Versão flexível de 1,75 litro ganhou agilidade: saiba quais seus argumentos para merecer sua garagem
Texto e fotos: Fabrício Samahá
A Fiat Toro foi uma ideia bem-sucedida, e disso não resta dúvida: ela tem sido a segunda picape mais vendida do Brasil, atrás apenas da “irmã menor” Strada, que é bem mais barata. Mas também é fato que a versão flexível inicial da Toro, com motor de 1,75 litro, não agradou em desempenho, como constatamos no comparativo com sua opção mais potente e com a Renault Duster Oroch. Ciente das críticas, a Fiat fez alterações técnicas no ano passado. Para saber se elas foram efetivas, colocamos na avaliação 10 Chances a Toro Freedom, que terá 10 chances de merecer sua garagem. Vamos ver como se saiu.
1. Estilo
Não é fácil sair da mesmice no desenho de picapes, mas a Toro teve êxito nessa tarefa. A frente tem estilo ousado, com as luzes superiores de leds em destaque e os faróis mais abaixo. A construção monobloco permitiu integrar a cabine e a caçamba, com uma linha fluida, e a traseira também foi criativa. 1 ponto
2. Acabamento e conveniência
O acabamento da Toro não corresponde ao de um automóvel do mesmo preço: os plásticos são rígidos e não aparentam qualquer luxo, os bancos usam tecido simples. Por outro lado, ela oferece boas conveniências, como alerta para portas mal fechada que inclui a tampa traseira, ar-condicionado automático de duas zonas, câmera traseira de manobras, controlador e limitador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque em todos e abertura/fechamento a distância, espelho interno fotocrômico, faróis e limpador de para-brisa automáticos, para-sóis com espelhos iluminados, rebatimento elétrico dos retrovisores, tomadas USB e de 12 volts para os passageiros de trás e quatro luzes de leitura.
Como pontos negativos, o sistema de áudio tem tela pequena, som modesto e não espelha telefone celular; a parte brilhante do painel reflete muito os raios solares; o erro do velocímetro é excessivo e faltam espaços para objetos (apesar de haver um sob o assento do passageiro da frente) e faixa degradê no para-brisa. 0,5 ponto
Estilo da Toro conseguiu harmonia incomum em picapes, ajudada pela estrutura monobloco; versão Freedom tem preço inicial de R$ 103 mil com bom conteúdo
3. Posto do motorista
É fácil acomodar-se ao volante da Toro, que tem ajuste em altura e distância e um aro espesso. O banco bem desenhado apoia bem as coxas e no quadro de instrumentos, além do computador de bordo com duas medições, estão indicações de temperatura do óleo do motor e da transmissão, tensão da bateria, pressão dos pneus, horas do motor e velocímetro digital. A picape tem bons faróis de duplo refletor, unidades de neblina e repetidores laterais das luzes de direção. Poderia ser melhor a visibilidade dianteira: as colunas são largas. 1 ponto
4. Espaço
A Toro é ampla por dentro, mas não tanto quanto seu comprimento de quase 5 metros faz esperar. O banco traseiro tem bom espaço para pernas e cabeças, mas é estreito para três adultos e um ocupante central sofre com o encosto duro. 0,5 ponto
Acabamento e largura interna são modestos para seu preço, mas motorista se acomoda bem; apenas bolsas infláveis frontais vêm de série, com opção por outras cinco
5. Caçamba
Para uma picape de cabine dupla com seu tamanho, a caçamba é espaçosa: 820 litros. Vem com proteção plástica e cobertura marítima. As duas tampas traseiras abertas para os lados dividem opiniões: por um lado, são leves e demandam pouco espaço para abertura; por outro, não oferecem apoio para uma carga pesada antes da acomodação. O estepe montado sob a caçamba usa pneu igual aos outros, mas com roda de aço. Ela tem capacidade de carga de 650 kg, item não considerado em nossa nota. 1 ponto
O acerto de suspensão não poderia ser melhor: o conforto surpreende os acostumados a modelos com chassi e o comportamento em curvas lembra o de um SUV
6. Desempenho
Na linha 2018 o motor de 1,75 litro ganhou coletor de admissão variável, como no Jeep Renegade. Potência e torque não mudaram, mas há mais força em baixas rotações. Deu resultado? Sim: a pesada picape está mais ágil e a aceleração de 0 a 100 km/h baixou de 15,2 para 13,7 segundos com gasolina. Não chega a ser rápida, mas não incomoda tanto quanto antes. Os níveis de ruído e vibrações são adequados e a partida a frio não usa tanque de gasolina. A transmissão automática de seis marchas opera bem, apesar de ser um pouco lenta nas reduções, e agora oferece o modo esportivo, que mantém rotações mais altas e favorece o freio-motor. Mudanças manuais podem ser feitas via comandos no volante. 0,5 ponto
