O compacto que os japoneses trouxeram da Índia encontra
um adversário projetado, como ele, para mercados emergentes
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Quando se trata dos segmentos de entrada, o mercado nacional não consegue se afastar do rótulo de país emergente. Enquanto alguns fabricantes optam por desenvolver os carros aqui, às vezes usando plataformas e mecânicas concebidas no milênio passado, outros trazem projetos já colocados em produção em outras regiões do globo enquadradas no mesmo perfil, como o leste da Europa, a China e a Índia. Neste último caso estão o Renault Logan, do qual foi derivado o Sandero, e o Toyota Etios.
O Etios pode ser considerado o Sandero da marca japonesa, e não só por eventual semelhança de estilo (maior no caso do sedã em relação ao Logan). Renault e Toyota, que já tinham outros modelos para mercados desenvolvidos, como o Clio e o Yaris, partiram do mesmo princípio ao projetá-los: do primeiro ao último parafuso, deveriam ter baixo custo de produção e atender às exigências dos consumidores de países emergentes — em geral escassas em termos de refinamento, mas severas em resistência a condições precárias de uso, piso e manutenção. Nada mais natural, portanto, que colocá-los frente a frente.


Renault Sandero GT Line |
Toyota Etios XS |
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4,02 m | 98/106 cv | R$ 39.070 | 3,77 m | 84/90 cv | R$ 38.790 |
Preços públicos sugeridos, em reais, para os carros avaliados, com possíveis opcionais |
Além dessa questão de origem, os dois modelos têm a mesma proposta de uso (são hatchbacks compactos com espaço, conforto e desempenho razoáveis, bons para uso urbano e nem tanto para viagens) e porte que os mantém na mesma categoria, apesar dos centímetros a mais do Sandero em comprimento (24 cm), largura (5 cm) e distância entre eixos (13 cm).
Em potência, o maior equilíbrio com o Sandero de 1,6 litro seria obtido pelo Etios de 1,5 litro, mas este motor equipa o Toyota apenas na versão de topo XLS, que custa bem mais que o concorrente. Assim, para manter a proximidade no mais importante dos quatro “Ps” — o preço —, optamos pelo Etios XS de 1,3 litro, enquanto o Sandero veio na versão GT Line 1,6 de duas válvulas por cilindro. Aos que não pretendem comprar o Renault com o pacote “esportivo”, cabe avisar que se trata apenas de um conjunto estético sem qualquer diferença mecânica para a versão Privilège.
A opção pelo XS deixou o Toyota com menos potência — 90 cv com álcool ante 106 cv do adversário —, mas resultou em valores bem próximos: R$ 38.790 o XS, sem os acessórios que podem ser aplicados em concessionária, e R$ 39.070 o GT Line, que vem em pacote fechado e poderia receber apenas pintura metálica.
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