Ford Ka+ mostra as chances diante de Renault Logan

Ford Ka Mais vs. Renault Logan

 

O melhor de três sedãs compactos enfrenta um recém-chegado,
que promete modernidade para combater o espaço do oponente

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

A renovação da linha Ford no Brasil enfim completa-se com o segmento mais importante em termos de volume, o dos carros de entrada. Surgem a terceira geração do Ka hatch e sua inédita versão sedã, o Ka+ (mais), que substituem tanto o Ka anterior quanto o Fiesta Rocam em ambas as carrocerias. A marca do oval azul ganha, afinal, um representante de última geração entre os sedãs compactos, categoria de grande sucesso em mercados em desenvolvimento como o brasileiro.

Para saber quais as chances do Ka+ em um concorrido segmento, colocamos sua versão SEL com motor de 1,5 litro frente a frente com o Renault Logan Dynamique 1,6. Por que logo ele? Porque foi o vencedor do recente comparativo com Toyota Etios e Volkswagen Voyage, porque a ampla reformulação apresentada na linha 2014 faz dele uma das últimas novidades da classe e — por último, mas não com menor importância — porque ambos são concorrentes diretos em nossos quatro “Ps”.

 

 

Ford Ka+ SEL 1,5

Renault Logan Dynamique 1,6

4,25 m 4,35 m
105/110 cv 98/106 cv
R$ 48.760 R$ 48.880
Preços públicos sugeridos, em reais, para os carros avaliados, com possíveis opcionais

 

 

A proposta de uso é típica dos pequenos sedãs: carros familiares ideais para uso urbano, mas aptos — em termos de desempenho e espaço, sobretudo no porta-malas — a fazer viagens com muita bagagem a bordo. O porte do Logan é pouco superior, com 9 centímetros a mais em comprimento e 14 cm em distância entre eixos, sem que isso o afaste do segmento dos compactos. A potência do motor 1,5 de quatro válvulas por cilindro do Ka, 105 cv com gasolina e 110 cv com álcool, supera por pequena margem a de 98 e 106 cv (na ordem) do 1,6 de duas válvulas do Logan.

E o preço? No mais decisivo dos fatores há grande equilíbrio, pois o Ford vem em pacote fechado por R$ 48,8 mil, enquanto o Renault custa R$ 48,9 mil com um pacote de opcionais (ambos com câmbio manual, único disponível no Ka, e pintura metálica).

Próxima parte

 

 

 

 
O desenho do Ka+ é moderno, mas poderia ser mais ousado na parte traseira;
o do Logan, ainda discreto, mostra grande evolução sobre o antecessor

 

Concepção e estilo

Dentro da estratégia de globalização da Ford, o novo Ka foi desenvolvido no Brasil com vistas também a outros mercados emergentes, caso da Índia, que receberá o sedã com o nome Figo e traseira mais curta A criação do modelo de três volumes confirma a tendência iniciada com o segundo Ka, em 2007, de adequar um modelo bem pequeno às necessidades de mais espaço do comprador médio desses mercados. Por outro lado, houve avanço expressivo em refinamento em relação ao despojado — e não tratamos apenas de acabamento interno — modelo anterior.

Projeto da Dacia (marca romena do grupo Renault encarregada de desenvolver carros de baixo custo), o Logan nasceu em 2004 com o objetivo de oferecer boas acomodações à família em um carro simples e barato, ideia que o fez bem-sucedido também no Brasil desde 2007. No ano passado ele chegou à segunda geração, bem superior em estilo e ambiente interno, embora boa parte das evoluções mecânicas tenha ficado do lado de lá do Atlântico.

 

 
O novo Ford tem projeto brasileiro, mas será produzido em outros países;
o Renault foi desenvolvido pela romena Dacia e lançado em 2012 na Europa

 

O desenho dos dois modelos cumpre a missão de parecer simpático à maioria e não causar rejeição, bem diferente do que era o Ka duas gerações atrás, mas o faz de diferentes maneiras. O Logan é retilíneo, e o Ka+, arredondado. O Renault tem elementos simples como grade, faróis e lanternas traseiras; o Ford é mais ousado em alguns deles. Apesar dessa ousadia, o Ka sedã foi um tanto conservador no estilo da traseira, que várias pessoas associaram ao antigo Chevrolet Prisma e ao primeiro Fiat Siena, aquele de 1998. Uma pitada de pimenta teria sido bem-vinda ali.

