Argo, Fiesta, 208 e Polo: uma categoria se redefine

Lançamentos da Fiat e da Volkswagen trazem novos parâmetros ao segmento: qual o melhor entre quatro opções?

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Pode ser coincidência, mas parece até combinado: depois de três anos sem o mercado receber um novo hatch compacto, Fiat e Volkswagen aparecem com dois deles no mesmo ano: o Argo e o novo Polo. A categoria de repente se redefine e justifica um comparativo entre os estreantes, ao qual somamos dois modelos com recentes atualizações: Ford Fiesta e Peugeot 208.

Escolhemos versões que se aproximam em preço: o mais acessível Argo Precision começa em R$ 67,8 mil, o Polo Highline em R$ 69,2 mil, o 208 Griffe em R$ 70,5 mil e o Fiesta Titanium Plus em R$ 75,2 mil, todos com transmissão automática — ou, no caso do Ford, automatizada de dupla embreagem. Só que nosso Fiat veio recheado de opcionais e chegava a R$ 77,4 mil, enquanto o VW trazia apenas um dos pacotes e ficava em R$ 72 mil. Os outros mantinham o preço citado, pois não oferecem opcionais.

 

 

Fiat Argo Precision Ford Fiesta Titanium Plus Peugeot 208 Griffe Volkswagen Polo Highline
4,00 m 3,97 m 3,97 m 4,06 m
1,75 litro 1,6 litro 1,6 litro 1,0 litro, turbo
135/139 cv 125/128 cv 115/118 cv 116/128 cv
R$ 77.400 R$ 75.190 R$ 70.490 R$ 71.990
Potência com gasolina/álcool; preços sugeridos para os carros avaliados, com possíveis opcionais

 

 

São competidores diretos também nos outros três “Ps” que definem nossos comparativos. Têm a mesma proposta de uso: hatches compactos de cinco portas com farta conveniência e desempenho suficiente para qualquer condição de uso, embora modestos em espaço interno e para bagagem. Em porte o Polo é o maior em comprimento (9 cm acima do mais curto Fiesta) e em distância entre eixos (6 cm a mais que o mesmo oponente). Já em potência o Fiat sai à frente: 135 cv com gasolina e 139 com álcool no motor de 1,75 litro e aspiração natural, ante 125/128 cv no Ford (aspirado de 1,6 litro), 116/128 cv do VW (turboalimentado de 1,0 litro) e 115/118 cv do Peugeot (1,6 aspirado).

 

 

Vale observar que existem versões mais simples e acessíveis com motor e transmissão iguais para Fiesta (SE Plus por R$ 62,4 mil, SEL por R$ 65,4 mil e Titanium por R$ 71,2 mil) e Polo (Comfortline por R$ 65,2 mil). No caso do Argo, a versão Drive vem apenas com motor de 1,0 ou 1,35 litro, este com opção de caixa automatizada, e no 208 as opções mais baratas usam motor de 1,2 litro e caixa manual (existe o Sport 1,6 por R$ 64,5 mil, também manual).

Temos aqui quatro opções atuais e dotadas de bom conteúdo técnico, de conveniência e de segurança. Qual o melhor pelo que custa? Veremos.

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Apesar das diferenças de idade, o mais novo (Polo) não parece o mais moderno do grupo e o mais antigo (Fiesta) demorou a envelhecer

 

Concepção e estilo

O único projeto brasileiro entre os três é o Argo, desenhado aqui para suceder ao Palio e ao Punto, com ligeira inspiração no estilo do Tipo europeu. O Polo, apresentado há meses na Alemanha, representa a sexta geração do hatch lançado em 1975, que no Brasil teve só um antecessor (de 2002 a 2014), além do sedã Polo Classic (1996 a 2002). O 208 apareceu em 2011 na França e ganhou produção nacional em 2013, com atualizações de estilo três anos depois. O mais antigo é o Fiesta: passou em 2008 a esta sexta geração na Europa (onde já tem 41 anos de história), chegou ao Brasil como hatch em 2011, mudou de frente e foi nacionalizado em 2013 e agora recebeu mudanças sutis. Os europeus ganharam há um ano sua sétima geração.

 

 

Argo e 208 mostram desenhos modernos e bem resolvidos. O mesmo pode ser dito do Polo, mas a fábrica poderia ter optado por linhas menos discretas e criar uma traseira não tão parecida com a do Gol. Por isso, o mais novo não parece sê-lo. O Fiesta foi exemplo de estilo atraente e ousado ao chegar ao mercado. O tempo deixou sua marca e as poucas alterações para 2018 não ajudam a renovar seu apelo; mesmo assim, o tempo que levou para envelhecer indica a qualidade do desenho.

O melhor coeficiente aerodinâmico (Cx) divulgado é o do Peugeot, 0,32, ante 0,33 do Ford e 0,344 do VW. O do Fiat não foi informado. Um ponto alto do Polo está nos vãos mínimos e perfeitos entre os painéis de carroceria, típicos de carros de segmento superior. Os outros estão bem nesse aspecto, mas um pouco atrás — boa notícia para o Argo, que supera o padrão usual da marca.

 

Os carros andam todos parecidos? Não esses, que se distinguem bem de frente ou de traseira, mas a semelhança do Polo ao Gol por trás incomoda a muitos

 

Conforto e conveniência

O 208 tem as soluções internas mais ousadas, com o quadro de instrumentos lido por cima do pequeno volante. Como no Argo, a tela central do sistema de áudio sobressai do painel como um tablet — diferente do Polo, que a integra ao conjunto, e do Fiesta, que a coloca em uma caixa. O VW abusa das formas retilíneas por onde quer que se olhe — boa parte dos elementos não pareceria estranha dentro de um Gol dos anos 80. O avaliado não trazia o quadro de instrumentos digital e configurável, opcional.

