Grand Siena vs. Versa: questão de abordagem

 

Fiat e Nissan tomaram caminhos distintos para oferecer
algo mais que o habitual em sedãs compactos de até R$ 45 mil

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Sem grandes novidades desde o lançamento do Volkswagen Voyage, em 2008, o segmento de sedãs compactos voltou a receber atenção dos fabricantes nos últimos meses de 2011. Chegaram Chevrolet Cobalt, Nissan Versa e, já este ano, o Fiat Grand Siena para oferecer opções um pouco maiores e com novos atrativos à categoria (a Ford havia lançado em 2010 o Fiesta sedã importado do México, que por seu preço compete em faixa um pouco mais alta que a desses modelos).

O Best Cars colocou lado a lado os estreantes da Fiat e da Nissan em suas versões superiores, ambas com motores de 1,6 litro e 16 válvulas. Os quatro “Ps” considerados em nossos comparativos apontam para uma competição equilibrada.

 

 

Fiat Grand Siena Essence

Nissan Versa

4,29 m 115/117 cv R$ 45.532 4,45 m 111 cv R$ 42.280
Preços públicos sugeridos, em reais, para os carros avaliados, com possíveis opcionais

 

São carros com a mesma proposta de uso: sedãs com espaço justo para uma pequena família, ampla capacidade de bagagem e motores que associam desempenho satisfatório a um consumo moderado, o que os torna adequados tanto ao uso urbano quanto a viagens. O Versa sobressai em porte, com 16 centímetros a mais em comprimento e 9 cm adicionais em distância entre eixos que o Grand Siena. Os motores flexíveis ficam próximos em potência: são 115/117 cv no Fiat (na ordem gasolina/álcool) e 111 cv no Nissan.

E não falta equilíbrio no sempre importante preço. O Grand Siena Essence parte de valor mais baixo, R$ 40,4 mil ante R$ 41,3 mil do concorrente, mas o que avaliamos trazia diversos opcionais que o levavam a R$ 45,5 mil (não considerado o câmbio automatizado Dualogic, pois não existe opção similar no rival). Já o Versa SL oferece como única opção a pintura metálica, que o deixa custando R$ 42,3 mil. Para quem desejar, uma configuração intermediária do Fiat pode deixá-lo ainda mais próximo do Nissan em conteúdo e preço.

Próxima parte

 

 


Derivados de hatches, eles têm desenho próprio e maior entre-eixos, mas as diferenças
são maiores do Versa para o March que do Grand Siena em relação ao novo Palio

Concepção e estilo

O Grand Siena baseia-se na segunda geração do Palio, revelada no fim do ano passado depois de sucessivas reestilizações aplicadas ao hatch original de 1996. Dessa vez a Fiat resolveu buscar uma colocação de mercado um pouco mais alta para o sedã por meio de frente própria, acabamento diferenciado e entre-eixos mais longo — a mesma estratégia que lhe havia dado o Linea a partir do Punto.

E pela mesma estratégia nasceu o Versa, um Nissan fabricado no México para ser vendido nos Estados Unidos como um dos carros mais baratos daquele mercado. Embora derivado do March, o sedã tem todos os painéis de carroceria diferenciados — até as portas e colunas dianteiras, que em muitos casos, como no Grand Siena, são aproveitadas do hatch. Curioso é que Versa sempre foi o nome para os norte-americanos do carro que conhecemos como Tiida, um modelo maior oferecido como hatch e sedã. Aqui eles convivem, mas nos EUA o Tiida sedã ficou no passado.

 


As formas do Fiat são mais equilibradas, embora lhe falte a identidade da
marca; no Nissan a traseira parece baixa e as partes não se combinam

 

O Grand Siena mostra linhas discretas, mas equilibradas, com um bom trabalho de desenho em especial na vista de perfil. Poderia ter a identidade Fiat mais evidente na parte dianteira, além de mostrar semelhança exagerada com o Voyage em numerosos elementos visuais, mas isso não tira o mérito do estilo. O mesmo não pode ser dito do Versa, no qual as formas não “conversam” entre si. Há elementos retilíneos e curvos lado a lado — como grade e faróis —, a linha de teto em declínio é estranha e a traseira dá a impressão de ser longa e baixa demais, como se pertencesse a outro carro (saiba mais nas Análises de Estilo do modelo da Fiat e da Nissan).