 

Para estimular a economia, os dois trazem
seta que sugere a mudança de marcha e
o Logan pontua o motorista em três quesitos

 

O Renault melhorou bastante em aerodinâmica na nova geração, em que o Cx baixou de 0,37 para 0,34, adequado a um sedã compacto nos dias atuais. O Ford não teve tal valor divulgado, mas é possível estimar algo na mesma faixa a partir de suas formas. Embora o Ka+ avaliado fosse uma unidade de pré-produção, que deixa expectativa de melhoria para as de fabricação normal, sua carroceria mostrava vãos desiguais entre os painéis (alguns grandes, outros pequenos), curvas malfeitas e sérias diferenças entre os lados da tampa do porta-malas. O Logan é mais bem cuidado nesse aspecto, ainda que não seja expoente na categoria.

 

Conforto e conveniência

Os dois interiores mostram notável melhoria de aparência em comparação aos modelos anteriores, tanto nas formas quanto no aspecto dos materiais, mesmo que não que sejam luxuosos — plásticos rígidos são a nota dominante e os revestimentos de bancos usam tecidos simples, algo ásperos. Detalhes em preto brilhante e contornos cromados contribuem para a sensação de cuidado com o ambiente interno, mas a interessante textura ondulada do painel do Ka causa reflexos que parecem manchados, mesmo sem incidência de sol.

 

 

 
A boa aparência interna, apesar dos materiais simples, agrada no novo Ka; apenas o
sedã tem apliques em preto brilhante; o espaço interno está na média da classe

 

O motorista encontra relativo conforto nos dois carros, mas com restrições. O encosto reto demais do Ford deixa os ocupantes com pouco apoio lombar, o que cansa em viagens; no Renault o assento curto apoia menos as coxas do que deveria. Nos dois, o apoio para o pé esquerdo é um tanto vertical (imposição da caixa de roda próxima) e a regulagem de encosto por alavanca impõe pontos predefinidos, o que nem todos apreciam. Embora haja regulagem de altura para banco e volante, este não tem ajuste em distância.

 

 

Os quadros de instrumentos contêm o que hoje é essencial, somado a computador de bordo, sem marcador de temperatura do motor (apenas luz de alerta para superaquecimento) e iluminado em branco. Estranhamos a demora de vários minutos do computador do Logan em atualizar a velocidade média, a ponto de não podermos usar tal função nos testes de consumo como sempre fazemos; no Ka+ a função de autonomia e o marcador de combustível é que levavam tempo anormal para responder após abastecimentos de menos de 20 litros (notado também em outra unidade).

 

 

 
O interior do Logan ganhou em aspecto com a reformulação e seu espaço sobressai
na categoria, mas a posição do motorista tem restrições como no adversário

 

Para estimular a economia de combustível, os dois trazem no painel uma seta que sugere a mudança de marcha, apenas para cima no Ka+ e também para reduções no Logan, com funcionamento adaptativo à forma de dirigir. O segundo vem ainda com o sistema Eco2, que analisa e pontua o motorista nos quesitos aceleração, troca de marchas e antecipação, além de informar a distância percorrida sem consumo, ou seja, com acelerador fechado e alimentação interrompida.

O Renault é o único a oferecer navegador integrado ao painel, junto ao sistema de áudio que dispensa toca-CDs, usa tela sensível ao toque e traz — como no concorrente — conexões auxiliar e USB e interface Bluetooth para celular; pena que a tela apresente reflexos da luz que entra pelos vidros traseiros. O Ford traz comando de voz para algumas funções de áudio e telefone, mas certos comandos (como navegar pelas pastas do dispositivo USB e ajustar o som) são complexos e nada intuitivos. A qualidade sonora é apenas razoável em qualquer um deles.