 

Se o 208 tem as soluções internas mais ousadas, o Polo abusa das formas retilíneas: boa parte dos elementos não pareceria estranha dentro de um Gol dos anos 80

 

O Fiat e o Ford tinham revestimento de bancos em material sintético que simula couro (a primeira anuncia “couro ecológico”, a outra fala em couro parcial), também disponível como opção ao Polo. Este e o Peugeot usam tecidos de bom padrão. Todos têm plásticos rígidos, que no Argo e no 208 agradam mais pelo aspecto: Polo e Fiesta são espartanos para esta faixa de preço. No Griffe havia algumas rebarbas ausentes de versões anteriores.

Visual à parte, o Polo oferece ao motorista um banco bem acertado em formato, densidade, apoios laterais e para coxas. Os outros deixam a desejar em algum aspecto: Fiesta e Argo apoiam mal as coxas; o 208 tem assento e encosto muito retos e duros. Todos oferecem volante bem desenhado e regulável em altura e distância, ajuste do banco em altura e apoio adequado ao pé esquerdo.

 

Diferentes arranjos para integrar, ou não, a tela central de áudio ao painel; formas retas dão ar antiquado ao Polo por dentro; soluções do 208 são originais

 

O Argo traz como opção o quadro de instrumentos mais farto em informações: o mostrador digital indica temperatura do óleo do motor (também no Polo) e da transmissão, tensão da bateria e horas de uso do motor. Todos têm computador de bordo, que no VW usa três medições (desde zerado, desde a partida e desde o abastecimento), no Fiat e no Peugeot duas e no Ford só uma. Este último mostra aspecto defasado e não vem com repetidor digital do velocímetro.

 

 

Com as atualizações promovidas a 208 e Fiesta para 2018, os quatro trazem sistemas de áudio de moderna geração, compatíveis com telefone por Bluetooth, Android Auto e Apple Car Play. A tela de 8 pol do Polo tem sensor de aproximação, que abre menus quando o dedo está perto de tocar a tela; o 208 e o Argo usam de 7 pol, e o Fiesta, de 6,5 pol, todas sensíveis ao toque. O VW vem ainda com toca-DVDs e entradas de cartão SD no porta-luvas. Toca-CDs foi abolido no 208 e no Argo. A qualidade de áudio é boa, mas não ótima, nos quatro carros.

Apesar do conveniente comando por voz, o sistema Sync 3 do Fiesta continua trabalhoso para acesso às pastas de um dispositivo como pendrive. Sua tela, talvez improvisada após o projeto do painel, fica mais à direita (também a do Argo) e mais distante do que o ideal e vem emoldurada de maneira que dedos com unhas longas têm dificuldade em tocar os comandos. No 208 a única tomada USB (os rivais têm duas) subiu do console para o próprio aparelho, o que é menos estético. Navegador integrado vem no Polo e no Fiesta; nos demais usa-se aplicativo do telefone.

 

Bancos bem desenhados e maior espaço interno favorecem o Polo; Argo e Fiesta traziam material que simula couro; note os difusores de ar baixos no Polo e no 208

 

O conteúdo de conveniência é amplo nos quatro: alarme volumétrico (ultrassom), alerta para uso de cinto, ar-condicionado automático, câmera traseira de manobras, comandos de áudio no volante, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque (apenas o do motorista no 208), faróis e limpador de para-brisa automáticos, mostrador da temperatura externa, preaquecimento de álcool para partida a frio (dispensado no Polo pela injeção direta, sem tanque auxiliar da mesma forma), sensores de estacionamento na traseira e volante revestido em couro. Com exceção do 208, vêm ainda com assistente de saída em rampa (faz pouca diferença com caixa automática), chave presencial para acesso e partida, comando a distância para abrir e fechar vidros e retrovisor interno fotocrômico.

Detalhes favoráveis ao Argo são alerta programável para excesso de velocidade, para-brisa com faixa degradê, rebatimento elétrico dos retrovisores e três alças de teto (nos rivais, nenhuma). Ele é o único também com parada/partida automática do motor. O 208 sobressai por apoio de braço central na frente (curioso não vir no Argo Precision, pois o Drive 1,3 oferece), ar-condicionado de duas zonas, limitador de velocidade e teto envidraçado (o forro manual fecha os raios solares por inteiro, diferente do usado no 2008, mas há certa perda de espaço para cabeça no banco traseiro).

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Argo tem mostrador central multifunção, tela de 7 pol para áudio, parada/partida automática e monitor de pneus; no grupo, só o 208 não traz chave presencial

 

Fiesta está superado em instrumentos, mas ganhou bom sistema Sync 3 com tela de 6,5 pol, navegador e comandos de voz; vidros abrem e fecham a distância

 

A favor do Polo estão difusores de ar para o banco traseiro, dois fechos no capô (mais seguro), luzes de leitura traseiras (uma geral no Fiesta; os outros carros limitam-se às dianteiras e deixam os passageiros no escuro), monitor de fadiga do motorista (a partir da comparação de seu modo de direção ao de período anterior, pode sugerir uma parada para descanso), para-sóis com espelhos iluminados, suporte de celular no painel (embora a conexão ao áudio possa dispensá-lo), triângulo montado junto à tampa traseira (para fácil acesso com carro carregado) e os melhores espaços para objetos. O Fiesta não se destaca em nenhum item. Fiat e VW têm ainda monitor de pressão dos pneus (indireto) e porta-óculos. Polo e 208 trazem porta-luvas refrigerado e sensores de estacionamento também na frente.

