Hyundai HB20: bom o bastante para vencer o VW Polo?

Com novo desenho, motor turbo e mais conveniências, o pequeno dos sul-coreanos enfrenta um dos melhores concorrentes

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

O Hyundai HB20 trouxe ao mercado em 2012, ao lado do Chevrolet Onix, uma renovação do segmento de hatchbacks compactos. Além do desenho moderno e atraente, oferecia opção de transmissão automática — então rara na categoria — e, pouco depois, de central de áudio com ampla tela de toque. Tudo isso, somado à boa reputação da marca, fez dele um grande sucesso.

O tempo, porém, passa para todos. Para 2020 a Hyundai apresenta uma nova geração do HB20, inteiramente refeita em desenho e com importantes evoluções técnicas e em conteúdo. Ela vem enfrentar concorrentes revitalizados como o Volkswagen Polo, que em 2017 elevou o patamar do segmento e venceu o comparativo com três oponentes. O Best Cars lança um Desafio entre a versão Diamond Plus do HB20 e a Comfortline do Polo, ambas com motor turbo de 1,0 litro e caixa automática de seis marchas.

 

O HB20 tem formas mais ousadas, que causam controvérsia na nova geração; sem empolgar, o desenho simples do Polo tende a agradar por mais tempo

 

Se o Hyundai está na versão de topo, por que não o Volkswagen? A resposta é preço: com o HB20 oferecido a R$ 78 mil, o Polo Comfortline com opcionais por R$ 76,1 mil é o que fica mais próximo. O Highline, apesar de partir de R$ 77 mil, passa de R$ 84 mil com opções. Além disso, o Polo de topo já participou do comparativo de dois anos atrás e preferimos uma versão inédita.

 

 

Estilo
As filosofias de desenho são bem diferentes. O Polo segue a escola alemã de formas simples, que não empolgam, mas tendem a agradar por longos anos. Alguns lamentam a semelhança de linhas com o Gol, sobretudo na traseira. O HB20 sempre foi mais ousado, diferente do rebanho nas ruas, mas muitos acham que a marca errou a mão na nova geração — embora agrada mais ao vivo que em fotos.

Acabamento e conveniência
Os interiores usam plásticos rígidos com formas, tons e texturas mais elaborados e agradáveis no Hyundai. Sua versão de topo foge à mesmice ao adotar um tom marrom escuro em todo o acabamento e no revestimento sintético dos bancos — que o Volkswagen pode ter em preto, mas o testado veio com um tecido de aspecto regular.

 

Formas e cores deixam o acabamento do Hyundai mais agradável; seus instrumentos digitais são fáceis de ler, mas o Volkswagen tem mais medições no computador

 

Ambos trazem as conveniências mais desejadas, como apoio de braço central dianteiro, alerta específico de qual porta está mal fechada, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso e partida, controlador de velocidade, faróis automáticos, luz de cortesia também para o banco traseiro (duas de leitura no caso do Polo), monitor indireto de pressão dos pneus, para-sóis com espelhos iluminados, sensores de estacionamento traseiros e volante de couro com comandos de áudio e telefone.

 

Vantagens do HB20 são alertas para distância ao veículo adiante com frenagem autônoma e para saída da faixa, mas o Polo vence em itens de conveniência

 

As centrais de áudio têm integração a celular por Android Auto e Apple Car Play e boas telas de 8 pol no HB20 e 6,5 pol no Polo. Vantagens do Hyundai são alertas para distância ao veículo adiante (com frenagem autônoma) e para saída da faixa da via (sem intervir na direção), controle elétrico de vidros com função um-toque também nos traseiros e comando a distância para abrir e fechar, duas tomadas USB na frente (uma de alta corrente), limitador de velocidade e rebatimento elétrico dos retrovisores.

