Peugeot RCZ vs. Mini Coupe: bom moço, garoto travesso

Mini Cooper S Coupe vs. Peugeot RCZ – continuação

 

 

Simulação de desempenho

Já se esperava que o Mini fosse mais rápido com sua vantagem de 19 cv e o menor peso, mas quanto mais rápido? Foi o que a simulação do consultor Iran Cartaxo para o Best Cars buscou esclarecer.

Em velocidade máxima a superioridade do Coupe foi pequena (4,2 km/h), por duas razões: uma, a aerodinâmica menos eficiente que a do RCZ, fator que se torna decisivo a tal velocidade; outra, o cálculo menos exato de câmbio. O Mini chega à máxima com 350 rpm a mais que o ponto de maior potência, enquanto o Peugeot mostra cálculo perfeito ao ficar apenas 100 rpm abaixo desse ponto (que nele é 500 rpm mais alto). Em ambos esse resultado se obtém em quinta marcha: a sexta longa, uma sobremarcha, deixa os carros cerca de 2 km/h menos velozes, pois não consegue vencer a resistência do ar.

A 120 km/h em sexta o motor do Cooper S gira um pouco menos, mas enfrenta maiores perdas por causa da aerodinâmica, embora ele conte com a vantagem de pneus mais estreitos.

Em aceleração, porém, a conversa é outra. O peso adicional que o RCZ carrega impede qualquer confronto, pois acelerar de 0 a 100 km/h com ele requer 1,9 segundo a mais. O Mini sai à frente também nas demais provas de arrancada e retomada, contando ainda com potência e torque adicionais (este último, apenas durante o uso de sobrepressão no turbo).

O pequeno inglês foi melhor também em consumo, mas por pequena margem no ciclo urbano e mínima no rodoviário. O peso é seu grande aliado também aqui, mas no restante os carros têm mecânicas parecidas, o que explica a proximidade dos resultados.

 

Mini Coupe

RCZ

Velocidade máxima 217,2 km/h 213,0 km/h
Regime à velocidade máxima / marcha 5.850 rpm / 5ª. 5.900 rpm / 5ª.
Regime a 120 km/h (6ª.) 2.550 rpm 2.600 rpm
Potência consumida a 120 km/h 31 cv 30 cv
Aceleração de 0 a 100 km/h 7,6 s 9,5 s
Aceleração de 0 a 400 m 15,5 s 16,7 s
Aceleração de 0 a 1.000 m 28,1 s 30,6 s
Retomada de 60 a 100 km/h em drive 4,1 s 5,3 s
Retomada de 80 a 120 km/h em drive 5,3 s 6,3 s
Consumo em ciclo urbano 7,3 km/l 6,7 km/l
Consumo em ciclo rodoviário 11,2 km/l 11,0 km/l
Autonomia em ciclo urbano 330 km 330 km
Autonomia em ciclo rodoviário 505 km 546 km
Melhores resultados em negrito; conheça o simulador e os ciclos de consumo

 

Dados dos fabricantes

Mini Coupe

RCZ

Velocidade máxima 224 km/h 213 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 7,1 s 8,4 s
Consumo em ciclo urbano ND
Consumo em ciclo rodoviário ND
ND = não disponível

 


O Mini (esquerda) leva boa vantagem em aceleração e retomada, além de consumir menos

 

Comentário técnico

Denominado Prince, o motor de 1,6 litro desses modelos foi desenvolvido em parceria entre a PSA Peugeot-Citroën e o grupo BMW e colocado em produção em 2004. Hoje equipa — entre as versões de aspiração natural e turboalimentada — numerosos automóveis de ambos os grupos, como o Mini em todas as carrocerias, o BMW Série 1 (sua primeira aplicação longitudinal), os Peugeots 208, 308, 408, 508, 3008 e RCZ e os Citroëns C3, DS3, C4 e C4 Picasso, entre outros.

Um fato curioso é que suas medidas de diâmetro de cilindros e curso de pistões são as mesmas do antigo motor Tritec (fabricado no Paraná e usado na geração anterior do Mini, até 2007), que deu origem ao E-Torq hoje empregado pela Fiat brasileira. Entre as características modernas estão injeção direta de combustível, quatro válvulas por cilindro com variação do tempo de abertura e o uso de alumínio também no bloco. O acionamento do comando de válvulas se dá por meio de corrente, o que já acontecia no Mini anterior, mas é raro em motores Peugeot. A versão em uso pelos esportivos avaliados inclui turbocompressor de duplo fluxo e resfriador de ar.

Ligeira incoerência: enquanto o Cooper S obtém a potência máxima a 5.500 rpm e pode girar até 6.500 antes da atuação do limitador, o RCZ precisa de 6.000 rpm para atingir o pico, mas não passa de 6.200. Uma revisão do regime máximo pela marca francesa seria oportuna.

A mesma caixa automática, até com iguais relações para as seis marchas, equipa os dois carros em análise. O que muda — além da interface com o motorista, descrita no texto principal — é apenas o diferencial, mais longo no Mini, o que compensa seus pneus de menor diâmetro e leva a uma relação final 2% mais baixa (longa).

Ao basear o RCZ na plataforma usada pelo 308, a Peugeot ficou com um esportivo um tanto simples em termos de suspensão, com eixo traseiro de torção. O Mini é mais elaborado nesse quesito, assim como os demais modelos da gama, pois usa o conceito independente multibraço (leia mais sobre suspensões).

Recurso interessante no RCZ é o capô ativo, elemento de segurança passiva que permite atender às normas europeias de segurança em caso de atropelamento sem acarretar uma frente muito alta. Quando sensores na parte dianteira do carro detectam uma colisão, um sistema pirotécnico na parte traseira do capô (foto) eleva essa região em 55 mm em apenas 0,1 segundo, a fim de preservar distância segura entre a peça — que é de alumínio — e os órgãos mecânicos abaixo dela.

Próxima parte

 

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