 

 

O que pode melhorar? No Fiat os comandos de áudio ficam atrás do volante (não intuitivos para quem é novo na marca ou na Chrysler), os cromados dos difusores de ar causam reflexo nos retrovisores externos, o pedal do acelerador tem posição muito distante para chegar ao fim de curso, a função de velocidade média do computador é lenta ao extremo para se atualizar, espaços para objetos são escassos e pequenos e a tomada de 12 volts fica bem longe do para-brisa, inadequada para usar celular junto ao vidro com carregador.

 

Instrumentos por cima do volante e tela de 7 pol no 208, único a ter ar-condicionado de duas zonas e teto envidraçado; como os outros, traz limpador automático

 

Polo: mostrador multifunção e tela de 8 pol para áudio, navegador e computador; só ele tem toca-DVDs e difusor de ar-condicionado para trás

 

No Ford é difícil ver o comando de faróis, os difusores de ar centrais tendem a jogar ar frio no rosto dos ocupantes, o ar-condicionado parece resfriar mais do que deveria pela temperatura ajustada e a indicação de porta mal fechada é geral — melhor a específica dos concorrentes. O Peugeot tem difusores de ar centrais muito baixos (o VW também, mas este permite direcioná-los bem para cima, ao contrário do rival) e portinhola do tanque ainda aberta com chave, além de faltar luz de leitura (tem só a geral dianteira). Não houve itens dignos de menção negativa no VW.

 

Mais longo e largo do grupo, o Polo obtém seu rendimento no maior espaço interno em largura e no vão para pernas de quem viaja atrás, este mais crítico no Fiesta

 

Mais longo e largo do grupo, o Polo obtém seu rendimento no espaço interno. É o mais amplo em largura e no vão para pernas de quem viaja atrás — este mais crítico no Fiesta. Esses dois agradam mais em altura no banco traseiro, onde os quatro são apertados para três adultos. Eventual passageiro central, porém, acomoda-se melhor no Ford e no Peugeot.

Argo e Polo empatam em capacidade de bagagem, 300 litros, pouco acima dos 285 do Peugeot e 281 do Fiesta. O VW permite reposicionar mais alto o assoalho, o que pode facilitar a remoção da carga, mas deveria ter maçaneta ou botão para abrir a tampa: caso seja aberta pelo comando no console e fechada com pouca força, será preciso reapertar o botão. Falta ao 208 o banco traseiro bipartido 60:40. Todos usam o mesmo tipo de estepe: pneu comum de medida inferior à dos outros, o que impede seu uso prolongado ou como reposição de pneu danificado.

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Capacidade de bagagem varia menos de 20 litros da maior à menor, mas 208 deveria ter banco bipartido, e Polo, maçaneta para abrir diretamente a tampa

 

 

Equipamentos de série e opcionais

Argo Fiesta 208 Polo
Ajuste de altura dos bancos mot./pas. S/ND S/ND S/ND S/ND
Ajuste de apoio lombar mot./pas. ND ND ND ND
Ajuste do volante em altura/distância S/S S/S/ S/S S/S
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. ND ND ND ND
Ajuste elétrico dos retrovisores S S S S
Alarme antifurto/controle a distância S/S S/S S/S S/S
Aquecimento S S S S
Ar-condicionado/controle automático/zonas S/O/1 S/S/1 S/S/2 S/S/1
Bancos/volante de couro ou mat. sintético O/S S/S ND/S O/S
Bolsas infláveis laterais/cortinas/joelhos mot. O/ND/ND S/S/S S/S/ND S/ND/ND
Caixa automática/automatizada S/ND ND/S S/ND S/ND
Câmera traseira para manobras O S S O
Chave presencial para acesso/partida O/O S/S ND S/S
Cintos de três pontos, todos os ocupantes S S S S
Computador de bordo S S S S
Conta-giros S S S S
Controlador/limitador de velocidade S/ND S/ND S/S S/ND
Controle de tração/estabilidade S/S S/S ND S/S
Controle elétrico dos vidros diant./tras. S/S S/S S/S S/S
Controles de áudio no volante S S S S
Direção assistida S S S S
Encosto de cabeça, todos os ocupantes S S S S
Faróis com lâmpadas de xenônio ND ND ND ND
Faróis de neblina S S S S
Faróis/limpador de para-brisa automático O/O S/S S/S O/O
Fixação Isofix para cadeira infantil S S S S
Freios antitravamento (ABS) S S S S
Interface Bluetooth/integração a celular S/S S/S S/S S/S
Limpador/lavador do vidro traseiro S S S S
Luz traseira de neblina ND ND S ND
Navegador por GPS ND S ND O
Rádio com toca-CDs/MP3 ND/S S/S ND/S ND/S
Repetidores laterais das luzes de direção S S S S
Retrovisor interno fotocrômico O S ND O
Rodas de alumínio S S S S
Sensores de estacionamento diant./tras. ND/O ND/S S/S O/O
Teto solar/comando elétrico ND ND S* ND
Travamento central das portas S S S S
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível; *teto envidraçado fixo
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O motor turbo do Polo brilhou, com os melhores tempos de aceleração e retomada e o menor consumo; dos demais, o Fiesta surpreendeu e o Argo decepcionou

 

Mecânica, comportamento e segurança

Em termos técnicos o Polo sobressai ao empregar o motor TSI 200 (número referente ao torque, 200 Nm ou 20,4 m.kgf) de três cilindros com turbo e injeção direta (o similar da Ford agora está reservado a uma versão mais barata), ante os quatro-cilindros de aspiração natural e injeção indireta dos concorrentes. O de maior cilindrada, o do Argo, vence em potência: 135 cv com gasolina e 139 com álcool ante 125/128 cv do Fiesta, 116/128 cv do Polo e 115/118 cv do 208. O VW responde com o maior torque: 20,4 m.kgf disponíveis de 2.000 a 3.500 rpm, contra 18,8/19,3 m.kgf do Fiat, 16,1 m.kgf do Peugeot e 15,8/16 m.kgf do Fiesta, na mesma ordem de combustíveis, obtidos em rotações mais altas (saiba mais sobre técnica).

