Proprietários elogiam acabamento e motores 1,4 e 2,0-litros; transmissão DSG é fonte comum de reclamações
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
O Volkswagen Golf carrega um nome tradicional entre os hatches médios, com 23 anos de Brasil e 43 no mercado europeu, e está na briga pela liderança de vendas da categoria. É uma boa opção? O que pensam os proprietários sobre ele? Teremos as respostas em mais um Guia de Compra.
Depois de 14 anos de produção da quarta geração do Golf, o Brasil recebeu a sétima em 2013, trazida da Alemanha em duas versões. A Highline usava motor turbo de 1,4 litro (potência de 140 cv e torque de 25,5 m.kgf, enquanto a esportiva GTI vinha com o turbo de 2,0 litros (220 cv e 35,7 m.kgf), ambos com injeção direta de gasolina. Nos dois casos a transmissão era automatizada DSG de dupla embreagem, com sete marchas no 1,4 e seis no GTI. O Highline podia ter ainda caixa manual de seis marchas. Todo Golf vinha com suspensão traseira independente multibraço.
Os equipamentos eram um destaque. Ambos traziam alerta para baixa pressão de pneus, ar-condicionado de duas zonas, bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras, de cortina e de joelhos do motorista, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e freio de estacionamento com comando elétrico e retenção automática. O Highline podia receber três pacotes: Elegance, Exclusive e Premium. Entre as opções estavam assistente de estacionamento, bancos de couro, chave presencial, faróis de xenônio, navegador, rodas de 17 pol e teto solar panorâmico. O GTI, que já vinha com comandos de marchas no volante e rodas 17, podia ganhar sistema de áudio superior e teto solar, entre outros.
A versão de entrada Comfortline aparecia meses depois. Mantinha o motor e as opções de caixa da Highline, mas perdia ar-condicionado automático, leds nas lanternas e controlador de velocidade. No fim de 2014 a VW passava a trazer o Golf do México com as mesmas versões e motores. O freio de estacionamento passava a usar alavanca.
Entre os proprietários de Golf, as qualidades mais elogiadas são desempenho e consumo do motor, válidas tanto para o GTI quanto para o 1,4 turbo, e o acabamento interno
Meses mais tarde chegava a Golf Variant, também mexicana, que substituía a Jetta Variant. Versões, conteúdos e motor da perua repetiam os do Golf 1,4 com caixa DSG, mas havia quase o dobro de espaço para bagagem: 605 ante 313 litros. Ainda em 2015 a Variant ganhava opção de caixa manual, na Comfortline, e sistema de áudio com App-Connect. A tela do celular podia ser espelhada na tela central do painel pelas tecnologias Mirror Link, Car Play e Android Auto.
O Golf 2016 mudava outra vez de origem: começava a ser feito em São José dos Pinhais, no Paraná. Embora com iguais versões, havia alterações técnicas. O Comfortline adotava motor aspirado e flexível de 1,6 litro com 110 cv/15,8 m.kgf (gasolina) e 120 cv/16,8 m.kgf (álcool). No Highline, o turbo de 1,4 litro agora era flexível e chegava a 150 cv, sem alteração de torque. Ambos podiam ter transmissão automática de seis marchas, que substituía a DSG. A suspensão traseira, mais simples, vinha com eixo de torção. Essas alterações não afetavam o GTI, também nacionalizado, mas o esportivo vinha com sistema de áudio Fender. Como na perua, os sistemas podiam espelhar a tela do celular. A Variant continuava importada e sem mudanças.
As versões Comfortline (em vermelho) e Highline (demais fotos) chegaram com motor turbo de 1,4 litro; o primeiro trocou-o mais tarde pelo 1,0 turbo e pelo 1,6
Mais novidades vinham na linha 2017. O Golf Comfortline aparecia com motor turbo de 1,0 litro, flexível e com injeção direta (116/125 cv, sempre com 20,4 m.kgf), que vinha sempre com caixa manual de seis marchas. Na Golf Variant o motor 1,4 turbo agora seguia o do hatch, flexível e com 150 cv, assim como a caixa automática de seis marchas e o eixo traseiro de torção.
Para 84%, muita satisfação
A análise das opiniões dos proprietários de Golf, publicadas no Teste do Leitor, indicou grande número de qualidades. As mais elogiadas são o desempenho (56%) e o consumo do motor (50%), válidas tanto para o GTI quanto para o 1,4 turbo, e o acabamento interno (50%), mais citado em versões alemãs — nenhum carro avaliado tinha o motor 1,6 ou o 1,0-litro turbo.
Na sequência aparecem os itens de segurança (38%). Referências positivas a ambos os motores (34%), à caixa DSG (31%), a itens de conforto e conveniência (28%) e ao estilo (25%) também são muito comuns entre os donos. Vale mencionar ainda as citações a tecnologia (25%), estabilidade (22%), sistema de áudio (19%) e nível de ruído (16%).
