia | 629 km | 574 km | 505 km | 583 km |
Testes com gasolina; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Dados dos fabricantes
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Velocidade máxima | 212/212 km/h | ND | 188 km/h | 180/182 km/h |
0 a 100 km/h | 7,5/7,3 s | ND | 9,7 s | 11,9/11,1 s |
Consumo em cidade | 10,4/7,2 km/l | 11,0/7,7 km/l | 10,0/6,9 km/l | 10,0/6,9 km/l |
Consumo em rodovia | 12,6/8,9 km/l | 12,3/8,6 km/l | 11,4/8,2 km/l | 12,0/8,6 km/l |
Gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro |
Todos derivam de plataformas de automóveis, das quais apenas a do Renegade previu tração integral no Brasil; sua suspensão traseira também difere das demais
Comentário técnico
• Embora não seja a última palavra em tecnologia, o motor do C4 Cactus é facilmente o mais moderno do grupo. Conhecido como Prince, esse projeto conjunto entre PSA e grupo BMW (que o usou no Mini Cooper da geração passada, entre outros) é o único no comparativo com turbocompressor e injeção direta, além de ter bloco de alumínio — o do Renegade é de ferro fundido, mais pesado e menos eficiente em dissipação de calor.
• Os demais motores são identificados como R18 no HR-V, Nu para o Creta e E-Torq no Renegade. Os quatro têm variação de tempo de abertura das válvulas (o HR-V, também de seu levantamento) e usam corrente para levar movimento ao comando de válvulas. No Honda e no Jeep há apenas uma árvore de comando para as válvulas de admissão e escapamento.
• Os quatro derivam da plataforma de automóveis do grupo. O C4 Cactus tem a de C3, Peugeots 208 e 2008; a do Honda HR-V é compartilhada com Fit, City e WR-V; e a do Creta vem do Elantra, segundo o fabricante. Embora a Jeep anuncie para o Renegade uma arquitetura específica, que seria estendida apenas ao Compass e à Fiat Toro, sabe-se que sua origem está na plataforma do Grande Punto italiano (não a mesma do Punto nacional) e do Opel Corsa alemão de 2005.
• O Renegade é o único a usar suspensão traseira independente, pelo sistema McPherson, em vez do eixo de torção dos outros três. Uma razão para essa escolha está na fácil adequação à versão com tração nas quatro rodas, que apenas ele oferece no Brasil entre os quatro modelos. O uso de tração integral com eixo de torção é possível, como no HR-V em alguns mercados ou no antigo Suzuki SX4, mas não tão simples.
C4 Cactus e Creta têm preços bem próximos; o Renegade custa pouco mais com as bolsas infláveis opcionais; em versão EXL, o HR-V se afasta como o mais caro
Preços
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Sem opcionais | R$ 99.990 | R$ 108.500 | R$ 98.990 | R$ 99.990 |
Como avaliado | R$ 99.990 | R$ 108.500 | R$ 98.990 | R$ 103.480 |
Completo | R$ 107.111 | R$ 110.000 | R$ 100.190 | R$ 109.646 |
Preços sugeridos em 31/1/19 para São Paulo, SP; apenas o preço completo inclui pinturas especiais; menores preços em destaque; consulte os sites: C4 Cactus, HR-V, Creta, Renegade |
Custo-benefício
O Renegade oferece um pacote opcional com bolsas infláveis laterais dianteiras, de cortina e de joelhos para o motorista por quase R$ 3,5 mil. O C4 Cactus veio com o conteúdo básico e HR-V e Creta nem oferecem opções. Assim, em preços sugeridos, o Jeep fica R$ 3,5 mil mais caro que o C4 Cactus, R$ 4,5 mil acima do Creta e R$ 5 mil mais barato que o HR-V. Vale lembrar que, salvo pelo Hyundai, os modelos podem ser comprados com o mesmo conjunto motor-transmissão em versões mais simples e acessíveis. Creta e Renegade, por sua vez, oferecem as opções superiores Prestige e Limited, na ordem, com a mesma mecânica dos avaliados.