 

 

O Polo cativa pela operação silenciosa e suave, que mal deixa perceber serem apenas três cilindros. A oscilação comum nesse tipo de motor raramente é notada, embora os atentos percebam o som diferente e agradável em baixa rotação. Outro destaque é o farto torque em baixos regimes. Como a caixa automática evita rotações abaixo de 1.500 rpm ao acelerar mais, ela mascara a crônica falta de resposta percebida abaixo desse patamar no Up e no Golf de motor similar, ambos só disponíveis com caixa manual. O resultado é um motor brilhante sob todos os aspectos.

No Argo as alterações em relação ao Punto (comuns ao Jeep Renegade e agora à Toro) deixaram a curva de torque mais progressiva, sem tanto “vazio” em baixas e médias rotações. O maior problema está no acelerador, dos mais lentos já vistos: pisa-se e nada acontece por instantes, o que leva o motorista a apertar mais o pedal. Quando a resposta finalmente chega, acaba por ser excessiva tanto em abertura de borboleta quanto em comando de redução de marcha, o que torna o carro desagradável de dirigir em cidade — nem parece que a marca há 18 anos usa esse tipo de acelerador. Como em 208 e Fiesta, o motor só deixa de ser suave nas rotações mais altas.

 

Maior cilindrada leva o Fiat à maior potência, mas VW o vence em torque; mesmo com três cilindros, sua operação suave agrada ao motorista

Fiesta usa caixa de dupla embreagem, e os demais, automática, sempre com seis marchas; apenas Argo e Polo têm comandos de trocas no volante

 

Qual tem o melhor desempenho? As medições do Best Cars confirmaram o Polo em todas as provas de aceleração e retomada, como ao fazer de 0 a 100 km/h em 10,4 segundos ante 11 s do Fiesta, 11,7 s do Argo e 11,8 s do 208. O VW foi também o mais econômico nos três trajetos de medição com gasolina, seguido bem de perto pelo Ford, com Peugeot atrás e o Fiat distante em último (veja os números, gráficos e análise detalhada).

 

Nas medições de desempenho, o Polo sobressaiu em todas as provas de aceleração e retomada; ele foi também o mais econômico nos três trajetos de medição

 

Há uma coincidência quanto à transmissão automática: Argo, 208 e Polo adotam a de seis marchas do fornecedor japonês Aisin, o que é novidade neste segmento nas três marcas (a Fiat a usava no 500, um carro menor). Esperava-se que o Fiesta seguisse a corrente para 2018 com a caixa similar da Ford adotada pelo Ecosport, mas ele manteve a automatizada de dupla embreagem, antes chamada de Powershift.

Considerando-se que seus conhecidos problemas tenham sido solucionados, como alega o fabricante, em que essa escolha afeta o modelo? A ausência de conversor de torque deixa sua transmissão mais eficiente em consumo, mas tem o contraponto de não multiplicar o torque nas saídas como a dos concorrentes. De resto seu comportamento é parecido ao das automáticas tradicionais.

 

Suspensões do Fiat e do VW têm calibração mais confortável; entre os dois mais firmes, o Fiesta se comporta melhor; 208 não tem controle de estabilidade

 

Há diferenças também entre os outros. O Polo usa um conversor de torque tão “preso” — ou seja, com pouca atuação para favorecer a eficiência — que as mudanças para cima são instantâneas, lembrando as da DSG de dupla embreagem. Essa opção da VW cobra um preço: o conversor impõe grande força de tração com o motor em marcha-lenta. Embora a caixa passe a ponto-morto com o carro parado e o pedal de freio aplicado, basta aliviar o pé para sentir que o Polo quer andar, o que se torna desconfortável no trânsito anda-para. Quem quiser usar o freio de estacionamento nessa condição precisa puxá-lo até o fim.

O Argo é o contrário, com grande uso de conversor (sentido como uma “patinação”) para deixar a atuação mais confortável, e o 208 fica no meio-termo. Com exceção do Fiat, as caixas oferecem programa esportivo para manter o motor em rotação mais alta. Exclusivo do Peugeot é o modo Eco, que faz o oposto (busca menor rotação) para melhorar o consumo.

Fiat e VW permitem mudanças manuais de marcha via alavanca seletora ou comandos no volante. O Peugeot perdeu tais comandos (eram fixados à coluna de direção) ao adotar a caixa de seis marchas, mantendo a seleção pela alavanca, e o Ford limita-se ao pouco prático botão no pomo da alavanca. Em modo manual, todos passam à próxima marcha no limite de giros e reduzem se forem acelerados ao máximo, mas o batente de fim de curso do Polo é perfeito: sabe-se com exatidão o ponto a partir do qual haverá redução. O arranjo do Fiesta é pior, pois a caixa decide se reduz ou não — e em que momento — conforme a velocidade de abertura do pedal. Se o modo é manual, que tal deixar a decisão para o motorista?