O Volkswagen tem a seu favor ar-condicionado automático (que o rival perdeu) com difusor para o banco traseiro, bocal do tanque destravado junto das portas (dispensa acionar alavanca no assoalho), limpador de para-brisa automático, mostrador de temperatura externa (falta inaceitável no HB20), porta-óculos no teto, porta-luvas refrigerado, sensores de estacionamento também na frente, suporte de celular no painel e tomada USB para o banco de trás, além de mais espaço para objetos. Nos dois falta a faixa degradê no para-brisa.

 

HB20 tem tela de 8 pol, alertas de distância frontal e de saída de faixa e rebatimento de espelhos; chave presencial e controlador de velocidade são novos no modelo

 

Polo usa tela de 6,5 pol; só ele traz ar-condicionado automático, saídas para o banco traseiro, retrovisor fotocrômico, sensores também na frente e porta-óculos

 

Posto do motorista
Ambos dispõem de banco bem dimensionado — o que é raro na classe —, mas o encosto do HB20 com pouco apoio lombar pode cansar em viagens. Seu ajuste de altura agora é por alavanca, mais prático que o antigo botão giratório. Eles têm bons volantes com ajuste em altura e distância e pedais em posição correta.

 

 

Nada há de errado no novo quadro de instrumentos digital do HB20, em que apenas o conta-giros é analógico: tem fácil leitura e disposição clara. Mas seu computador de bordo oferece um só trajeto de medição (três no Polo) e depende do botão do hodômetro para seleção de funções (no VW há botões no volante). O Polo ainda informa temperatura do óleo do motor.

Os faróis se equivalem, com dois fachos em simultâneo no alto, embora só o HB20 tenha refletor elipsoidal, e unidades de neblina (sem a luz traseira). Nenhum traz luzes diurnas por leds. Ambos têm boa visibilidade, com perda aceitável pelas colunas dianteiras, e repetidores laterais das luzes de direção.

 

Boa acomodação para o motorista nos dois; o HB20 ganhou espaço interno, mas o Polo ainda oferece mais; já os porta-malas têm a mesma capacidade

 

Espaço interno
Com maior distância entre eixos na nova geração, o Hyundai ganhou espaço para pernas de quem viaja atrás, agora próximo ao do Volkswagen. Este vence em altura útil naquele banco e seu recorte superior da porta favorece o acesso, mas o encosto forma um ângulo menos confortável com o assento e o console obstrui o vão central. Ambos são bem limitados para três adultos e não acomodam bem o passageiro central.

Porta-malas
Os dois carros transportam o mesmo volume de bagagem (300 litros), têm banco traseiro com encosto bipartido e estepe em medida diferente dos demais pneus, não a melhor solução. Faz falta no Polo um botão ou maçaneta para a tampa, que requer uso do controle remoto ou do botão no painel.

Próxima parte

 

Preços

HB20 Polo
Sem opcionais R$ 77.990 R$ 71.560
Como avaliado R$ 77.990 R$ 76.085
Completo R$ 78.940 R$ 79.390
Preços sugeridos em 21/11/19 para São Paulo, SP; apenas o preço completo inclui pinturas especiais; menores preços em destaque

 

Equipamentos de série e opcionais

HB20 Diamond Plus – Alarme volumétrico, alerta de saída da faixa da via, ar-condicionado, assistente de saída em rampa, banco do motorista com ajuste de altura, banco traseiro bipartido 60:40, bancos com revestimento sintético marrom, bolsas infláveis laterais dianteiras, câmera traseira de manobras, central de áudio Blue Media com tela de 8 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, chave presencial para acesso e partida, cintos de três pontos para cinco ocupantes, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, espelhos com iluminação nos para-sóis, faróis automáticos, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeira infantil, monitor de pressão dos pneus, monitor frontal com frenagem autônoma, retrovisores com rebatimento elétrico, rodas de alumínio de 15 pol, sensores de estacionamento na traseira, volante com ajuste em altura e distância.

Opcionais – Não tem.