7. Consumo
A Toro está longe de ser econômica. Nossas medições apontaram consumo pior que na picape anterior, com menos de 10 km/l de gasolina nos trajetos mais favoráveis. Ela gastou mais que a versão de 2,4 litros ou que a Duster Oroch de 2,0 litros. 0 ponto
Instrumentos incluem pressão de pneus e tensão de bateria; sistema de áudio é fraco e com tela pequena; câmera traseira, controlador de velocidade, para-sóis iluminados e espaço sob o banco do passageiro
8. Comportamento dinâmico
Para uma picape, o acerto de suspensão não poderia ser melhor. O conforto ao rodar e a absorção de impactos surpreendem os acostumados a modelos com chassi, mérito em grande parte da suspensão traseira independente multibraço. Outro destaque é seu comportamento em curvas, que lembra mais o de um bom utilitário esporte que de uma picape tradicional. Controle eletrônico de estabilidade e tração vem de série. Na direção com assistência elétrica, de peso sempre correto, um estorvo é o diâmetro de giro grande demais. 1 ponto
9. Segurança passiva
O conteúdo de série inclui apenas bolsas infláveis frontais, o que é pouco. Podem-se ter mais cinco (laterais dianteiras, de cortina e de joelhos do motorista) por salgados R$ 6 mil, incluindo bancos de couro. Todos os passageiros têm encosto de cabeça e cinto de três pontos e existem fixações Isofix para cadeira infantil. 0,5 ponto
Sem ganho de potência, motor revisto deixou a Toro mais ágil; caixa de seis marchas ganhou programa Sport; caçamba para 820 litros usa duas tampas laterais
10. Custo-benefício
A Toro Freedom custa R$ 103 mil sem opcionais, como foi avaliada, e passa de R$ 112 mil completa. A Duster Oroch Dynamique automática sai por R$ 86.190 com motor mais potente (até 148 cv), mas é claramente mais antiga, menor e menos refinada. Por outro lado, picapes maiores e de tração traseira não custam muito mais: a Chevrolet S10 LT, de 2,5 litros e 206 cv, custa R$ 111.490 e a Toyota Hilux SR, de 2,7 litros e 163 cv, R$ 115.580, ambas com caixa automática. Diante dessas opções, a relação custo-benefício da Toro é apenas regular, mas ela continua a única picape com porte adequado ao uso urbano, projeto moderno e comportamento de automóvel. 0,5 ponto
Equipamentos e preços
• Toro Freedom 1,75 automática – Alarme antifurto, ar-condicionado automático de duas zonas, assistente de saída em rampa, cobertura marítima de caçamba, cintos de três pontos e encostos de cabeça para cinco ocupantes, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade, controle elétrico de vidros e travas, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeira infantil, monitor de pressão dos pneus, rodas de alumínio de 16 pol, sensor de estacionamento traseiro, sistema de áudio com tela de 5 pol, interface Bluetooth e conexões USB e auxiliar, volante com regulagem de altura e distância.
• Opcionais: bancos de couro, bolsas infláveis (laterais dianteiras, de cortina e de joelhos para o motorista), frisos laterais e para-barros, maçanetas cromadas.
• Preço sem opcionais: R$ 102.990 • Preço como avaliado: R$ 102.990 • Preço completo: R$ 112.669
• Garantia: três anos sem limite de quilometragem.
Preços sugeridos em 7/6/18
Desempenho e consumo
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 13,7 s | |
0 a 120 km/h | 20,0 s | |
0 a 400 m | 19,1 s | |
Retomada* | ||
60 a 100 km/h | 8,1 s | |
60 a 120 km/h | 14,7 s | |
80 a 120 km/h | 10,6 s | |
Consumo | ||
Trajeto leve em cidade | 9,1 km/l | |
Trajeto exigente em cidade | 4,8 km/l | |
Trajeto em rodovia | 9,5 km/l | |
Testes com gasolina; *reduções automáticas; conheça nossos métodos de medição |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 135/139 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo | 18,8/19,3 m.kgf a 3.750 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 16 pol |
Pneus | 215/65 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,915 m |
Largura | 1.844 m |
Altura | 1,68 m |
Entre-eixos | 2,99 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 820 l |
Peso em ordem de marcha | 1.619 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 172/175 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,8/12,2 s |
Consumo em cidade | 8,3/5,8 km/l |
Consumo em rodovia | 10,5/7,4 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |