Bem equipado a partir de R$ 75 mil, o hatch esportivo traz bom
desempenho e grande estabilidade para competir com marcas de grife
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Ele é pequeno, mas reúne estilo, desempenho e muita estabilidade. Parece um brinquedo de gente grande, porque foi feito para divertir, muito mais do que se deslocar. A última geração do compacto Suzuki Swift chega ao Brasil com a proposta de um hatch esportivo e ágil, e foi o que pudemos conferir na prática no novo autódromo Velo Cittá, em Mogi-Guaçu, São Paulo.
Para os quarentões e cinquentões, ainda está viva na memória a imagem de vários carrinhos japoneses desembarcando no porto de Santos, SP, naquele começo dos anos 90. Tinham marca de moto e nome de salsicha: Suzuki Swift. Foi um dos primeiros modelos nipônicos a chegar ao Brasil, em 1992, pouco depois que Collor abriu os portos para veículos importados.
Eram bem diferentes do que tínhamos em nossas ruas: um carro compacto, leve e com motores de 1,0 litro e três cilindros — arquitetura hoje tão em voga — e de 1,3 litro e quatro cilindros, este na esportiva versão GTI, com quatro válvulas por cilindro e potência de respeitáveis 100 cv. Quase tanto quanto desenvolviam os 2,0-litros de Chevrolet Kadett, Ford Escort e VW Gol, os hatches nacionais de mais alto desempenho da época.
R$ 75 mil não são pouco por um hatch compacto de 142 cv, mas o Swift Sport vem
bem equipado e custa menos que os concorrentes de grife como Mini e Audi A1
Aquele pioneiro “samurai” ficou no passado para os brasileiros, pois a Suzuki deixou o País e voltou apenas com utilitários como Jimny e Grand Vitara, mas o Swift manteve-se em evolução nos mercados mundiais (leia sua história). Agora, batizado de Swift Sport — com direito a uma versão R —, ele volta a nosso mercado para competir com outros compactos apimentados ou simplesmente charmosos, como Audi A1 Attraction (122 cv, R$ 91,7 mil), Citroën DS3 (165 cv, R$ 87 mil) e Mini Cooper (136 cv, R$ 90 mil). O rol de oponentes inclui ainda o Fiat Punto TJet (152 cv, R$ 62,4 mil).
Como no Swift de 20 anos atrás, a Suzuki optou
por usar um motor de expressiva potência
específica e reduzir o máximo possível a massa
O Swift Sport, ao preço de R$ 75 mil, vem de série com controle eletrônico de estabilidade, freios a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento (ABS), distribuição eletrônica da força de frenagem e assistência adicional em emergências, rodas de 16 pol com pneus 195/50, seis bolsas infláveis (frontais, laterais e cortinas), fixação Isofix para cadeira infantil, faróis de xenônio para ambos os fachos, faróis de neblina, partida sem uso de chave, controlador de velocidade, ar-condicionado automático, banco traseiro bipartido, computador de bordo e rádio/CD/MP3 com comandos no volante.
O Sport R, de R$ 82 mil, acrescenta diferentes cores no teto e nos retrovisores (combinando branco com grafite, amarelo com grafite, grafite com vermelho e preto com vermelho), sensores de estacionamento na traseira e rodas de 17 pol com pneus Pirelli PZero 205/45; pode receber central multimídia com toca-DVDs e navegador (R$ 4 mil) e transmissão com diferencial mais curto. Faltou o teto solar. Ambos têm cinco portas e motor de 1,6 litro e 16 válvulas, que desenvolve potência de 142 cv e torque de 17 m.kgf.
Rodas de 17 pol e teto em cor contrastante à da carroceria diferenciam o Sport R,
que pode ter central multimídia; nos dois o câmbio é manual de seis marchas
Baratos, não são, mas os preços ficam mais palatáveis quando se nota que já existe carro pequeno nacional com 10 anos de janela por R$ 63 mil (VW Fox). A Suzuki do Brasil optou pela versão única de cinco portas, conveniência que a maioria exige hoje, mas apostou no câmbio manual de seis marchas, na contramão das tendências do mercado — veja-se o caso do Mini, que ganhou caixa automática até na mais esportiva versão John Cooper Works por exigência do comprador. Mas é uma aposta válida: talvez os jovens ainda gostem de apertar embreagem e selecionar a marcha em “H”.
Embora já esteja em ponto avançado de seu ciclo de produção (foi lançada em 2010), a atual geração do Swift tem estilo contemporâneo e agradável, com detalhes bem esportivos como os faróis com refletor elipsoidal, o difusor de ar simulado no para-choque traseiro e as duas saídas de escapamento. As colunas pretas, exceto as de trás, sugerem uma área envidraçada contínua entre o para-brisa e as laterais. A versão R consegue efeito interessante com o teto em cor distinta.
O interior de desenho simples, como habitual na marca, “veste” bem o motorista com banco de amplos apoios laterais e volante de ótima pega. Há bons aspectos de praticidade, como a grande abertura do porta-malas (não informado, mas bastante pequeno; dados no exterior registram apenas 211 litros) e a ampla abertura das portas dianteiras, mas os passageiros do banco traseiro têm espaço bem limitado — fica evidente que esse modelo, embora homologado com cinco lugares, foi feito para solteiros ou casais sem filhos.
No interior de formas simples (na foto o do R), bancos e volante são destaques;
faróis usam xenônio em ambos os fachos; note as combinações de cores do R
Potência em alta, peso em baixa
Como já acontecia naquele Swift de 20 anos atrás, a Suzuki optou por usar um motor de expressiva potência específica (89,5 cv/l, uma das mais altas já vistas do lado de cá de Ferraris e Lamborghinis) e reduzir o máximo possível a massa do carro, que ficou em apenas 1.065 kg em ordem de marcha (100 kg a menos que o DS3, que tem dimensões próximas). Com isso conseguiu uma relação peso-potência muito boa de 7,5 kg/cv.
Na prática esse número se traduz em grande agilidade. Mesmo sem o auxílio do turbocompressor presente nos três concorrentes citados, o motor dotado de variação do tempo de abertura das válvulas e coletor de admissão variável faz o Swift ganhar velocidade com rapidez — mas se pode sentir falta de um pouco mais de torque em baixa rotação, pois o máximo de 17 m.kgf aparece a altas 4.400 rpm. É preciso recorrer ao câmbio para manter “aceso” no uso esportivo o 1,6-litro, que tem funcionamento suave (a relação r/l é razoável, 0,305). Embora a Suzuki local não informe velocidade máxima ou aceleração de 0 a 100 km/h, dados do mercado inglês para essa versão apontam 195 km/h e 8,7 segundos.
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