Os dois novos compactos reencontram-se em versões mais potentes: o que o pacote TSI pode fazer pelo Volkswagen contra o Ford?
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Foi-se o tempo em que turbocompressor era um recurso destinado à esportividade, ao desempenho apenas de médias para altas rotações, tendo como preços um funcionamento menos irregular e alto consumo de combustível. De 10 ou 15 anos para cá, esse método de superalimentação vem ganhando emprego frequente como solução para aumentar a eficiência, ou seja, produzir mais potência a partir de um motor de menor cilindrada com economia — o que em inglês se convencionou chamar de downsizing, redução de tamanho.
Embora o Volkswagen Up TSI — como a marca identifica sua nova versão com turbo e injeção direta de combustível — mantenha a cilindrada de 1,0 litro do modelo vendido aqui desde o ano passado, o efeito descrito acima aplica-se bem ao pequeno carro fabricado em Taubaté, SP: O motor revitalizado aparece como válida alternativa a uma unidade de cilindrada pelo menos 50% maior, que talvez não coubesse em seu compacto cofre.
Ford Ka SEL 1,5 |
Volkswagen Red Up TSI 1,0 |
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3,88 m | 3,60 m | |
105/110 cv | 101/105 cv | |
R$ 48.190 | R$ 50.206 | |
Preços públicos sugeridos, em reais, para os carros avaliados, com possíveis opcionais |
De fato, tem sido usual nos carros pequenos nacionais oferecer um motor de 1,0 litro e outro com 1,4 a 1,6 litro, como faz a Ford com o Ka, que dispõe de um 1,5. No Up a fórmula foi outra e, apesar de não parecer em termos de potência, o motor ganhou fôlego ainda maior do que uma versão de 1,6 litro conseguiria com o mesmo desenvolvimento do 1,0 básico — essa alternativa existe na linha VW dentro da mesma família de motores EA-211.
Afinal, a opção pela tecnologia de ponta rende dividendos ao Up ou é apenas argumento comercial? Aproveitamos a cessão do TSI para avaliação completa logo após o lançamento (o que deveria ser seguido pelos demais fabricantes) para um novo comparativo com o Ka, dessa vez entre as versões mais potentes.
À parte a diferença de cilindrada, que o VW compensa pela superalimentação, eles são plenamente comparáveis nos quatro “Ps”. Têm a mesma proposta de uso: hatches compactos de cinco portas com desempenho suficiente para uso urbano e rodoviário, mas de espaço exíguo para a família e sua bagagem, prestando-se melhor a solteiros e casais sem filhos. Em porte o Ka é pouco maior, com 28 centímetros a mais em comprimento e 7 cm em distância entre eixos.
Os recursos técnicos permitem ao VW obter potência de 101 cv com gasolina e 105 com álcool, ante 105 e 110 cv do Ford que, no entanto, tem menos torque em um motor de cilindrada 50% maior. Enfim, há equilíbrio em preço: o Ka SEL 1,5 custa R$ 48,2 mil e o Red Up TSI parte de R$ 48,7 mil, chegando a R$ 50,2 mil como avaliado. Ambos podem ser adquiridos com a mesma mecânica em acabamentos mais simples: o Ford em versões SE (R$ 43,1 mil) e SE Plus (R$ 45,2 mil) e o VW nas opções Move Up (R$ 43,4 mil), Cross Up (R$ 47,1 mil) e High Up (R$ 48,1 mil), além da edição especial Speed Up (R$ 50 mil).
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