Próxima parte

 

 

 

 
Bons detalhes do Ka+: desenho elaborado nas portas, comandos por voz, mais espaços
para objetos (até um oculto na lateral do painel) e ajuste de intervalo do limpador

 

Detalhes favoráveis ao Ka+ são a fartura de porta-objetos e nichos no console central, outro deles disfarçado ao lado do painel (acessível apenas com a porta aberta), controle elétrico de vidros com função um-toque no do motorista (nem isso no Logan), alarme volumétrico com ultrassom, comutador de farol baixo/alto apenas de puxar (com batente bem definido, para não passar ao facho alto quando se quer relampejar, e que não permite ligá-lo já em alto), duas luzes de leitura na frente (uma no rival), partida assistida (basta um rápido giro de chave, sem esperar o motor pegar) e ajuste do intervalo do limpador de para-brisa. Ele tem ainda um ar-condicionado potente como raramente se vê no segmento, mas ativar a recirculação sempre que se liga o motor, estando o ar acionado, não foi uma boa ideia.

 

Para a bagagem o Renault é maior,
510 litros ante 445 do Ford, que sobressai
pelo uso de articulações pantográficas

 

O Logan responde com controlador e limitador de velocidade, sensores de estacionamento na traseira, mola a gás para manter aberto o capô e maçanetas internas cromadas, mais fáceis de encontrar à noite. Bons itens presentes nos dois são controles de áudio no volante, marcador de temperatura externa, comandos internos para porta-malas e tampa de abastecimento, aviso para porta mal fechada, três alças de teto, espelhos nos para-sóis, interruptor central de travamento das portas e seu comando a distância.

 

 

 
Destaques do Logan: ar-condicionado automático, limitador e controlador de
velocidade e tela central com navegador, áudio e indicadores de eficiência

 

Deveriam ser revistas as ausências de luzes de cortesia na parte traseira e faixa degradê no para-brisa em ambos, da função uma-varrida do limpador do vidro do Logan e do ajuste elétrico dos retrovisores no Ka+ (embora a marca prometa oferecer como acessório instalado em concessionária). No Ford o limpador deixa áreas muito grandes acima e à esquerda sem varrer, um descuido raro hoje.

 

 

Espaço sempre foi um destaque do Logan e não é diferente no novo modelo, que acomoda bem quatro adultos e uma criança (três adultos atrás viajam apertados, como em qualquer carro desse porte). Ele é mais amplo em largura, espaço para cabeça e sobretudo para as pernas de quem vai atrás, enquanto o Ka+ fica dentro do habitual na classe, sendo um tanto estreito, e ainda impõe um encosto desconfortável para o passageiro central atrás.

Também para a bagagem o Renault é maior, com capacidade de 510 litros ante 445 do Ford. Este sobressai pelo uso de articulações pantográficas na tampa, verdadeiro requinte hoje em dia (a maioria dos sedãs de luxo deixou de usá-las), mas o vão de acesso é estreito e tem base um tanto alta. Feia nos dois é a falta de acabamento interno na tampa, com chapas e fios à mostra; o Ka+ expõe ainda o improvisado cabo de abertura elétrica da tampa. Vantajoso no Logan é o estepe em tamanho integral (apenas com roda de aço), enquanto o concorrente usa um 175/65 R 14 de medida diversa dos demais pneus.

 

 
O porta-malas do Renault (à direita) acomoda mais bagagem, mas pode
amassá-la ao fechar a tampa, o que o Ford evita com articulações pantográficas
Próxima parte

 

