Fusion, Accord e Altima: o que é bom para os EUA…

Ford Fusion Flex
Honda Accord EX

 

Nissan Altima SL

Faróis elipsoidais, mas sem lâmpadas de xenônio, equipam todos eles; o Altima (à esquerda) é o único dotado de ajuste elétrico de altura do facho

 

O arranjo de faróis é sempre o mesmo: duplo refletor, sendo o facho baixo elipsoidal e o alto de superfície complexa, todos com lâmpada halógena (convencional). Apenas no Nissan existe ajuste elétrico da altura do facho dos faróis. Os três contam com unidades de neblina, mas não a luz traseira para a mesma condição de uso; faltam repetidores laterais das luzes de direção no Accord. Bom detalhe deste e do Altima é virem com luzes de direção traseiras em cor âmbar, como preveem as normas brasileiras — a Ford usa o vermelho, que é permitido aqui por seguir a lei do país de origem do carro, mas deveria ser evitado por fugir ao padrão local.

 

Como primazia no mercado em sua linha 2015,
o Fusion traz cintos traseiros infláveis, que
aumentam a área de retenção em caso de colisão

 

O Fusion tem um recurso incomum nos retrovisores: embora a lente principal do lado esquerdo seja plana (padrão nos EUA), ambos os espelhos trazem uma pequena seção externa com forte convexidade para ampliar o campo visual. Funciona? É melhor que ter só a limitada lente plana, mas requer tempo de adaptação porque as imagens ali mostradas são bem pequenas e os carros refletidos estão muito mais próximos do que espera o motorista, mesmo o habituado a espelhos biconvexos — nada de mudar de faixa enquanto o veículo da faixa ao lado não aparecer no espelho principal. Preferimos, sem dúvida, os biconvexos que a própria marca usa em Focus e Ecosport.

Accord e Altima usam retrovisores convexos, que no primeiro são imensos — decerto prevendo a perda de campo visual pela lente esquerda plana, padrão nos EUA. O segundo vem ainda com alertas para veículo em ponto cego nas faixas laterais (acende-se uma luz junto ao espelho) e para desvio involuntário da faixa de rolamento (avisos sonoro e visual). Como este último depende da câmera traseira para ler as faixas da via, não funciona à noite. De resto, são carros de boa visibilidade, com restrições pelas colunas dianteiras mais avançadas do Fusion — os outros são melhores aqui — e pela altura da tampa do porta-malas nos três, atenuada pela presença de câmeras traseiras.

 

Ford Fusion Flex
Honda Accord EX

 

Nissan Altima SL
Falhas: nenhum traz luz traseira para neblina, o Accord (acima) vem sem repetidores laterais de direção e no Fusion (ao lado dele) as luzes de direção traseiras deveriam seguir nosso padrão

 

Os três carros estão bem equipados quanto à segurança passiva, com bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras de tórax e cortinas (quem abrangem toda a área dos vidros laterais), cintos de três pontos e encostos de cabeça para os cinco ocupantes e fixações para cadeiras infantis em padrão Isofix. Dois itens colocam o Fusion em vantagem: bolsas para proteção dos joelhos de motorista e passageiro ao lado e, como primazia no mercado em sua linha 2015, cintos traseiros infláveis, que aumentam a área de retenção dos passageiros em caso de colisão.

Próxima parte

 

Desempenho e consumo

Com potência e torque superiores, menor peso e um câmbio mais eficiente, ficou fácil para o Altima garantir a liderança em acelerações nas provas realizadas pelo Best Cars. Ele acelerou de 0 a 100 km/h em 0,5 segundo a menos que o Accord e 1,3 s a menos que o Fusion, esta uma vantagem razoável, e se manteve à frente nas demais medições. As retomadas de velocidade, entretanto, indicaram um Honda mais rápido nas provas concluídas a 120 km/h, com o Nissan cumprindo em menor tempo apenas a de 60 a 100 km/h. Também nesse quesito o Ford ficou para trás, ainda que as diferenças sejam menores que 1 s.

A competição pelo menor consumo ficou mais uma vez entre os dois de origem japonesa, com vantagem expressiva para o Altima no trajeto urbano leve e no rodoviário, enquanto o Accord venceu no urbano exigente. A menor rotação do motor Nissan em velocidades de rodovia pode ter sido decisiva. Aqui, mais que em desempenho, a desvantagem do Fusion foi evidente e aponta baixa eficiência do motor flexível, que ainda tem de lidar com o maior peso entre os três.