 

Faróis de duplo refletor e unidades de neblina em todos; faltam luzes diurnas no Argo; lanterna traseira de nevoeiro vem só no 208

 

O Polo tem um jeito de rodar diferente do habitual na marca ou do padrão europeu, com amortecedores macios que trazem a sensação de conforto. Irregularidades e impactos do piso, porém, são mais transmitidos do que deveriam — pode haver relação com os pneus, que são da estranha marca chinesa Giti, ou com as buchas de suspensão. Também pode melhorar em lombadas: primeiro passa o impacto e depois freia mal o movimento da carroceria. Dos demais, o Argo é claramente mais macio que 208 e Fiesta, calibrados com foco na esportividade e menos confortáveis (agrava a situação do Ford usar os pneus de perfil mais baixo do grupo).

 

 

Onde o Fiesta dá seu troco é em comportamento dinâmico, o mais esportivo dos quatro: é prazeroso fazer curvas com ele, com grande precisão de direção e alto controle de movimentos. Pode-se provocar a traseira para um sobresterço, cortando a aceleração, e se divertir um bocado antes que o controle eletrônico de estabilidade e tração intervenha. O 208 também agrada, mas sai muito de frente e não traz o controle eletrônico. Polo e Argo pagam o preço da prioridade ao conforto: embora seguros e dotados de tal dispositivo, são menos precisos e o Fiat mostra subesterço excessivo, lembrando em comportamento mais o Palio que o Punto.

Outra virtude do Ford é o acerto impecável da direção, plena em comunicação do que se passa sob os pneus e — como a dos outros — leve em manobras e com peso adequado em velocidade. A do Fiat é a pior do grupo para se andar rápido e, como no Peugeot, o esforço necessário em curvas fica acima do ideal. Todos usam assistência elétrica, que se torna padrão na indústria por seu menor consumo de energia, e dispõem de freios bem dimensionados, apenas no Polo com discos também na traseira.

 

Cintos de três pontos e encostos para todos estão nos quatro carros, assim como Isofix e bolsas infláveis laterais; Fiesta tem cortinas (como 208) e para joelhos

 

Todos usam faróis de duplo refletor, que no Fiesta Titanium agora são elipsoidais no facho baixo (eram assim no 208 Griffe; não mais). Ele e o Polo têm leds para luzes diurnas, mas Fiat e agora Peugeot usam-nos apenas em luzes de posição, um arranjo infeliz desde que se precisam acender faróis de dia em rodovias. Repetidores laterais das luzes de direção e faróis de neblina estão em todos; só o 208 tem luz traseira para a mesma condição. Nenhum traz ajuste elétrico dos faróis. As colunas dianteiras do Peugeot prejudicam menos o campo visual que as dos outros. Entre os retrovisores (todos convexos), os maiores estão no Argo. Os do Polo poderiam ter perfil mais alto.

É do Ford a melhor dotação de segurança passiva, com bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras (todos têm), de cortina (também no Peugeot) e dos joelhos do motorista (única). Encostos de cabeça e cintos de três pontos para cinco pessoas e fixação Isofix para cadeira infantil equipam os quatro carros. A favor do Polo está o sistema de frenagem pós-colisão: depois de um impacto, o carro reduz a velocidade para menor risco de novo acidente com o veículo sem controle.

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Torque e peso favoreceram o Volkswagen; o Ford beneficiou-se da transmissão, mas não nas retomadas; o Fiat não fez valer sua potência mais alta

 

Desempenho e consumo

O Argo aparece em vantagem quanto a potência, o Polo quanto ao torque e peso e o Fiesta quanto à eficiência da transmissão. Como tudo isso se traduz em desempenho e consumo? Para tirar a prova o Best Cars levou os quatro carros à pista de testes, instrumentados com o Race Capture Pro e abastecidos com gasolina, e passou os resultados pela análise do consultor técnico Felipe Hoffmann, da FHB Performance.

Como se esperava pelo motor turbo e pelo menor peso do grupo, o Polo não deu chance a mais ninguém em desempenho: acelerou de 0 a 100 km/h em 10,4 segundos, seguido por Fiesta (mais 0,6 s), Argo (outros 0,7 s) e 208 (mais 0,1 s). Interessante notar que a relação entre peso e potência máxima com gasolina do Volkswagen é a segunda pior, à frente apenas do Peugeot (veja na ficha técnica abaixo). Então, o que acontece?

Primeiro ponto: o Polo produz o maior torque em uma ampla faixa de rotações, o que lhe traz mais potência nos primeiros instantes da aceleração. Apesar de não termos as curvas dos motores, pode-se estimar que até 4.500 ou 5.000 rpm seu três-cilindros seja o mais potente do grupo. Como de 0 a 100 km/h se usam rotações abaixo desse patamar na maior parte do tempo, o Polo acaba sendo mais rápido. Outro aspecto é que, com turbo, o motor não depende da pressão atmosférica para obter a potência e o torque obtidos ao nível do mar, como informados pelos fabricantes. À altitude de nossa pista (600 metros) os motores aspirados dos oponentes estão cerca de 9% menos potentes que ao nível do mar.

 

Argo e 208, que usam transmissão com conversor de torque e motor aspirado, apresentam o maior “pulo” inicial (até 1 segundo) na aceleração, como indica o gráfico acima. Interessante notar que o 208 praticamente acompanha o Argo no início, apesar dos 20 cv a menos, devido ao menor peso e às relações de primeira e segunda marchas mais curtas, mas após esse período a potência do Fiat faz a diferença. Por outro lado, nota-se que o turbo do Polo “enche” depois desse segundo inicial, o que lhe garante aceleração mais consistente em primeira marcha — em outras palavras, maior sensação de desempenho.

