Logan vs. Etios vs. Voyage: como o brasileiro gosta

Renault Logan Dynamique
Toyota Etios XLS

 

VW Voyage Selecao
Ganho importante em aparência marca a nova geração do Logan, que deixou o Etios parecendo ainda mais antigo; o Voyage, apesar das recentes mudanças, é um tanto discreto

 

Concepção e estilo

O Logan foi o primeiro deles a surgir. Apareceu em 2004 na Europa como projeto de baixo custo, com produção a cargo da romena Dacia, para ser um dos carros mais baratos daquele continente; três anos mais tarde começava a fabricação em São José dos Pinhais, PR. A reformulação apresentada em 2012 aos europeus foi lançada aqui um ano depois. O atual Voyage nasceu do Gol, como na primeira geração, sendo um projeto brasileiro apresentado em 2008 e produzido em Taubaté, SP. O Etios também veio de fora: existe na Índia desde 2010 e ganhou fabricação nacional em Sorocaba, SP, em 2012.

A Renault fez um bom trabalho ao redesenhar o Logan, que ganhou linhas harmoniosas e atuais, distantes do ar despojado e antiquado do anterior. A reforma foi ampla a ponto de aumentar a inclinação do para-brisa, o que concorreu para o aspecto moderno e para melhorar a aerodinâmica, antes crítica. A maioria que opinou ao vê-lo foi bastante favorável.

Mais que ao Voyage: embora mostre equilíbrio de formas e tenha recebido uma traseira mais atraente na linha 2013, ainda não é capaz de seduzir com suas linhas discretas. Quanto ao Etios, o que dizer? A Toyota conseguiu um desenho mais antigo e menos agradável que o do próprio Logan inicial, com o que o modelo obteve grande rejeição desde o lançamento.

 

Renault Logan Dynamique
Toyota Etios XLS

 

VW Voyage Selecao
Diferentes soluções de estilo também na traseira, mas sempre com a placa no para-choque; em aerodinâmica o Logan decepciona, mesmo tendo melhorado com a reformulação

 

Os três mostram vãos de carroceria regulares, sem os defeitos que se notam em alguns carros pequenos, sendo os do VW os menores; os do Toyota fogem ao padrão japonês de vãos mínimos, o que é compreensível pelo foco no menor custo de produção. Em aerodinâmica, empate técnico entre o Cx do Etios (0,31) e o do Voyage (0,313). Embora tenha melhorado de 0,37 para 0,34, o do Logan continua bem atrás e um tanto alto para os padrões de hoje. Considerada a área frontal, o VW sai à frente com o índice de 0,704, seguido pelo Toyota (0,735) e o Renault ainda mais distante (0,836).

 

A Renault fez um bom trabalho ao redesenhar
o Logan, que ganhou linhas harmoniosas e atuais,
ante o ar despojado e antiquado do anterior

 

Conforto e conveniência

O Logan melhorou a olhos vistos também no aspecto interno, deixando o Voyage para trás: adotou formas agradáveis, ainda que use materiais simples e plásticos rígidos como os adversários. Há um novo padrão de revestimento dos bancos dianteiros na versão Dynamique, com tecido que dispensa a habitual costura entre a seção central e as laterais, mas o resultado é menos expressivo do que se espera: continua um tecido áspero, típico de carros de baixo custo, como o dos concorrentes.

No Voyage, o interior combina um painel sem inspiração a um padrão de revestimento — na série Seleção — com relevos no formato de uma bola de futebol. O conjunto impressiona menos que o do Renault, mas não incomoda. O Toyota fica mais uma vez longe dos oponentes: mesmo com apliques em preto brilhante e o esportivo volante revestido em couro com base chata, adotados para 2014, a aparência interna é simplória e as formas retas do painel chegam a ser desagradáveis, sem falar na escuridão trazida pelo revestimento todo preto. Além disso, como no Logan, há mais parafusos aparentes do que seria aceitável.

 

Renault Logan Dynamique

 

Renault Logan Dynamique
Renault Logan Dynamique
Renault Logan Dynamique

Melhorou muito o aspecto interno do Logan, agora atual e mais refinado; seu
espaço é o mais generoso; os bancos dianteiros aboliram uma costura do tecido

 

Embora carros compactos tenham limitações para o conforto do motorista, como pedais mais deslocados para a direita, os três modelos são relativamente bons nesse quesito, com posições relativas adequadas entre banco, os pedais e o volante. No Voyage, certa divergência entre o acelerador próximo e o pedal de embreagem distante em seu fim de curso dificulta encontrar o ajuste ideal do assento.

 

 

Ajuste de altura do banco vem no Logan e no Voyage, mas com método de regulagem pouco prático neste: o próprio peso do corpo o faz descer ou subir, o que só pode ser feito com o carro parado. Nos mesmos modelos o assento curto apoia mal as coxas; nos três carros a caixa de roda está perto demais para servir de repouso para o pé esquerdo. No Renault e no Toyota o volante admite regulagem em altura; a VW só oferece tal item em outras versões. A regulagem de encosto é por botão de girar no Voyage e por alavanca, em pontos definidos, nos demais.

Em instrumentos, o Voyage sobressai por trazer um completo computador de bordo com duas medições (só uma no Logan; o Etios não tem computador) ao lado de mostradores bem legíveis, incluindo marcador de temperatura do motor, que os concorrentes substituíram pela luz-piloto de superaquecimento. Difícil é ler alguns dígitos da pequena tela central digital, como hodômetros e informações da música do sistema de áudio.

 

Toyota Etios XLS

 

Toyota Etios XLS
Toyota Etios XLS
Toyota Etios XLS

Volante esportivo e seções em preto brilhante não disfarçam o painel simplório e
pouco prático do Etios; espaço é amplo, mas falta ajuste de altura do banco

 

No Toyota, hodômetro e mostrador de nível de combustível são minúsculos, de leitura precária, e há quem não goste da posição central dos instrumentos, embora para nós seja questão de breve adaptação. O que também requer hábito é a indicação de velocidade e rotação, que para o motorista parece menor que para o passageiro pelo ângulo do quadro. A iluminação é em branco nos três modelos (ficou no passado o padrão em azul e vermelho da VW, que não permitia boa leitura).

O controle elétrico de vidros mais completo é o do Voyage, com função um-toque para todos (exceto para os comandos dianteiros dos vidros traseiros), sensor antiesmagamento, temporizador, abertura e fechamento (automático) pelo controle remoto da chave. Nenhum desses recursos equipa os adversários, embora também tenham controle para os quatro vidros. No Etios há o problema habitual em carros de marcas japonesas: ao bloquear os botões traseiros, o motorista perde controle dos vidros de todos os passageiros e ainda deixa o ocupante ao lado sem ação sobre o próprio vidro.

Todos vêm com sistema de áudio de qualidade mediana (inferior no Toyota), dotados de função MP3, comandos no volante ou junto dele e entrada USB, que deixa o aparelho conectado bem à vista de quem passa pelo carro — seria ideal uma tomada remota. Voyage e Logan oferecem ainda conexão auxiliar e interface Bluetooth para telefone celular, mas o Renault dispensa toca-CDs, o que pode desagradar a alguns. No Etios o som fica inativo sem a chave, outro padrão japonês.

Próxima parte

 

 

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