Equipamentos de série e opcionais

Ka+

Logan

Ajuste de altura dos bancos mot./pas. S/ND S/ND
Ajuste de apoio lombar mot./pas. ND ND
Ajuste do volante em altura/distância S/ND S/ND
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. ND ND
Ajuste elétrico dos retrovisores ND S
Alarme antifurto/controle a distância S/S S/S
Aquecimento S S
Ar-condicionado/controle automático/zonas S/ND/1 S/O/1
Bancos/volante revestidos em couro ND O/S
Bolsas infláveis frontais/laterais/cortinas S/ND/ND S/ND/ND
Câmbio automático/automatizado ND ND/O
Câmera traseira para manobras ND ND
Cintos de três pontos, todos os ocupantes ND ND
Computador de bordo S S
Conta-giros S S
Controlador/limitador de velocidade ND S/S
Controle de tração/estabilidade S/S ND
Controle elétrico dos vidros diant./tras. S/S S/S
Controles de áudio no volante S S
Direção assistida S S
Encosto de cabeça, todos os ocupantes ND S
Faróis com lâmpadas de xenônio ND ND
Faróis de neblina S S
Faróis/limpador de para-brisa automático ND ND
Freios antitravamento (ABS) S S
Interface Bluetooth para telefone celular S S
Limpador/lavador do vidro traseiro NA NA
Luz traseira de neblina ND ND
Navegador por GPS ND O
Rádio com toca-CDs/MP3 S/S ND/S
Repetidores laterais das luzes de direção ND S
Retrovisor interno fotocrômico ND ND
Rodas de alumínio S S
Sensores de estacionamento diant./tras. ND ND/O
Teto solar/comando elétrico ND ND
Travamento central das portas S S
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível; NA = não aplicável
Próxima parte

 

 

 

 
Cada motor com seu destaque: o do Ka+ (fotos à esquerda) é suave e agradável
em alta rotação, mas o do Logan fornece mais torque em regimes baixos

 

Mecânica, comportamento e segurança

De projeto bem mais moderno (leia abaixo o Comentário Técnico), o motor da Ford supera o da Renault em potência, mesmo com cilindrada pouco menor, mas perde em torque e requer mais rotação para atingir seus pontos máximos. São 105/110 cv e 14,6/14,9 m.kgf a 4.250 rpm no Ka+ contra 98/106 cv e 14,5/15,5 m.kgf a 2.850 rpm no Logan, sempre na ordem gasolina/álcool, ou seja, o pico de torque deste é obtido com  1.400 rpm a menos.

O que cativa no Ka+ são o funcionamento suave, com poucas vibrações em qualquer faixa, e a vivacidade em alta rotação, ideal para quem gosta de explorar a segunda metade do conta-giros; por outro lado, é um tanto “preguiçoso” abaixo de 2.000 rpm. O do Logan, um pouco mais áspero, foi claramente calibrado para torque em baixos regimes: está bem disposto desde cedo, mas superar 4.000 giros deixa a sensação de falta de fôlego e a apenas 6.000 rpm já chega ao limitador, 500 antes do concorrente.

Embora de maneira geral o motor da Ford seja mais silencioso, um ronco típico de aspiração na faixa de 2.500 a 3.000 rpm merece ser revisto pela fábrica. É uma pena, pois em termos de ruídos aerodinâmicos ele está muito à frente do Renault, que nesse aspecto precisa ser reestudado.

 


Comportamento dinâmico, assistência de direção e comando de câmbio são

claros pontos de vantagem do carro da Ford sobre o da Renault (fotos à direita)

 

Com pouca diferença de peso (22 kg a mais no Logan), as diferenças de perfil entre os motores ficaram claras nas medições de desempenho do Best Cars: o Ka+ foi mais rápido nas acelerações, mas perdeu na maioria das retomadas, que exploram faixas de rotação mais baixas. Já em consumo a vantagem foi do Ford nos três trajetos de medição, mesmo que por pequena margem (veja os números e a análise).

 

O Ka+ compartilha com o novo Fiesta
áreas de excelência como câmbio e direção,
ambas bastante superiores às do Logan

 

O Ka+ compartilha com o novo Fiesta áreas de excelência como câmbio e direção, ambas bastante superiores às do Logan. Trocar marchas é um prazer no Ford, com engates mais leves e menor transmissão de vibrações à alavanca que no Renault. Os dois têm a marcha à ré ao lado da quarta, sem travas redundantes, o que julgamos ideal. Quanto à direção, a assistência elétrica do Ka+ deixa-a bem mais leve em baixa velocidade que a hidráulica do Logan, enquanto em altas exibe precisão superior. O Ka traz ainda o conveniente auxílio à saída em rampa, que mantém o carro freado por instantes ao liberar o freio, evitando que recue nas subidas (ou descidas em ré).