 

Nas acelerações a pleno, as caixas permitem ao motor girar o bastante para superar o ponto de maior potência antes das mudanças no Argo (250 rpm acima), no 208 (300 a 400 rpm acima) e no Polo (700 rpm acima). O Fiesta foi mal definido com a precoce mudança a 6.400 rpm: além de faltarem 100 rpm para atingir a potência total, após a troca a rotação e, em consequência, a potência estão menores do que poderiam estar.

As retomadas também viram o Polo em primeiro, como 10,3 s de 60 a 120 km/h, seguido por Argo (mais 1 s), Fiesta (mais 0,9 s) e 208 (mais 0,6 s). Por que o Ford, tão bom em aceleração, não consegue o mesmo resultado neste quesito? A resposta pode estar na caixa automatizada de dupla embreagem: embora rápida nas trocas para a marcha seguinte (como de 2ª para 3ª), que já está pré-selecionada, ela perde tempo nas reduções de várias marchas.

 

Na retomada de 80 a 120 km/h o Ford levou 0,7 s a mais que o VW para obter a mesma aceleração após o motorista abrir o acelerador, como destacado no gráfico acima. Mesmo o retardo do turbo para “encher”, no Polo, consumiu menos tempo que a troca de quinta para terceira marcha (que usam a mesma embreagem) no Fiesta. Essa demora é uma das razões pelas quais vários fabricantes estão deixando a dupla-embreagem para trás em favor das automáticas convencionais. No TSI, depois da rápida redução, o turbo “enche” e garante melhor aceleração pelo maior torque.

Como se não bastasse ser o mais rápido, o Polo obteve ótimas marcas de consumo: 15,6 km/l de gasolina no trajeto urbano leve e 14,7 no trecho rodoviário com ar-condicionado. Mas o Fiesta surpreendeu ao ficar bem perto dele, apesar do motor mais simples e da transmissão não tão longa. Mais distantes vêm o 208 e o Argo — o beberrão do grupo ao associar maiores cilindrada e peso.

 

Argo Fiesta 208 Polo
Aceleração
0 a 100 km/h 11,7 s 11,0 s 11,8 s 10,4 s
0 a 120 km/h 16,5 s 16,0 s 17,0 s 14,6 s
0 a 400 m 18,6 s 17,8 s 18,3 s 17,3 s
Retomada
60 a 100 km/h* 6,8 s 6,9 s 7,4 s 6,0 s
60 a 120 km/h* 11,3 s 12,2 s 12,8 s 10,3 s
80 a 120 km/h* 8,6 s 9,0 s 9,0 s 7,5 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 11,5 km/l 15,3 km/l 12,5 km/l 15,6 km/l
Trajeto exigente em cidade 5,8 km/l 8,0 km/l 6,6 km/l 8,1 km/l
Trajeto em rodovia 11,9 km/l 14,6 km/l 13,2 km/l 14,7 km/l
Autonomia
Trajeto leve em cidade 497 km 716 km 619 km 730 km
Trajeto exigente em cidade 251 km 374 km 327 km 379 km
Trajeto em rodovia 514 km 683 km 653 km 688 km
Testes com gasolina; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito;  conheça nossos métodos de medição

 

 

Dados dos fabricantes

Argo Fiesta 208 Polo
Velocidade máxima 189/191 km/h ND 195/196 km/h 187/192 km/h
0 a 100 km/h 11,1/10,4 s ND 11,8/11,5 s 10,1/9,6 s
Consumo em cidade 10,1/7,1 km/l 11,2/7,8 km/l 11,0/7,3 km/l 11,6/8,0 km/l
Consumo em rodovia 13,2/9,5 km/l 14,9/10,3 km/l 13,2/9,3 km/l 14,1/9,8 km/l
Dados do fabricante para gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro

 

Diferentes técnicas nos motores: turbo e injeção direta apenas no VW, bloco de alumínio nele e no Fiesta, corrente para o comando (que é um só) no Argo

 

Comentário técnico

• O mais elaborado motor do grupo é o do Polo, similar aos de Up e Golf e em uso na linha europeia da marca. Esse três-cilindros da família EA-211 combina soluções como bloco de alumínio (como no Fiesta), duplo comando de válvulas (o Argo não tem), variação de tempo de abertura das válvulas de admissão e escapamento (o 208 traz só para admissão), turbocompressor e injeção direta de combustível (únicos no comparativo) para obter o maior torque e potência semelhante à do 208 com gasolina ou à do Fiesta com álcool, ambos com 60% a mais de cilindrada.

• Os outros motores são menos atuais. O Sigma do Fiesta, evolução de uma linha lançada nos anos 90, permanece em uso em mercados como o norte-americano, embora venha dando espaço à série Ecoboost. O EC5 do 208 também deriva de uma linha antiga, usada desde o 206 da virada do século. O E-Torq do Argo, embora lançado aqui em 2010 e com recentes atualizações, foi baseado no motor do Mini Cooper de 2001 — a Fiat comprou a fábrica paranaense Tritec, feita por associação entre BMW e Chrysler.

• O bloco de ferro fundido do Fiat e do Peugeot dá sua contribuição para elevar o peso desses modelos, mais alto que o do Polo. O Argo é o único aqui com corrente para acionar o comando de válvulas, solução mais robusta que a correia dentada dos outros, mas menos eficiente do ponto de vista energético.

• A transmissão automatizada de dupla embreagem do Fiesta usa embreagens a seco (existe o tipo em banho de óleo) e duas relações de diferencial, das quais a mais curta se aplica a terceira, quarta e marcha à ré. Por isso as relações de quarta e quinta parecem tão próximas: na verdade, feito o cálculo com a relação final (diferencial), o espaço entre elas é similar ao do 208, por exemplo.