Há empate técnico em coeficiente aerodinâmico (Cx), 0,318 no Versa e 0,32 no Grand Siena, e nem mesmo a área frontal (estimada) serve para desempatar, pois a diferença é mínima. Na multiplicação dos índices, o Nissan termina com 0,753 e o Fiat com 0,755 — ou seja, o ar não seria capaz de dizer por qual deles passou com mais facilidade…

Conforto e conveniência

Não há como negar: o interior do Grand Siena agrada bem mais aos olhos que o do Versa. A Fiat caprichou no trabalho visual dessa versão Essence, com uma bela combinação de tons que inclui um bronze em elementos do painel e um bege na parte superior dos bancos — bem-vinda alternativa aos revestimentos sempre pretos ou escuros do mercado nacional. Há também filetes cromados de bom aspecto, embora os dos difusores de ar superiores causem reflexo do sol em certas condições. No Nissan, o painel similar ao do March tem aparência um tanto pobre e quase não existem peças no interior que não venham em preto. Estética à parte, os materiais das cabines são semelhantes, com plásticos rígidos (mas com boa montagem) e tecidos de revestimento simples.

 


Se nenhum é luxuoso ou usa materiais caros, o Grand Siena mostra cuidado
maior com a aparência com a agradável combinação de tons e texturas

 

O motorista encontra boa posição nos dois modelos, com alinhamento adequado entre banco, volante e pedais (embora no Grand Siena a direção fique um pouco mais à direita), apoio suficiente em curvas e local apropriado para o pé esquerdo. Existe nos dois a regulagem de altura para assento e volante (não em distância), enquanto este último revela melhor apoio para os polegares no Fiat, com raios mais altos, além de vir revestido em couro. Incomodam no Nissan a dura liberação do ajuste do volante e o fato de seu encosto não acompanhar a mudança de altura feita no assento, arranjo que não víamos mais desde o fim do Fiat Stilo e da primeira geração do Ford Focus. A reclinação de seus bancos é feita por alavanca; a do concorrente, por botão giratório. No Grand Siena poderia melhorar o pedal de acelerador, que exige deixar o pé muito à horizontal para uso do curso total.

A versão SL do Versa tem um quadro de instrumentos específico, com iluminação permanente (em branco, mesmo tom do concorrente, em vez do laranja do March) e mostrador digital para temperatura do motor e nível de combustível, sem que isso prejudique a leitura. Como o painel bem legível do Grand Siena, ele traz um computador de bordo que informa consumo em nosso padrão (km/l), mas o do Fiat oferece duas medições, configuração de funções e alerta programável para excesso de velocidade.

Nos dois sedãs o sistema de áudio lê MP3 e oferece qualidade mediana. O do Grand Siena possui entradas USB e para Ipod, além de interface Bluetooth para telefone celular, enquanto o do Versa dispõe apenas de conexões auxiliar e para Ipod. A favor do Fiat estão os comandos de áudio no volante e o funcionamento mesmo com a ignição desligada. Também preferível no Grand Siena é seu controle elétrico de vidros com função um-toque e sensor antiesmagamento para todos, temporizador, abertura e fechamento com comando a distância — nada disso existe no Versa, que tem um-toque só para descer a janela do motorista.

 


Os quadros de instrumentos são fáceis de ler, apesar dos mostradores digitais
do Versa; ruim é selecionar as funções de seu computador de bordo

 

O Grand Siena leva outras vantagens em conveniência, como faixa degradê no para-brisa, mostrador de temperatura externa, quatro luzes de leitura (no Versa, apenas luzes gerais na frente e no centro), alerta específico de qual porta está mal fechada (no Nissan há um aviso geral), alças de teto na parte traseira, alarme com proteção por ultrassom, luz de aviso para atar cinto, um ótimo comutador de faróis (do tipo que só se puxa e com batente bem definido, para não passar ao facho alto sem querer ao relampejar com o baixo aceso), bolsas em ambos os encostos dianteiros (só no direito, no Versa), porta-óculos de teto e as opções de controlador de velocidade, retrovisor interno fotocrômico, comando automático para faróis e limpador de para-brisa e sensores de estacionamento na traseira. Oferece ainda um amplo teto solar, com seção dianteira móvel e traseira fixa, mas o carro avaliado não o trazia.