Suspensão é outro ponto de vantagem do Ford, sobretudo pela grande estabilidade, que torna mais tranquilo dirigir em alta velocidade ou tomar curvas e manobras rápidas, nas quais o Renault pode apresentar estranhos balanços até se firmar na trajetória. Embora ambos estejam bem acertados para lombadas, poderiam melhorar em conforto: o Logan transmite muito os impactos maiores, como emendas de ponte, e no Ka+ o baixo perfil dos pneus (195/55 R 15 ante 185/65 R 15 do concorrente) cobra seu preço em irregularidades médias.

 

 
Os faróis de duplo refletor do Logan são preferíveis aos simples do Ka+;
ambos vêm com unidades de neblina e repetidores laterais de luzes de direção

 

A favor do Ford estão os controles eletrônicos de estabilidade e tração, de série na versão SEL, dos quais apenas o segundo pode ser desativado. Embora pareça exagero em um carro de seu desempenho e altura, segurança a nosso ver é sempre bem-vinda — e a marca não parece estar cobrando muito pelos itens, dada a diferença de preço entre as versões com e sem eles. Os freios são equivalentes, com discos ventilados à frente e tambores atrás, sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), além de assistência bem calibrada.

 

 

Enquanto o novo Logan recebeu mais eficientes faróis de duplo refletor e tem repetidores laterais das luzes de direção (nos retrovisores), o Ka abandonou tais itens já na segunda geração e continua sem eles. Ambos vêm com faróis de neblina (luz traseira, não) e impõem uma visibilidade um pouco limitada à frente pelas colunas largas, mas os espelhos são convexos e amplos.

O conteúdo de segurança passiva de ambos os carros traz apenas as bolsas infláveis frontais previstas em lei, com encosto de cabeça para o passageiro central traseiro no Logan (o cinto desse ocupante é subabdominal nos dois casos); não há fixações para cadeira infantil em padrão Isofix.

Próxima parte

 

Comentário técnico

• O motor Sigma do Ka+ (foto) é o mesmo oferecido no novo Fiesta, com atributos modernos como bloco de alumínio (ferro fundido no Logan), duplo comando de válvulas (simples no concorrente), quatro válvulas por cilindro (duas no Renault) e partida a frio com preaquecimento de álcool (o adversário usa tanque suplementar de gasolina), ainda que lhe falte a variação de tempo de válvulas aplicada à versão de 1,6 litro da mesma família. Ponto em comum com o veterano motor do Logan — em uso desde meados dos anos 90 na marca — é o movimento do virabrequim levado ao comando de válvulas por meio de correia dentada.

• A assistência elétrica de direção, que começou em carros de baixa potência na década de 1990, tem sido cada vez mais aplicada em busca de eficiência, pois elimina a conexão mecânica ao motor que lhe consome energia; mesmo o consumo elétrico cai praticamente a zero em linha reta. No passado houve críticas à falta de sensibilidade, que deixava o motorista sem a devida percepção do que se passava sob os pneus, mas a evolução fez com que os atuais sistemas atendam aos mais exigentes também nesse quesito, como se nota no Ka+. De resto, só vantagens: é mais fácil ao fabricante calibrar a assistência para deixar o volante bem leve em manobras e firme em alta velocidade e, por não haver fluido hidráulico, o sistema dispensa manutenção periódica.

Próxima parte

 

 

 
Se em aceleração e consumo as vantagens foram todas do Ka+, das retomadas o
Logan venceu a maioria, mas perdeu as que terminam a 120 km/h em terceira

 

Desempenho e consumo

Um mais leve e potente, outro com mais torque: como os adversários se saíram nas medições de desempenho e consumo do Best Cars?

O Ka+ mostrou vantagem em aceleração, como ao fazer de 0 a 120 km/h em 16,2 ante 18,9 segundos do Logan. O baixo regime máximo do Renault (6.000 rpm) prejudica-o nessa prova, pois ele chega aos 120 em terceira marcha “em cima” do corte de rotação, um tanto além do ponto de maior potência do motor (passar à quarta mais cedo não ajuda, tanto pelo tempo da troca de marcha quanto pela queda de rotação depois dela), mas as medições de 0-80 e 0-100 também deixaram o Ford à frente.

