Defasado ele é, mas oferece espaço e ganhou novos motor e transmissão: ainda vale a pena comprar esse SUV?
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Em um mercado concorrido como o de utilitários esporte, quase oito anos na mesma geração é muito tempo. Essa é a idade do Renault Duster, lançado no Brasil em 2011. Por outro lado, o SUV tem recebido atualizações, como o motor SCE de 1,6 litro associado a uma transmissão automática de variação contínua (CVT) e controle eletrônico de estabilidade, enquanto o preço foi reduzido. O Best Cars avaliou para a seção 10 Chances o Duster Dynamique CVT, com valor sugerido de R$ 80.690. Quais suas chances de merecer sua garagem? Veremos.
Estilo
A idade pesa no desenho do Duster, que mudou pouco em 2015, mas seu jeito robusto e típico de SUV ainda tem apreciadores. 0,5 ponto
Acabamento e conveniência
A não ser pelos bancos de couro preto e marrom, o interior é bem simples e um tanto antiquado, pois seu desenho não mudou desde o lançamento. Ele usa plásticos rígidos, o ar-condicionado é barulhento e há falhas de ergonomia, como os comandos de ventilação muito baixos e a posição da tela da central de áudio, que facilita reflexos. Ao sair, é comum sujar a barra da calça no falso estribo, que não serve de apoio ao entrar.
Revisto há quatro anos, o desenho do Duster data de 2011, mas faz adeptos pelo jeito robusto; rodas de alumínio e faróis de neblina são de série no Dynamique
A dotação de conveniências é regular: câmera traseira de manobras, controlador e limitador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque e fechamento a distância (sem abertura), indicador de temperatura externa, mola a gás para manter o capô aberto, sensores de estacionamento atrás. A central de áudio com tela de 7 polegadas, de operação simples, ganhou meses atrás integração a celular por Android Auto e Apple Car Play. Entre as faltas observamos alarme volumétrico, ar-condicionado automático, para-brisa degradê e preaquecimento de álcool para partida a frio, além de haver pouco espaço para pequenos objetos. 0,5 ponto
Posto do motorista
A posição de dirigir poderia ser melhor: o banco é duro e mal desenhado, cansa as coxas e tem pouco apoio lombar, e falta regulagem do volante em distância. Os instrumentos simples incluem computador de bordo e há um monitor da eficiência da condução na tela central. O Duster tem bons faróis de duplo refletor, unidades de neblina e repetidores laterais das luzes de direção, que ficam nos para-lamas como antigamente. Vantagem do projeto antigo são as colunas dianteiras finas, que ajudam na visibilidade. Já os retrovisores deveriam ser mais largos. 0,5 ponto
Espaço interno
Para sua faixa de preço, o SUV sobressai em espaço interno: é amplo para pernas e cabeças e razoável para três pessoas atrás em largura. Mesmo o passageiro central tem conforto adequado. 1 ponto
Espaço para passageiros e bagagem é ponto alto na categoria, mas falta conforto ao motorista; desenho interno e falhas de ergonomia também acusam a idade
Porta-malas
A capacidade de bagagem também está entre as melhores da categoria, 475 litros. É um dos poucos SUVs da classe que não perdem para as tradicionais peruas. O banco traseiro tem encosto bipartido e o estepe usa pneu como os outros, o que é bom. Poucos gostam, porém, de sua montagem externa sob a carroceria. 1 ponto
As respostas do motor são lentas, mas a caixa CVT não deixa saudades da automática de quatro marchas; a suspensão do Duster transmite robustez e certo conforto
Motor e desempenho
O Duster ganhou para 2017 o motor SCE, de origem Nissan, com variação de tempo de abertura das válvulas e bloco de alumínio. Potência e torque são apenas razoáveis para seu peso de 1.240 kg, o que se nota ao dirigir: as respostas são lentas e não melhoram muito em alta rotação. O ponto alto é a caixa CVT, que responde bem ao que o motorista pede e não deixa saudades da automática de quatro marchas, antes usada com motor de 2,0 litros.
O Renault comprovou na pista que anda pouco: levou 13,8 segundos de 0 a 100 km/h (segunda pior marca entre os testes da categoria) e foi modesto em retomadas. O motor poderia ser mais silencioso em alta rotação. A CVT faz os giros variarem quando se acelera bastante, simulando trocas de marcha — agrada aos ouvidos, mas prejudica os resultados. Ela permite operação manual pela alavanca, embora não tenha um programa esportivo. Em modo manual as trocas continuam automáticas para cima e pode-se acelerar bastante sem invocar redução. 0,5 ponto
Central de áudio com tela de 7 pol inclui integração a celular e câmera traseira; instrumentos simples; controlador e limitador de velocidade
Consumo
O consumo urbano foi bom, na média do segmento, mas o rodoviário teve a pior marca da classe — nem Ford Ecosport e Hyundai Creta de 2,0 litros gastaram tanto. Na cidade a CVT ajuda a economizar; já em alta velocidade o motor pouco potente precisa ganhar rotações para vencer a resistência do ar, o que explica em parte o mau resultado. 0,5 ponto
Comportamento dinâmico
A suspensão do Duster transmite robustez e certo conforto, sobretudo nos grandes movimentos. Pode melhorar a absorção de pequenas irregularidades. Sua estabilidade é adequada e hoje existe controle eletrônico. Falha grave é não se poder desligar o controle de tração: em pisos como lama e areia, às vezes é melhor as rodas patinarem do que o motor cortar e o carro não sair. Ele tem bons freios, mas a direção reforça o jeito quase de jipe: é mais pesada em manobras que o habitual na categoria. 0,5 ponto