O GTI sobressaía em desempenho com motor turbo de 2,0 litros e 220 cv; mesmo ao ser nacionalizado, manteve a caixa de dupla embreagem
Diego Niehues, de Curitiba, PR, considera seu Golf Highline 1,4 turbo 2014 um “carro econômico, com excelente desempenho pelo tamanho do motor, e acabamento de primeira. Chave por presença, teto solar, vários itens de segurança. Olhando para a concorrência, não vejo nada nessa faixa de preço tão bom quanto. A qualidade dos materiais utilizados em sua construção também me agrada muito.”
A transmissão DSG da versão 1,4, mais comum na pesquisa, é o aspecto mais apontado como negativo (31%): em pisos irregulares ela faz ruídos e retém as marchas até rotações mais altas —curiosamente, o índice de críticas ao item empata com o de menções positivas. Há queixas frequentes também ao espaço para bagagem (22%), ao conforto da suspensão (19%) e a seus ruídos (16%), sempre em Golfs importados. Registram-se ainda o espaço para os passageiros de trás e a demora da DSG a efetuar reduções de marcha (9% cada).
“Muito barulho na suspensão e a troca de marcha retém da 1ª para a 2ª em pisos irregulares com giro de 4.000 rpm. Isso atrapalha na saída de vias, principalmente para vias mais aceleradas. Muito ruim em pavimento de paralelepípedo quando da saída de semáforo e em lombadas”, observa Lucilo Bandeira de Mello, de Recife, PE, sobre seu 1,4 turbo 2016.
Uma das poucas peruas do mercado, a Golf Variant compartilhava motor 1,4 e transmissão com o hatch, mas acrescentava um ótimo porta-malas: 605 litros
É baixa a incidência de defeitos nos Golfs dos leitores. Mesmo assim, diversos relataram danos aos pneus de 17 pol, que sugerem inadequação ao piso brasileiro (16%); problemas nos amortecedores e ruídos no interior (13% cada). Poucos foram os casos de falhas na caixa DSG (9%), no dreno do ar-condicionado (6%) e no sensor de pressão de pneus (3%). Edney, de Blumenau, SC, proprietário de Golf 1,4 turbo 2014, comenta: “Ruído em excesso no câmbio DSG em baixas rotações, principalmente na 2ª e 3ª marchas. Dá impressão de ter peças soltas dentro da caixa. Os pneus são para estradas alemãs: com 15.000 km já estavam com duas bolhas gigantes”.
Afinal, qual o grau de satisfação dos donos desse Volkswagen? Disseram-se muito satisfeitos 84% deles, um dos percentuais mais altos entre os oito Guias de Compra já feitos. Só o Up da mesma marca, com 94%, conseguiu melhor índice. Como referência de outros modelos na faixa de preço dos médios, o Nissan Sentra ficou em 62%, o Ford Ecosport em 58% e o Renault Duster em 56%. Por outro lado, as concessionárias poderiam ser melhores: só 44% estão muito satisfeitos com elas, abaixo dos índices de Ecosport (58%) e Sentra (48%), mas acima do Duster (30%; os índices são da época de cada Guia de Compra).
Mais Guias de Compra
Satisfação com o carro
Muito satisfeitos | 84% |
Parcialmente satisfeitos | 13% |
Insatisfeitos | 3% |
Pesquisa com 32 donos |
Satisfação com a rede de concessionárias
Muito satisfeitos | 44% |
Parcialmente satisfeitos | 31% |
Insatisfeitos | 13% |
Não usam | 13% |
Pesquisa com 32 donos |
Ficha técnica
Highline (2014 e 2015) | GTI | |
Motor | ||
Posição | transversal | |
Cilindros | 4 em linha | |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | |
Diâmetro e curso | 74,5 x 80 mm | 82,5 x 92,8 mm |
Cilindrada | 1.395 cm³ | 1.984 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 | 9,6:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar | |
Potência máxima | 140 cv de 4.500 a 6.000 rpm | 220 cv de 4.500 a 6.200 rpm |
Torque máximo | 25,5 m.kgf de 1.500 a 3.500 rpm | 35,7 m.kgf de 1.500 a 4.400 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de caixa e marchas | manual, 6 ou automatizada de dupla embreagem, 7 | automatizada de dupla embreagem, 6 |
Tração | dianteira | |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | elétrica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 6,5 x 16 pol* | 7,5 x 17 pol |
Pneus | 205/55 R 16* | 225/45 R 17 |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,255 m | 4,268 m |
Largura | 1,799 m | |
Altura | 1,468 m | 1,456 m |
Entre-eixos | 2,63 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 50 l | |
Compartimento de bagagem | 313 l | 338 l |
Peso em ordem de marcha | 1.218 kg | 1.317 kg |
Desempenho e consumo | ||
Velocidade máxima | 212 km/h | 244 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,4 s | 6,5 s |
Consumo em cidade | 11,7 km/l | ND |
Consumo em rodovia | 13,3 km/l | ND |
Dados do fabricante; consumo de gasolina; *rodas de 17 pol opcionais; ND = não disponível |