Nas retomadas a disputa foi mais equilibrada. O Ka+ venceu nas provas concluídas a 120 km/h em terceira marcha pela mesma razão acima: esticar o motor do Logan a tal limite afasta-o de seu melhor desempenho, enquanto o do oponente está em sua plenitude. Nas medições que usam rotação mais baixa, como 80-120 em quinta, o Renault foi bem melhor que o adversário tanto pelo torque superior quanto pela marcha mais curta.

O Ka+ provou-se mais econômico tanto nos trajetos urbanos quanto no rodoviário, com ou sem uso de ar-condicionado, e assim obteve maior autonomia, para o que concorre o tanque de capacidade pouco mais ampla.

 

 

Medições Best Cars

Ka+

Logan

Aceleração
0 a 80 km/h 7,9 s 9,1 s
0 a 100 km/h 12,0 s 12,7 s
0 a 120 km/h 16,2 s 18,9 s
0 a 400 m 17,9 s 18,6 s
Retomada
60 a 100 km/h (3ª.) 8,8 s 8,4 s
60 a 100 km/h (4ª.) 12,3 s 11,6 s
60 a 120 km/h (3ª.) 12,9 s 13,8 s
60 a 120 km/h (4ª.) 18,6 s 17,2 s
80 a 120 km/h (3ª.) 8,9 s 10,0 s
80 a 120 km/h (4ª.) 13,3 s 12,7 s
80 a 120 km/h (5ª.) 19,1 s 17,4 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 11,0 km/l 10,4 km/l
Trajeto exigente em cidade 6,1 km/l 5,4 km/l
Trajeto em rodovia 9,6 km/l 8,9 km/l
Autonomia
Trajeto leve em cidade 515 km 468 km
Trajeto exigente em cidade 285 km 243 km
Trajeto em rodovia 449 km 401 km
Testes efetuados com álcool; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição

 

Dados dos fabricantes

Ka+

Logan

gas. álc. gas. álc.
Velocidade máxima ND 178 km/h 180 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h ND 11,9 s 11,6 s
Consumo em cidade 11,5 km/l 7,9 km/l 11,9 km/l 8,1 km/l
Consumo em rodovia 13,6 km/l 9,5 km/l 13,4 km/l 9,2 km/l
Gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro

 

Ficha técnica

Ka+

Logan

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Material do bloco/cabeçote alumínio ferro fundido/alumínio
Comando de válvulas duplo no cabeçote no cabeçote
Válvulas por cilindro 4 2
Diâmetro e curso 79 x 76,4 mm 79,5 x 80,5 mm
Cilindrada 1.499 cm³ 1.598 cm³
Taxa de compressão 11:1 12:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 105 cv a 6.500 rpm/ 110 cv a 5.500 rpm 98/106 cv a 5.250 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 14,6/14,9 m.kgf a 4.250 rpm 14,5/15,5 m.kgf a 2.850 rpm
Potência específica (gas./álc.) 70,0/73,4 cv/l 61,3/66,3 cv/l
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual, 5
Relação e velocidade por 1.000 rpm
1ª. 3,85 / 7 km/h 3,73 / 7 km/h
2ª. 2,04 / 14 km/h 2,05 / 13 km/h
3ª. 1,28 / 22 km/h 1,32 / 20 km/h
4ª. 0,95 / 29 km/h 0,97 / 28 km/h
5ª. 0,76 / 36 km/h 0,76 / 35 km/h
Relação de diferencial 4,07 4,36
Regime a 120 km/h (5ª.) 3.300 rpm 3.400 rpm
Regime à vel. máxima informada (gas./álc. – 5ª.) ND 5.050/5.100 rpm
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco (ø ND) a disco ventilado (259 mm ø)
Traseiros a tambor (ø ND) a tambor (203 mm ø)
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica hidráulica
Diâmetro de giro ND 10,6 m
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro e traseiro
Rodas
Dimensões 15 pol 15 pol
Pneus 195/55 R 15 H 185/65 R 15 H
Dimensões
Comprimento 4,254 m 4,349 m
Largura 1,695 m 1,733 m
Altura 1,46 m 1,529 m
Entre-eixos 2,491 m 2,635 m
Bitola dianteira ND
Bitola traseira ND
Coeficiente aerodinâmico (Cx) ND 0,34
Capacidades e peso
Tanque de combustível 52 l 50 l
Compartimento de bagagem 445 l 510 l
Peso em ordem de marcha 1.048 kg 1.070 kg
Relação peso-potência (gas./álc.) 10,0/9,5 kg/cv 10,9/10,1 kg/cv
Garantia
Prazo 3 anos sem limite de quilometragem
Carro avaliado
Ano-modelo 2015 2014
Pneus Pirelli Cinturato P7 Bridgestone Turanza ER 300
Quilometragem inicial 2.000 km 4.000 km
Dados do fabricante; ND = não disponível
Próxima parte

