O recente Up (ao lado) e o renovado Uno (acima dele) seguem formas mais retilíneas, com vidros mais verticais; o Ka (acima) consegue um visual agradável e não parece ser o mais alto
Concepção e estilo
São três origens distintas. O Up é projeto europeu, lançado por lá em 2011 a partir do carro-conceito homônimo de 2007 — que previa motor traseiro, razão de não haver grade dianteira. A versão nacional, lançada este ano, ganhou 6,5 cm de comprimento na parte posterior e um quinto lugar, mas perdeu a tampa do porta-malas toda em vidro. Também recém-lançado é o novo Ka, anunciado como projeto global, um brasileiro previsto para alcançar outros mercados emergentes. Mais antigo do grupo, o Uno foi desenvolvimento local apresentado há quatro anos e acaba de receber uma reestilização.
Uno e Up são semelhantes nos traços da carroceria, com uma cabine mais vertical para bom aproveitamento de espaço, embora sua altura total (para surpresa de muitos) seja menor que a do Ka. Este segue outro conceito de estilo, apto a agradar maior número de pessoas, embora fique distante da ousadia que caracterizou sua primeira geração em 1997. A maioria dos que nos opinaram foi mais favorável ao modelo da Ford.
O Uno 2015 ganhou bastante em aspecto interno e quadro de instrumentos;
como nos demais, há restrições em posição de dirigir e espaço traseiro
Apenas a VW informa o coeficiente aerodinâmico (Cx) de seu carro, 0,361, valor que está longe de ser bom — o Uno original de 30 anos atrás já apresentava 0,35 em uma carroceria tão curta quanto a dele. Acreditamos que o perfil do Ford favoreça sua aerodinâmica e permita menor Cx, ao contrário do atual Fiat, mas nos faltam dados oficiais para confirmar essa tese. Cativam no Up os vãos de carroceria estreitos e bem regulares, que indicam qualidade de fabricação. Nos outros dois eles são maiores e nem sempre constantes, sobretudo nos recortes em curva. Ruim no Ka avaliado foi a dificuldade de fechar a tampa traseira, que sempre precisou de força ou uma segunda batida.
O ar-condicionado é bastante potente no Ka
e no Up e subdimensionado no Uno — o
problema do VW é o difusor central atrás da tela
Conforto e conveniência
O Uno melhorou bastante em ambiente interno com as mudanças, deixando para trás o ar despojado do anterior. Como o novo Ka também ficou muito bom nesse quesito — a maciez e precisão de seus comandos atenderia bem a um carro do dobro do preço —, a desvantagem foi mesmo para o Up, que exagera na simplicidade em itens como o aspecto do painel e as chapas expostas nas portas. Os plásticos são rígidos, mas com boa aparência em todos eles, que usam tecidos simples nos bancos.
Os três oferecem conforto razoável ao motorista, com ajuste de altura para volante (a distância deste é fixa) e banco, mas há restrições: pedais algo deslocados à direita, como é frequente em carros pequenos, e certa falta de apoio lombar — no caso do Fiat o problema é a espuma macia demais, que cansa em pouco tempo. O Ford tem o volante de empunhadura mais bem desenhada. O Uno traz um apoio ideal para o pé esquerdo quando fora de uso, sendo o do Ka muito vertical e, como o do Up, sem proteção plástica. A reclinação é por alavanca (pontos definidos) em todos.
Acabamento e desenho mais elaborados deixam agradável o interior
do Ka, pouco mais espaçoso que os demais no banco traseiro
Outro avanço do Fiat foi o quadro de instrumentos, agora com mostrador digital multifunção (computador de bordo, repetidor do velocímetro, informações de áudio e outras) no centro e marcador analógico de combustível, antes digital. Há até um indicador de horas de funcionamento do motor, hoje mera curiosidade, mas que no futuro pode basear operações de manutenção. O termômetro do motor é digital, como no Up, enquanto o Ka traz apenas a luz indicadora de superaquecimento em um painel simples, funcional e bem legível.
Como medida para incentivar a economia, os três têm setas indicadoras para troca de marcha para cima ou (salvo no Ka) redução, que no Up mostra a marcha ideal e chega a sugerir que se pulem duas delas. O conjunto do VW pode ser complementado pelo mostrador sensível ao toque do sistema Maps & More no centro do painel, que serve de navegador (exclusivo no grupo), computador de bordo, controle de áudio e o Think Blue, com dicas de condução econômica. Embora os três tragam computador nessas versões, falta ao Ka a segunda medição de velocidade e consumo.
Os três modelos oferecem sistemas de áudio integrados ao desenho do painel, dentro da atual tendência (o que é novo para 2015 no Uno), e incluem conexão auxiliar (falta USB no Up) e interface Bluetooth para telefone celular. O Fiat aboliu o toca-CDs, o que também começa a se tornar comum, e ganhou controles no volante, como no Ford. Este é o único a oferecer comandos por voz para áudio e telefone, mas os menus do sistema Sync são muitas vezes complexos e pouco intuitivos para tarefas simples. A qualidade de áudio é apenas razoável em todos.
A simplicidade domina a cabine do Up, com chapa nas portas e cintos sem
regulagem de altura; banco traseiro é o mais apertado para as pernas
Com ajuste manual em qualquer um deles, o ar-condicionado é bastante potente no Ka e no Up e um tanto subdimensionado no Uno. O problema do VW é a distribuição de ar, pois o difusor central fica atrás da tela do Maps & More (embora direcione o ar para onde deve, a parte alta da cabine). Após algum tempo de uso intenso, nota-se que o interior está mais frio na região lateral que no centro, mesmo desviando o ar do rosto, como mandam as regras da boa saúde. Não gostamos no Ka da recirculação ativada sempre que se liga o ar: deveria ficar a critério do motorista.
Bons detalhes do Uno são controle elétrico de vidros com função um-toque para todos (só para o motorista no Ka; nada no Up), temporizador (também no Ford) e abertura/fechamento com comando a distância, retrovisor direito que focaliza o meio-fio quando se engata marcha à ré, para-brisa com faixa degradê, apoio de braço retrátil para o motorista, espelho convexo junto ao teto (ideal para ver crianças no banco traseiro) e dois porta-óculos. Seu comutador de fachos dos faróis agora é o mesmo do Punto, de puxar (como preferimos) e com batente bem definido para evitar passar a facho alto quando se quer apenas relampejá-lo.
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