Na condição de teste, o conteúdo do C4 Cactus sobressai pelos sistemas de assistência (como frenagem automática e monitor de faixa) e por itens convenientes como chave presencial, limpador automático e retrovisor fotocrômico, o que deixa o modelo com a melhor relação entre preço e equipamentos. Entre os demais as diferenças são poucas, como navegador só no HR-V, mais bolsas infláveis no Renegade e a menor dotação delas no Creta. Diante dos preços de cada um, percebe-se que o Hyundai oferece mais pelo que custa, e o Honda, menos.
A análise das notas (quadro abaixo) indica os melhores resultados para o C4 Cactus em itens de conveniência, motor e desempenho; para o HR-V em estabilidade e para o Renegade em instrumentos e segurança passiva, enquanto o Creta não sobressaiu em nenhum quesito. O Citroën ficou com as notas mais baixas do grupo em direção; o Hyundai em estilo, freios, suspensão e segurança passiva e o Jeep em desempenho. Com um dos melhores conjuntos a um dos preços mais baixos do grupo, o C4 Cactus leva nota maior também em relação custo-benefício.
O Honda vence na média de notas, mas o Citroën revela melhor relação custo-benefício — a melhor escolha depende das prioridades do comprador
Afinal, qual o melhor desses utilitários esporte? Na média de notas, a resposta é o HR-V, dono do melhor comportamento dinâmico e de um conjunto muito bom em espaço para passageiros e bagagem, desempenho, economia e segurança — mas ele é também o mais caro. Por bem menos dinheiro, o segundo colocado C4 Cactus oferece mais em desempenho, conveniência e assistências, mas abre mão de espaço e da esportividade nas curvas.
Em terceiro lugar fica o Renegade, um carro de extremos, que mereceu nota máxima em dois itens (instrumentos e segurança passiva), mas a pior nota do comparativo (2) em desempenho. É tempo de a Jeep substituir seu motor por algo mais moderno e eficiente, como já ocorreu na Europa, e de aplicar as bolsas infláveis adicionais como itens de série.
A pior posição recai no Creta. Embora tenha um bom conjunto em espaço, desempenho e estabilidade, a versão Sport não está competitiva: tem suspensão dura demais e bolsas infláveis de menos diante dos concorrentes. Além disso, o fato de ser o único sem nota 5 indica um carro sem brilho, mesmo que competente.
Mais Avaliações
Nossas notas
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Estilo | 4 | 4 | 3 | 4 |
Acabamento | 4 | 4 | 4 | 4 |
Posição de dirigir | 4 | 4 | 4 | 4 |
Instrumentos | 4 | 4 | 4 | 5 |
Itens de conveniência | 4 | 3 | 3 | 3 |
Espaço interno | 3 | 4 | 4 | 3 |
Porta-malas | 3 | 4 | 4 | 3 |
Motor | 5 | 3 | 4 | 3 |
Desempenho | 5 | 4 | 4 | 2 |
Consumo | 4 | 4 | 3 | 3 |
Transmissão | 3 | 4 | 3 | 4 |
Freios | 4 | 4 | 3 | 4 |
Direção | 3 | 4 | 4 | 4 |
Suspensão | 4 | 4 | 3 | 4 |
Estabilidade | 4 | 5 | 4 | 4 |
Visibilidade | 3 | 4 | 4 | 3 |
Segurança passiva | 4 | 4 | 2 | 5 |
Custo-benefício | 4 | 3 | 3 | 3 |
Média | 3,83 | 3,89 | 3,50 | 3,61 |
Posição | 2°. | 1º. | 4°. | 3°. |
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia |
Teste do Leitor: opinião dos proprietários
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade |
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Ficha técnica
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Motor | ||||
Posição | transversal | transversal | transversal | transversal |
Cilindros | 4 em linha | 4 em linha | 4 em linha | 4 em linha |