A favor do Versa estão apenas maçanetas cromadas (fáceis de encontrar à noite), tampa no espelho do para-sol do passageiro (sem iluminação em ambos os carros), janelas traseiras que descem por inteiro e bocal externo do reservatório de gasolina para partida a frio, junto ao para-brisa, o que dispensa abrir o capô. E os dois contam com itens como comando interno do bocal de abastecimento, vários porta-copos e difusores de ar bem posicionados — nota-se capricho nesse item no Grand Siena, em oposição aos difusores baixos e ineficazes da geração anterior. Vale notar que o Versa vem “depenado” para cá, pois nos EUA oferece Bluetooth, controlador de velocidade e até navegador integrado ao painel.

Merecem correção no Nissan o comando de seleção nada prático do computador de bordo, pelo mesmo botão que zera o hodômetro parcial; as portas, que só se desbloqueiam quando o motorista retira a chave do miolo de ignição e não se abrem se travadas; as alavancas que abrem capô e tampa do tanque, difíceis de ver e diferenciar na parte inferior do painel; e o bloqueio de vidros traseiros (para evitar seu uso por crianças), burro como habitual nas marcas japonesas, pois trava também os botões da porta do motorista que acionam esses vidros e o do passageiro da frente. Poderia melhorar em ambos os carros o espaço para pequenos objetos.

 


A favor do Fiat, capacidade de bagagem pouco maior: 520 ante 460 litros do Nissan

 

Onde o Versa vence por larga margem é em espaço para pernas no banco traseiro, que chega a impressionar, pois supera até modelos do segmento médio (no Grand Siena é apenas razoável, típico de um carro de seu tamanho). Também cômoda é a posição de seu encosto, mais reclinada que o habitual. Não se engane, porém: ele ainda é um sedã compacto em termos de largura, como fica evidente quando três adultos se sentam atrás, com tanto aperto quanto no Fiat. Este ainda é melhor quanto à altura útil, aspecto que no Nissan é prejudicado pelo declínio rápido do teto, e incomoda menos eventual quinto ocupante pela conformação do banco.

O Grand Siena oferece maior capacidade de bagagem, 520 litros contra 460 do oponente. Em ambos a tampa usa braços econômicos, em vez das mais funcionais articulações pantrográficas, e pode ser aberta pelo controle remoto da chave, mas no Fiat se precisa puxar a tampa com a mão no início, enquanto a do Nissan se ergue até a metade, mais prático. Também superior neste último é a forração interna da tampa. Os estepes ficam por dentro e usam roda de aço com pneu de 15 pol — correto para o Versa e errado para o Grand Siena, que usa 16 pol nas demais rodas.

Próxima parte

 

 


O motorista vai bem acomodado no Grand Siena, mas o espaço no banco traseiro
não impressiona; o quinto ocupante também dispõe de encosto de cabeça

 


Os passageiros de trás encontram espaço excepcional para pernas no Versa, mas a
largura é de carro pequeno; há cinto de três pontos para o passageiro do meio

 

 


Conveniências do Fiat: alerta de excesso de velocidade, áudio com comandos no volante e
interface para celular, faróis automáticos, porta-óculos, controlador de velocidade

 


Modesto em equipamentos, o Nissan traz conexão para Ipod no áudio (mas não
a comum USB) e dispensa abrir o capô para completar o tanque de partida

Próxima parte

 

Equipamentos de série e opcionais

Grand Siena

Versa

Ajuste de altura dos bancos mot./pas. S/ND S/ND
Ajuste de apoio lombar mot./pas. ND ND
Ajuste do volante em altura/distância S/ND S/ND
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. ND ND
Ajuste elétrico dos retrovisores O S
Alarme antifurto/controle a distância S/S S/S
Aquecimento S S
Ar-condicionado/controle automático/zonas S/ND/NA S/ND/NA
Bancos/volante revestidos em couro ND/O ND/ND
Bolsas infláveis frontais/laterais/cortinas S/O/ND S/ND/ND
Câmbio automático/automatizado ND/O ND
Câmera traseira para manobras ND ND
Cintos de três pontos, todos os ocupantes ND S
Computador de bordo S S
Conta-giros S S
Controlador/limitador de velocidade O/ND ND
Controle de tração/estabilidade ND ND
Controle elétrico dos vidros diant./tras. S/O S/S
Controles de áudio no volante O ND
Direção assistida S S
Encosto de cabeça, todos os ocupantes S ND
Faróis com lâmpadas de xenônio ND ND
Faróis de neblina S S
Faróis/limpador de para-brisa automático O/O ND
Freios antitravamento (ABS) S S
Interface Bluetooth para telefone celular O ND
Limpador/lavador do vidro traseiro NA NA
Luz traseira de neblina ND ND
Navegador por GPS ND ND
Rádio com toca-CDs/MP3 O/O S/S
Repetidores laterais das luzes de direção ND ND
Retrovisor interno fotocrômico O ND
Rodas de alumínio S S
Sensores de estacionamento diant./tras. ND/O ND
Teto solar/comando elétrico O/O ND
Travamento central das portas S S
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível; NA = não aplicável

 

 


Embora com potência e torque inferiores, o Versa acelera muito perto e tem consumo
equivalente ao do rival; o Grand Siena agrada mais pelo nível de ruído moderado

Mecânica, comportamento e segurança

Os dois motores de 1,6 litro apresentam semelhanças técnicas, como as quatro válvulas por cilindro, e diferenças como o material do bloco (leia mais). O do Grand Siena produz mais potência e torque: 115 cv e 16,2 m.kgf com gasolina, 117 cv e 16,8 m.kgf com álcool, ante 111 cv e 15,1 m.kgf do Versa com qualquer dos combustíveis. Contudo, o carro da Fiat pesa 80 kg a mais e isso o deixa em ligeira desvantagem na relação peso-potência. Seus funcionamentos são parecidos, com relativa suavidade que se converte em ligeira aspereza em altos giros. Há certa vibração no Nissan na faixa de 3.000 rpm (sentida no pedal de acelerador inclusive) e o Fiat é superior em isolamento de ruído, tornando-se mais confortável em velocidades usuais de viagem, ao redor de 120 km/h. Em regime mais alto, acima de 4.500 rpm, os dois passam a incomodar.

Em ambos o desempenho é bastante melhor nas altas rotações — como é usual em motores de 16 válvulas — que nas baixas, mas o Nissan pareceu mais disposto abaixo de 2.000 rpm, o que as curvas de potência e torque confirmariam mais tarde. Na simulação do Best Cars, o Fiat saiu-se melhor em aceleração, retomadas e velocidade máxima, vantagens que só ganham importância caso se use álcool; ao rodar com gasolina, os índices ficam bem próximos aos do oponente. Equilíbrio que se nota também no consumo de qualquer dos combustíveis, com boas marcas para ambos (veja os números e a análise completa).

O Grand Siena avaliado trazia o câmbio automatizado Dualogic, que pela primeira vez na linha Palio oferece comandos no volante para mudanças manuais de marcha. A alavanca direita sobe marchas e a esquerda reduz. Elas permanecem ativas com a caixa selecionada em D, mas nesse caso voltam à operação automática quando não são usadas por alguns segundos; se o câmbio estiver em M, as trocas permanecem manuais, seja pelos comandos do volante, seja pela própria alavanca do console, na qual se sobem marchas para trás e se reduzem para frente. Um modo esportivo faz a atuação automática manter rotações mais altas ou, em operação manual, torna as mudanças mais rápidas.

 


A maciez e precisão do comando de câmbio é um ponto alto do Nissan; no Fiat, a
caixa automatizada Dualogic é opção só razoável para dispensar a embreagem

 

Apesar da comodidade se comparado a um manual, o Dualogic ainda não satisfaz em termos de suavidade. Parece inevitável em automatizados de baixo custo — até que sejam substituídos pelos de dupla embreagem, como o do VW Jetta TSI — o tempo excessivo para as trocas, durante o qual a aceleração é interrompida de forma bem sentida pelos ocupantes. A situação é mais amena quando se dirige bem devagar, sem impor grande aceleração ao carro, ou quando se anda rápido, pois então as trocas são breves. Crítica mesma é a situação no uso mais comum, acompanhando um trânsito ágil.

No Versa, que ainda não oferece uma forma de câmbio automático no Brasil (apesar de dispor de um de variação contínua, CVT, nos EUA), a caixa manual tem comando bastante macio e preciso e o engate da ré é do tipo mais prático que se conhece, como se fosse a sexta marcha, sem travas redundantes. Por falta dessa opção, consideramos na comparação que fosse usado o câmbio manual do Grand Siena (avaliado no Palio Sporting), que oferece engates apenas aceitáveis e usa um desnecessário anel-trava para aplicação da ré.

O Fiat mostra avanço em termos de comportamento dinâmico se comparado à geração anterior, mas ainda não se equipara ao Punto nesse aspecto: nota-se menor estabilidade direcional e a sensação é de um carro de bitolas estreitas, menos “plantado” ao solo que o hatch citado. De qualquer forma, assim como no Nissan, o rodar confortável trazido por molas macias tem bom apoio no controle de oscilações pelos amortecedores, o que resulta em carros bem “na mão” em curvas rápidas. Excelente no mexicano é a absorção de pequenos impactos, ideal para nossas precárias condições de piso; a do brasileiro melhoraria com pneus de perfil não tão baixo (são 195/55 R 16 contra 185/65 R 15 do concorrente), mas ambos transpõem lombadas sem problemas.

 

 
Bons freios e comportamento dinâmico seguro são atributos em comum entre
eles; a favor do Versa, o rodar mais confortável e a direção bem leve em manobras

 

Um destaque do Versa é a assistência elétrica de direção, calibrada para oferecer um volante muito leve em manobras (bem mais que o do Grand Siena) e dotada de peso correto em alta velocidade, assim como a do concorrente. Os freios estão em equilíbrio, com discos apenas na frente e, nessas versões, a presença de série de sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), enquanto o Versa traz a mais a assistência reforçada em frenagens de emergência.

Os dois carros permitem boa visibilidade, com certo prejuízo para trás pela altura dos porta-malas, mas o Fiat tem melhores faróis de duplo refletor, embora não usem o tipo elipsoidal que equipava o modelo anterior. No restante, equilíbrio: ambos trazem faróis de neblina e deixam de fora a luz traseira de nevoeiro, os repetidores laterais das luzes de direção e o ajuste elétrico de altura dos faróis. Ponto negativo no Nissan é o limitado campo visual do retrovisor esquerdo plano, um anacronismo da legislação norte-americana que poderia ser eliminado na versão de exportação para cá ou, ao menos, contornado com um espelho mais largo (o da direita traz advertência em inglês sobre a lente convexa).

A segurança passiva volta a indicar empate, pois as duas marcas aplicaram como itens de série apenas as bolsas infláveis frontais. O Versa vem com o importante cinto de três pontos para o quinto ocupante, mas o encosto de cabeça para tal passageiro só equipa o Grand Siena. A favor do mexicano está a fixação de cadeiras infantis pelo padrão Isofix. O nacional pode vir ainda com bolsas laterais nos encostos dianteiros, não consideradas no carro avaliado.

Próxima parte

 

 

 

Simulação de desempenho

Mais potência e torque (exceto na faixa mais baixa de rotações, como mostram as curvas acima) no Grand Siena, menos peso no Versa, aerodinâmica equivalente: como esses e outros parâmetros afetariam o desempenho e o consumo dos sedãs? É o que veio esclarecer a simulação elaborada pelo consultor Iran Cartaxo.

O Fiat foi superior em todos os itens de desempenho por pequena margem. É curioso que a Nissan informe melhor aceleração com uso de álcool (veja tabela mais abaixo), mas declare potência e torque idênticos aos do motor com gasolina. Como os dados oficiais são nosso ponto de partida para a simulação, é claro que o Versa teria de obter os mesmos resultados com um e outro combustível. Como ao usar o derivado de cana de açúcar o Grand Siena ganha 2 cv e 0,6 m.kgf, ele consegue ampliar as vantagens sobre o oponente.

Vantagens que ainda assim são sutis, como 4 km/h em velocidade máxima e 0,5 s para acelerar de 0 a 100 km/h, ou seja, não são percebidas no uso prático. O melhor acerto de câmbio para velocidade é do Fiat, que fica longo por 4,9% em quinta marcha, com álcool, mas com gasolina esse percentual cresce para 5,5%, igual ao do adversário. Mais expressiva é sua superioridade sobre o Nissan em retomadas, como ao passar de 60 para 100 km/h em quarta em 2,6 s a menos, com álcool.

A disputa foi equilibrada até em consumo, que apontou ínfimas vantagens para o Grand Siena no ciclo urbano e para o Versa no rodoviário. Certamente ninguém vai decidir sua escolha por esse aspecto, já que as diferenças não passaram de 0,2 km/l. A favor do Fiat está a autonomia bem maior: a do Nissan é comprometida pela escolha de um tanque de 41 litros, uma das menores capacidades já vistas no Brasil, inapropriada a um carro de seu porte com motor que pode usar álcool.

 

Grand Siena

Versa

gas. álc. gas. álc.
Velocidade máxima 186,2 km/h 188,6 km/h 184,2 km/h
Regime à vel. máxima (5ª.) 5.150 rpm 5.200 rpm 5.250 rpm
Regime a 120 km/h (5ª.) 3.300 rpm 3.400 rpm
Potência a 120 km/h 30 cv 30 cv
Aceleração de 0 a 100 km/h 11,3 s 10,9 s 11,4 s
Aceleração de 0 a 400 m 17,7 s 17,5 s 17,7 s
Aceleração de 0 a 1.000 m 32,1 s 32,3 s 32,8 s
Retom. 60 a 100 km/h em 4ª. 10,6 s 10,0 s 12,6 s
Retom. 60 a 100 km/h em 3ª. 7,3 s 7,0 s 7,9 s
Retom. 80 a 120 km/h em 5ª. 18,4 s 17,8 s 19,3 s
Retom. 80 a 120 km/h em 4ª. 10,9 s 10,3 s 12,8 s
Retom. 80 a 120 km/h em 3ª. 8,1 s 7,8 s 8,4 s
Consumo em ciclo urbano 9,5 km/l 6,7 km/l 9,3 km/l 6,6 km/l
Consumo em ciclo rodoviário 13,2 km/l 9,4 km/l 13,4 km/l 9,5 km/l
Autonomia em ciclo urbano 412 km 288 km 345 km 242 km
Autonomia em ciclo rodoviário 570 km 405 km 495 km 352 km
Melhores resultados em negrito; conheça o simulador e os ciclos de consumo

 

Dados dos fabricantes

Grand Siena

Versa

gas. álc. gas. álc.
Velocidade máxima 192 km/h 194 km/h 189 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 10,0 s 9,9 s 11,1 s 10,7 s
Consumo em ciclo urbano 13,4 km/l 9,3 km/l 13,6 km/l 8,9 km/l
Consumo em ciclo rodoviário 18,8 km/l 12,9 km/l 18,8 km/l 13,0 km/l

 


Ambos os motores são de 1,6 litro e 16 válvulas; é estranho o Nissan obter
menos potência e torque apesar de usar variação de tempo das válvulas

 

Comentário técnico

O motor do Grand Siena é o mesmo E-Torq em uso na família Palio desde 2011. Fabricado em Campo Largo, PR, é derivado da unidade de 1,6 litro antes produzida pela empresa Tritec (associação BMW-Chrysler) e usada no Mini inglês da geração anterior. Essa origem explica o uso de elementos incomuns na Fiat, como acionamento do comando de válvulas por meio de corrente (também no Versa), em vez de correia dentada, e uma só árvore de comando para movimentar todo o trem de válvulas, enquanto o arranjo mais comum é de uma árvore para as válvulas de admissão e outra para as de escapamento.

No Versa, o motor da própria Nissan — sem relação com o 1,6-litro da Renault, usado pela marca japonesa na Livina, por exemplo — é de geração mais moderna, com bloco também de alumínio e variação contínua do tempo de abertura das válvulas, tanto de admissão quanto de escapamento. Estranha-se que tais atributos não tenham resultado em valores de potência e torque ao menos iguais ao do Fiat.

A plataforma do Versa é a chamada V da Nissan, a mesma do March (embora com distância entre eixos bem maior para o sedã), enquanto o Grand Siena usa uma extensão da plataforma do novo Palio. Esta, por sua vez, deriva da lançada em 2010 no Uno e tem componentes em comum com a do Palio original. Nas duas o esquema de suspensão é aquele mais comum nos carros da categoria, McPherson à frente e com eixo de torção na traseira (saiba mais sobre os tipos de suspensão).

Próxima parte

 

 


O Grand Siena oferece mais itens de conforto, mas a custo adicional: se comprados
na configuração básica, a relação entre preço e conteúdo é praticamente igual

 

Preços

Grand Siena

Versa

Sem opcionais 40.420 41.290
Como avaliado 45.532 42.280
Completo 52.011 42.280
Preços públicos sugeridos, em reais, vigentes em 13/9/12; consulte o preço dos opcionais: Grand Siena e Versa

 

Custo-benefício

Considerando-se sempre as versões com câmbio manual (apesar de, como visto, o Grand Siena avaliado ter o automatizado Dualogic), o carro da Fiat parte de um preço inferior em cerca de R$ 900, mas vem sem sistema de áudio. Essa é a única diferença expressiva entre eles na configuração básica, embora haja outras menos relevantes. Portanto, grande equilíbrio.

Enquanto o preço do Versa varia apenas R$ 1 mil conforme a pintura, o do Grand Siena vai subindo com a adição de itens de conforto e conveniência. Conforme avaliado, ele trazia vários desses equipamentos, que lhe deram vantagem em alguns quesitos, mas representaram aumento de mais de R$ 5 mil. Ao fim, custava R$ 3,2 mil a mais que o Versa. É uma pena que a Nissan não ofereça mais comodidades ao modelo vendido aqui, uma vez que estão disponíveis na origem — talvez o objetivo seja mantê-lo em patamar de preço claramente inferior ao dos maiores Tiida sedã e Sentra.

Se a relação entre preço e conteúdo não decide a comparação, vamos aos quesitos avaliados. O Grand Siena mostrou-se melhor em estilo, acabamento, itens de conveniência, porta-malas e visibilidade; o Versa ganhou em espaço interno, câmbio, direção e suspensão.

O que se nota é que os fabricantes tomaram diferentes abordagens para um mesmo tipo de automóvel: a Fiat caprichou mais naquilo que agrada aos olhos e traz comodidade, enquanto a Nissan, além de oferecer um espaço para pernas (e só para pernas) incomparável no banco traseiro, usou seus trunfos para conferir ao Versa elogiáveis dotes mecânicos, embora não sobressaia em termos de motor.

Não seria ótimo poder associar essas qualidades em um carro só?

 

Nossas notas

Grand Siena

Versa

Estilo 4 2
Acabamento 4 3
Posição de dirigir 4 4
Instrumentos 4 4
Itens de conveniência 4 3
Espaço interno 4 5
Porta-malas 5 4
Motor 4 4
Desempenho 4 4
Consumo 4 4
Câmbio 4 5
Freios 4 4
Direção 4 5
Suspensão 4 5
Estabilidade 4 4
Visibilidade 4 3
Segurança passiva 3 3
Custo-benefício 4 4
Média 4,00 3,89
Posição 1º. 2°.
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia

 

Teste do Leitor: opinião dos proprietários

Grand Siena Versa
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Ficha técnica

Grand Siena

Versa

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Material do bloco/cabeçote ferro fundido/alumínio alumínio
Comando de válvulas no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 77 x 85,8 mm 78 x 83,6 mm
Cilindrada 1.598 cm³
Taxa de compressão 10,5:1 9,8:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 115/117 cv a 5.500 rpm 111 cv a 5.600 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 16,2/16,8 m.kgf a 4.500 rpm 15,1 m.kgf a 4.000 rpm
Potência específica (gas./álc.) 72,0/73,2 cv/l 69,5 cv/l
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual /  5 manual /  5
Relação e velocidade por 1.000 rpm
1ª. 3,91 / 8 km/h 3,73 / 8 km/h
2ª. 2,24 / 14 km/h 2,05 / 14 km/h
3ª. 1,52 / 20 km/h 1,39 / 21 km/h
4ª. 1,16 / 26 km/h 1,03 / 28 km/h
5ª. 0,84 / 36 km/h 0,82 / 35 km/h
Relação de diferencial 3,87 4,07
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado (257 mm ø) a disco ventilado (260 mm ø)
Traseiros a tambor (203 mm ø)
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência hidráulica elétrica
Diâmetro de giro 10,2 m 10,6 m
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro dianteiro e traseiro
Rodas
Dimensões 6 x 16 pol 15 pol
Pneus 195/55 R 16 185/65 R 15
Dimensões
Comprimento 4,29 m 4,455 m
Largura 1,70 m 1,695 m
Altura 1,506 m 1,514 m
Entre-eixos 2,511 m 2,60 m
Bitola dianteira 1,45 m ND
Bitola traseira 1,475 m ND
Coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,32 0,318
Capacidades e peso
Tanque de combustível 48 l 41 l
Compartimento de bagagem 520 l 460 l
Peso em ordem de marcha 1.148 kg 1.069 kg
Relação peso-potência (gas./álc.) 9,9/9,8 kg/cv 9,6 kg/cv
Garantia
Prazo 1 ano sem limite de quilometragem 3 anos sem limite de quilometragem
Carros avaliados
Ano-modelo 2013 2012
Pneus Continental Conti Power Contact Bridgestone B250
Quilometragem inicial 1.000 km 7.000 km
Dados dos fabricantes; ND = não disponível

 

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