• O alto torque em baixa rotação dos motores turbo combina com transmissões de escalonamento aberto, ou seja, com grande espaço entre as relações. Isso fica bem à mostra ao comparar o Polo ao Fiesta de mesma potência (com álcool): a caixa do VW é tão mais longa que sua quarta se equivale à quinta do Ford na velocidade por 1.000 rpm. Com isso, em velocidades de viagem em sexta o motor do Polo está em rotação bem menor, como 2.400 rpm a 120 km/h ante 3.050 rpm do Fiesta.

• O VW revela atualidade também na plataforma, a moderna MQB A0 (sigla que indica modularidade, motor transversal e menores dimensões que a MQB original do Golf). Os conceitos de suspensão são os mesmos nos quatro, McPherson à frente e eixo de torção na traseira, usados pela grande maioria dos carros nacionais.

 

 

Ficha técnica

Argo Fiesta 208 Polo
Motor
Posição transversal transversal transversal transversal
Cilindros 4 em linha 4 em linha 4 em linha 3 em linha
Material do bloco/cabeçote ferro fundido/ alumínio alumínio ferro fundido/ alumínio alumínio
Comando de válvulas no cabeçote duplo no cabeçote duplo no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo 4, variação de tempo 4, variação de tempo 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 80,5 x 85,8 mm 79 x 81,4 mm 78,5 x 82 mm 74,5 x 76,4 mm
Cilindrada 1.747 cm³ 1.597 cm³ 1.587 cm³ 999 cm³
Taxa de compressão 12,5:1 12:1 12,5:1 11,5:1
Alimentação injeção multiponto sequencial injeção multiponto sequencial injeção multiponto sequencial injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar
Potência máxima (gas.) 135 cv a 5.750 rpm 125 cv a 6.500 rpm 115 cv a 5.750 rpm 116 cv a 5.500 rpm
Potência máxima (álc.) 139 cv a 5.750 rpm 128 cv a 6.500 rpm 118 cv a 5.750 rpm 128 cv a 5.500 rpm
Torque máximo (gas.) 18,8 m.kgf a 3.750 rpm 15,8 m.kgf a 4.250 rpm 16,1 m.kgf a 4.000 rpm 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm
Torque máximo (álc.) 19,3 m.kgf a 3.750 rpm 16,0 m.kgf a 5.000 rpm 16,1 m.kgf a 4.750 rpm 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm
Potência específica (gas./álc.) 77,3/79,6 cv/l 78,3/80,2 cv/l 72,5/74,4 cv/l 116,1/128,1 cv/l
Transmissão
Tipo de caixa e marchas automática, 6 automatizada de dupla embreagem, 6 automática, 6 automática, 6
Relação e velocidade por 1.000 rpm (em km/h)
1ª. 4,46 / 7 3,92 / 7 4,04 /7 4,46 / 8
2ª. 2,51 / 13 2,43 / 11 2,37 / 11 2,51 / 13
3ª. 1,56 / 20 1,44 / 17 1,56 / 17 1,56 / 21
4ª. 1,14 / 28 1,02 / 24 1,16 / 23 1,14 / 29
5ª. 0,85 / 37 0,87 / 32 0,85 / 32 0,85 / 39
6ª. 0,67 / 48 0,70 / 39 0,67 / 40 0,67 / 50
Relação de diferencial 3,68 4,11 e 4,59* 4,32 3,50
Regime a 120 km/h (6ª.) 2.500 rpm 3.050 rpm 2.950 rpm 2.400 rpm
Regime à velocidade máxima informada (5ª.) 5.100/5.150 rpm ND 6.100/6.150 rpm 4.750/4.900 rpm
Tração dianteira dianteira dianteira dianteira
* A segunda relação aplica-se apenas a 3ª, 4ª e ré
Freios
Dianteiros a disco ventilado a disco ventilado a disco ventilado a disco ventilado
Traseiros a tambor a tambor a tambor a disco
Antitravamento (ABS) sim sim sim sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira
Assistência elétrica elétrica elétrica elétrica
Diâmetro de giro 10,5 m 10,1 s 11,2 m 11,0 s
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro dianteiro dianteiro dianteiro
Rodas
Dimensões 16 pol 6,5 x 16 pol 16 pol 6 x 16 pol
Pneus 195/55 R 16 195/50 R 16 195/55 R 16 H 195/55 R 16
Dimensões
Comprimento 3,998 m 3,969 m 3,966 m 4,057 m
Largura 1,724 m 1,722 m 1,702 m 1,751 m
Altura 1,507 m 1,464 m 1,472 m 1,468 m
Entre-eixos 2,521 m 2,489 m 2,541 m 2,565 m
Bitola dianteira 1,465 m ND 1,475 m 1,524 m
Bitola traseira 1,5 m ND 1,47 m 1,501 m
Coeficiente aerodinâmico (Cx) ND 0,33 0,32 0,344
Capacidades e peso
Tanque de combustível 48 l 52 l 55 l 52 l
Compartimento de bagagem 300 l 281 l 285 l 300 l
Peso em ordem de marcha 1.264 kg 1.178 kg 1.200 kg 1.147 kg
Relação peso-potência (gas./álc.) 9,4/9,1 kg/cv 9,4/9,2 kg/cv 10,4/10,2 kg/cv 9,9/9,0 kg/cv
Garantia
Prazo 3 anos sem limite de quilometragem
Carros avaliados
Ano-modelo 2018 2018 2018 2018
Pneus Continental Conti Power Contact Pirelli Cinturato P7 Michelin Energy XM2 Giti Comfort 228
Quilometragem inicial 2.000 km 5.000 km 5.000 km 1.500 km
Dados do fabricante; ND = não disponível
Próxima parte