Material do bloco/ cabeçote | alumínio | alumínio | alumínio | ferro fundido/ alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | no cabeçote | duplo no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | 4, var. tempo e levant. | 4, variação de tempo | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 77 x 85,8 mm | 81 x 87,3 mm | 81 x 97 mm | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ | 1.799 cm³ | 1.999 cm³ | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 10,2:1 | 11,9:1 | 12,0:1 | 12,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbo, resfriador de ar | injeção multiponto sequencial | injeção multiponto sequencial | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 166/173 cv a 6.000 rpm | 140 cv a 6.500 rpm/ 139 cv a 6.300 rpm | 156/166 cv a 6.200 rpm | 135/139 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 24,5 m.kgf a 1.400 rpm | 17,3 m.kgf a 4.800 rpm/ 17,4 m.kgf a 5.000 rpm | 19,1/20,5 m.kgf a 4.700 rpm | 18,7/19,3 m.kgf a 3.750 rpm |
Potência específica (gas./álc.) | 103,9/108,2 cv/l | 77,8/77,3 cv/l | 78,0/83,0 cv/l | 77,3/79,6 cv/l |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Transmissão | ||||
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 | automática de variação contínua* | automática, 6 | automática, 6 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm (km/h) | ||||
1ª. | 4,40 / ND | variação entre 2,53 e 0,41 / variação entre 9 e 57 km/h | 4,40 / 8 | 4,46 / 7 |
2ª. | 2,37 / ND | 2,73 / 13 | 2,51 / 13 | |
3ª. | 1,56 / ND | 1,83 / 20 | 1,56 / 21 | |
4ª. | 1,16 / ND | 1,39 / 26 | 1,14 / 28 | |
5ª. | 0,85 / ND | 1,00 / 36 | 0,85 / 38 | |
6ª. | 0,67 / ND | 0,77 / 47 | 0,67 / 48 | |
Relação de diferencial | ND | 5,44 | 3,61 | 3,87 |
Regime a 120 km/h** | ND | 2.100 rpm | 2.550 rpm | 2.500 rpm |
Regime à vel. máx. informada | ND | ND | 5.200 rpm (5ª.) | 4.700/4.800 rpm (5ª.) |
Tração | dianteira | dianteira | dianteira | dianteira |
*com simulação de 7 marchas; **na última marcha ou relação mais longa possível | ||||
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Freios | ||||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a disco | a disco | a tambor | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim | sim | sim | sim |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Direção | ||||
Sistema | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica | elétrica | elétrica | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,1 m | 11,4 m | ND | 10,8 m |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Suspensão | ||||
Dianteira | independente, McPherson | independente, McPherson | independente, McPherson | independente, McPherson |
Traseira | eixo de torção | eixo de torção | eixo de torção | eixo de torção |
Elemento elástico | mola helicoidal | mola helicoidal | mola helicoidal | mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro | dianteiro e traseiro | dianteiro e traseiro | dianteiro e traseiro |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Rodas | ||||
Dimensões | 17 pol | 7 x 17 pol | 6,5 x 17 pol | 7 x 18 pol |
Pneus | 205/55 R 17 V | 215/55 R 17 V | 215/60 R 17 H | 225/55 R 18 V |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Dimensões | ||||
Comprimento | 4,17 m | 4,294 m | 4,27 m | 4,232 m |
Largura | 1,714 m | 1,772 m | 1,78 m | 1,798 m |
Altura | 1,563 m | 1,586 m | 1,635 m | 1,705 m |
Entre-eixos | 2,60 m | 2,61 m | 2,59 m | 2,57 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND | ND | ND | 0,36 |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Capacidades e peso | ||||
Tanque comb. | 55 l | 51 l | 55 l | 60 l |
Compartimento de bagagem | 320 l | 431 l | 431 l | 320 l |
Peso em ordem de marcha | 1.214 kg | 1.276 kg | 1.399 kg | 1.480 kg |
Relação peso-potência (gas./álc.) | 7,3/7,0 kg/cv | 9,1/9,2 kg/cv | 9,0/8,4 kg/cv | 11,0/10,6 kg/cv |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Garantia | ||||
Prazo | 3 anos sem limite de km | 3 anos sem limite de km | 5 anos sem limite de km | 3 anos sem limite de km |
C4 Cactus | HR-V | Creta | Renegade | |
Carros avaliados | ||||
Ano-modelo | 2019 | 2019 | 2019 | 2019 |
Pneus | Pirelli Cinturato P7 | Michelin Primacy 3 | Goodyear Efficient Grip SUV | Pirelli Scorpion Verde |
Quilometragem inicial | 3.000 km | 2.000 km | 4.000 km | 700 km |
Dados dos fabricantes; ND = não disponível |