 

 

 
Por preços muito próximos, oferecem conteúdos similares; o Ka+ destaca-se
mais por atributos mecânicos, e o Logan, pelas qualidades da carroceria

 

Preços

Ka+

Logan

Sem opcionais 47.490 46.180
Como avaliado 48.760 48.880
Completo 48.760 50.020
Preços públicos sugeridos, em reais, vigentes em 25/9/14; menores preços em destaque; consulte os sites: Ka+ e Logan

 

Custo-benefício

O Ka+ SEL vem em configuração fechada, que admite apenas pinturas especiais, ao custo de R$ 1.270 no caso do vermelho avaliado; assim, o preço termina em R$ 48.760. Nosso Logan Dynamique trazia sistema Media Nav com navegador e tela tátil, sensores de estacionamento traseiros e ar-condicionado automático, no pacote Techno Plus de R$ 1.600, e pintura metálica a R$ 1.100, em total de R$ 48.880. Poderia ainda receber bancos revestidos de couro por R$ 1.140.

Conforme avaliados, o Renault saía em vantagem pelos conteúdos acima e outros como controlador e limitador de velocidade e ajuste elétrico de retrovisores, mas deixava de fora o controle de estabilidade, item ainda exclusivo do Ford entre os sedãs pequenos nacionais. Portanto, as diferenças entre carros de preços tão próximos ficam na escolha entre algumas conveniências e um item de segurança ativa.

 

 

Na comparação quesito a quesito, como mostra o quadro de notas abaixo, o Ka+ sobressaiu naqueles relacionados à parte mecânica (desempenho, consumo, câmbio, direção e estabilidade), cabendo ao Logan melhor julgamento em aspectos do interior (itens de conveniência, espaço interno, porta-malas e visibilidade). Seria interessante poder associar a carroceria do Renault à mecânica do Ford, o que resultaria em um carro espaçoso, bem equipado, eficiente e agradável de dirigir.

Se o Ka+ pretendia se provar um dos melhores sedãs compactos do mercado, sua missão foi bem sucedida: superou por pequena margem o Logan, que havia obtido o primeiro lugar em recente comparativo com Etios e Voyage. Ficou evidente, acima de tudo, o acerto da Ford em oferecer um conjunto mecânico bastante atual, em oposição ao aproveitamento de velhos recursos pela Renault em um carro rejuvenescido em aparência. Para o interessado em um modelo dessa categoria, são duas fortes opções a considerar, cada um com seus atributos.

Mais Avaliações

 

 

Nossas notas

Ka+

Logan

Estilo 4 4
Acabamento 3 3
Posição de dirigir 4 4
Instrumentos 4 4
Itens de conveniência 3 4
Espaço interno 3 4
Porta-malas 4 5
Motor 4 4
Desempenho 4 3
Consumo 4 3
Câmbio 5 4
Freios 4 4
Direção 5 3
Suspensão 3 3
Estabilidade 4 3
Visibilidade 3 4
Segurança passiva 3 3
Custo-benefício 4 4

Média

3,78

3,67

Posição

1º.

2º.

As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia

 

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