 

Não se engane pelo menor preço inicial do Fiat: ele precisa de mais opcionais (que somam quase R$ 10 mil) para se equivaler aos demais em equipamentos

 

Preços

Argo Fiesta 208 Polo
Sem opcionais R$ 67.800 R$ 75.190 R$ 70.490 R$ 69.190
Como avaliado R$ 77.400 R$ 75.190 R$ 70.490 R$ 71.990
Completo R$ 79.000 R$ 76.490 R$ 72.180  R$ 76.240
Preços sugeridos em 21/12/17 com transmissão automática ou automatizada; menores preços em destaque; pinturas especiais constam apenas do preço completo; consulte os sites: Argo, Fiesta, 208, Polo

 

Custo-benefício

O Argo Precision tem o menor preço inicial (R$ 67,8 mil com caixa automática), mas é o carro avaliado que trazia mais opcionais. Com ar-condicionado automático, bancos que simulam couro, bolsas infláveis laterais, câmera e sensor traseiros, chave presencial, faróis e limpador automáticos, retrovisor fotocrômico e rodas de 16 pol, entre outros, ele chegava a R$ 77,4 mil — e boa parte desse conteúdo vem de série nos concorrentes.

Segundo carro mais em conta, o Polo Highline parte de R$ 69,2 mil e veio para teste apenas com o pacote Technology: câmera traseira, faróis e limpador automáticos, frenagem pós-colisão, monitores de fadiga do motorista e de pneus, navegador, retrovisor fotocrômico, sensores à frente e atrás, sistema de áudio com tela de 8 pol (em vez de 6,5) e toca-DVDs e outros itens que o levavam a R$ 72 mil. Poderia receber ainda bancos que simulam couro, banco dianteiro direito rebatível, quadro de instrumentos digital configurável e rodas de 17 pol.

 

 

O 208 Griffe custa R$ 70,5 mil e não oferece opcionais. É a mesma condição do Fiesta, o de preço inicial mais alto, R$ 75,2 mil — na verdade a Ford oferece quatro versões com os mesmos motor e transmissão, que funcionam como pacotes de opcionais, sendo a Titanium Plus a mais cara delas.

Como foram avaliados, há relativo equilíbrio de conteúdo entre os quatro. Alguns itens de conveniência favorecem um ou outro: o 208 é o único a ter ar-condicionado de duas zonas, mas não traz chave presencial, por exemplo. Alguns equipamentos de série dele e do Fiesta estavam nos rivais como opcionais. Maior diferença pode ser notada em recursos de segurança: apenas Ford e Peugeot usam cortinas infláveis, mas o segundo não tem controle de estabilidade. No fim das contas, o Polo acena com a melhor relação entre equipamentos e preço, e o Argo, com a pior delas.

 

A VW chegou forte com a melhor relação custo-benefício, seguida pela Peugeot; caberia revisão de preços por Fiat e Ford para manter a competitividade

 

Mas vamos às notas, que contam muito mais sobre como são os carros. Elas apontam superioridade do Argo em instrumentos, do Fiesta em direção e estabilidade, do 208 em visibilidade e do Polo em posição de dirigir, motor e desempenho. Na outra ponta, ficaram em último lugar o Fiat em consumo e o Ford em estilo, instrumentos, espaço interno e transmissão (Peugeot e VW não levaram sozinhos a pior nota em nenhum quesito).

Pelo exposto, conclui-se que o Polo brilhou em mais itens do que qualquer outro e o Fiesta revelou mais deficiências que os demais. Ficaram à mostra a excelência do conjunto mecânico do VW, que merecia ter sido associada a mais inspiração estética e capricho no interior; os atributos de comportamento e eficiência do Ford, que está defasado em praticidade e conforto; o bom resultado do Fiat em aspectos de conveniência, prejudicado pela menor eficiência do motor e o peso elevado; e o equilíbrio geral do Peugeot, que parece ter sanado sua maior limitação com a nova transmissão.

 

 

Consideradas as notas dos primeiros 17 quesitos, temos Polo à frente, Argo e 208 empatados e o Fiesta em desvantagem. Só que falta considerar os preços.

Talvez o Fiesta pudesse ser desculpado pelas limitações se custasse menos, mas era o segundo mais caro como avaliado — R$ 3,2 mil acima do Polo que tanto sobressaiu. Entre os intermediários o 208 revelou bom custo-benefício, por ser o mais barato, enquanto o Argo foi penalizado pelo preço mais salgado. Ao fim, não restou dúvida: com valor atraente pelo melhor conjunto, o novo Volkswagen merece nossa recomendação entre os quatro, seguido pelo Peugeot. Para Fiat e Ford fica a sugestão de rever os preços para que seus carros, com válidos atributos, possam competir melhor.

 

Nossas notas

Argo Fiesta 208 Polo
Estilo 4 3 4 4
Acabamento 4 3 4 3
Posição de dirigir 4 4 4 5
Instrumentos 5 3 4 4
Itens de conveniência 5 4 4 5
Espaço interno 3 2 3 4
Porta-malas 3 3 3 3
Motor 4 4 4 5
Desempenho 3 3 3 4
Consumo 3 5 4 5
Transmissão 4 3 4 4
Freios 4 4 4 4
Direção 4 5 4 4
Suspensão 4 3 3 4
Estabilidade 3 5 3 4
Visibilidade 3 3 4 3
Segurança passiva 4 5 5 4
Custo-benefício 3 3 4 5
Média 3,72 3,61 3,78 4,11
Posição 3º. 4º. 2º. 1º.
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia

 

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Argo Fiesta 208 Polo
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