Outro aspecto negativo do Ford é sua calibração de câmbio, que leva a nem sempre necessárias reduções de marcha nas subidas de nosso trajeto rodoviário, vencidas pelos dois oponentes com a caixa na última marcha (Accord) ou na relação mais baixa (Altima). Como se sabe, mais rotações significam maior consumo. Vale notar que o Nissan é o único a ter dados de consumo divulgados pelos padrões do Inmetro. A autonomia dos carros de marcas nipônicas também foi maior que a do Ford.

 

 

Medições Best Cars

Fusion

Accord

Altima

Aceleração

0 a 80 km/h 6,8 s 6,8 s 6,7 s
0 a 100 km/h 10,6 s 9,8 s 9,3 s
0 a 120 km/h 15,1 s 13,6 s 13,2 s
0 a 400 m 17,2 s 16,9 s 16,5 s

Retomada

60 a 100 km/h (D)* 6,6 s 6,2 s 6,0 s
60 a 120 km/h (D)* 10,5 s 9,7 s 9,9 s
80 a 120 km/h (D)* 8,1 s 7,3 s 7,7 s

Consumo

Trajeto leve em cidade 9,4 km/l 10,9 km/l 11,9 km/l
Trajeto exigente em cidade 5,5 km/l 6,6 km/l 5,8 km/l
Trajeto em rodovia 11,4 km/l 13,0 km/l 13,9 km/l

Autonomia

Trajeto leve em cidade 525 km 638 km 728 km
Trajeto exigente em cidade 307 km 386 km 355 km
Trajeto em rodovia 636 km 760 km 851 km
Testes de desempenho efetuados com álcool e de consumo com gasolina no Fusion; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição

 

Dados dos fabricantes

Fusion

Accord

Altima

Velocidade máxima 195 km/h ND 210 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h ND
Consumo em cidade ND 10,1 km/l
Consumo em rodovia ND 13,1 km/l
Gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível

 

Ford Fusion Flex
Honda Accord EX

 

Nissan Altima SL
Nas medições, o Altima (à esquerda) foi destaque, com melhores acelerações, boas retomadas e menor consumo em dois dos trajetos; o Accord (acima) também se saiu bem

 

Comentário técnico

• Os três motores têm concepção atual, mas não representam a última palavra no segmento. O K24 do Accord, membro da série Earth Dreams, deriva daquele usado desde 2002 no CR-V e depois no próprio Accord. Embora nos Estados Unidos tenha sido lançada uma versão com injeção direta, para o Brasil foi mantida a muitiponto sequencial indireta. O QR25DE do Altima apareceu em 1999 em uma minivan da marca e está no modelo desde a geração de 2002. No Fusion consta um dos muitos motores da série Duratec, o 25 de origem Mazda, em uso na Ford desde 2009 e relacionado aos de 1,8 e 2,0 litros que surgiram em 2000 no Mondeo.

• Se apenas um deles pode funcionar com álcool, você esperaria que tivesse a maior taxa de compressão entre os três, certo? Errado: a do Fusion (9,7:1) é a mais baixa, ainda que por pequena margem, indicação de que a Ford abriu mão de aproveitar o potencial do combustível vegetal, seja por questão de custos de desenvolvimento, seja ao considerar que a gasolina seria a opção da maioria dos compradores.

• Todos usam corrente para levar movimento do virabrequim às árvores de comando de válvulas, solução que predomina nos EUA por sua longevidade — naquele mercado são comuns os planos de manutenção em que apenas fluidos e filtros precisam ser trocados até 100 mil milhas ou 160 mil quilômetros. Outros itens em comum são bloco de alumínio e variação do tempo de abertura das válvulas. E um fato curioso: diâmetro de cilindros e curso de pistões são iguais entre o Altima e o Fusion, apesar de serem projetos distintos.

• O novo Accord também recebeu câmbio de variação contínua (CVT) na versão 2,4 vendida nos EUA, mas para nós manteve a caixa automática de cinco marchas da geração anterior. Comparada à do Fusion, ela tem relação similar na última marcha, mas usa escalonamento mais aberto entre todas elas. Isso exemplifica um fato: câmbios com maior número de marchas não são usados apenas para obter menor rotação na última delas, mas também para reduzir o intervalo entre as relações, o que traz menor variação de rotação nas trocas e permite “encontrar” a marcha ideal em cada condição.

• Tanto no Ford quanto no Honda, a atual geração abandonou a suspensão dianteira por braços sobrepostos da anterior em favor do mais comum sistema McPherson — o que não chega a ser desabonador, pois marcas renomadas como BMW e Porsche também o empregam em alguns modelos. É o mesmo conceito do Altima. Na traseira os três carros usam sistema independente multibraço, moderno e eficiente.

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