Polo Comfortline – Alarme volumétrico, ar-condicionado, assistente de saída em rampa, banco do motorista com ajuste de altura, banco traseiro bipartido 60:40, bolsas infláveis laterais dianteiras, central de áudio Composition Touch com tela de 6,5 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, cintos de três pontos para cinco ocupantes, computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade e tração, espelhos com iluminação nos para-sóis, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeira infantil, rodas de alumínio de 15 pol, sensores de estacionamento na traseira, volante com ajuste em altura e distância.

Opcionais – Pacote Beats Sound (rodas de alumínio de 16 pol, sistema de áudio Beats, tapetes), pacote Tech I (chave presencial para acesso e partida, controlador de velocidade, faróis e limpador de para-brisa automáticos, retrovisor interno fotocrômico, sensores de estacionamento dianteiros, volante com comandos de marchas), pacote Tech II (como o Tech I mais ar-condicionado automático, câmera traseira de manobras, detector de fadiga, monitor de pressão dos pneus, sistema de frenagem automática pós-colisão, porta-luvas refrigerado), bancos com revestimento sintético, rodas de alumínio de 16 pol.

Garantia – Cinco anos (HB20) ou três anos (Polo) sem limite de quilometragem.

Próxima parte

 

Motores similares em concepção, com maior torque e operação mais suave no Polo, mas o leve HB20 foi mais rápido para acelerar e consumiu um pouco menos

 

Motor e desempenho
As duas marcas buscaram a mesma fórmula para os motores: três cilindros, 1,0 litro, turbocompressor e injeção direta — esta uma novidade no HB20. O Polo ficou mais potente que o rival com álcool (128 cv ante 120), mas menos com gasolina (116 cv); já o torque de 20,4 m.kgf supera o de 17,5 m.kgf do oponente por boa margem.

 

 

O menor peso favorece o Hyundai em acelerações, como ao fazer de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos (ótima marca, só 1,1 s atrás de um Honda Civic Si de 208 cv!) contra 10,4 s do adversário, ambos com gasolina. Nas retomadas houve maior equilíbrio graças ao torque superior do Volkswagen. Os motores pouco demonstram a oscilação típica dos três-cilindros, mais notada no HB20 em marcha-lenta e acima de 5.000 rpm. O Polo pareceu mais silencioso de modo geral.

As transmissões estão bem calibradas e permitem mudanças manuais pela alavanca ou comandos no volante. No Hyundai, em modo manual, a caixa não faz reduções ao acelerar até o fim e pode pegar o motorista de surpresa em emergência. Apenas a do Polo oferece programa esportivo, boa opção para deixar o motor “acordado” (o modo normal insiste em rotações baixas) e para obter freio-motor ao desacelerar, mas exagera na força de tração em marcha-lenta — desconforto atenuado pela passagem automática a ponto-morto nas paradas.

 

Boas transmissões automáticas de seis marchas com comandos junto ao volante; faróis elipsoidais no Hyundai, mas a ambos faltam luzes diurnas de leds

 

Consumo
Até que enfim, um HB20 automático e econômico! O motor turbo fez milagres pelo Hyundai, que consumiu pouco menos que o Polo nos três trajetos de medição e chegou a ótimos 16 km/l de gasolina no trecho urbano leve — o modelo anterior de 1,6 litro fizera apenas 12,1 km/l. Agora os dois carros estão muito bem nesse aspecto.

 

O menor peso favorece o HB20 em acelerações, como ao fazer de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos (só 1,1 s atrás de um Honda Civic Si de 208 cv) contra 10,4 s do Polo

 

Comportamento dinâmico
Ambos mostram boa estabilidade, com tendência a sair de frente no limite, mas o HB20 pode ser provocado para soltar a traseira, em uma atitude que diverte o motorista mais experiente — o controle eletrônico de estabilidade, de série em ambos, não atrapalha por só atuar quando realmente necessário. Conforto, porém, não é o forte dessas suspensões: transmitem mais os impactos do que deveriam e a frente cede muito nas lombadas. Pior no HB20, em que os amortecedores traseiros ficaram um tanto duros (curioso, pois anos atrás eram macios em excesso), pequenos defeitos do piso fazem o carro todo tremer e a frente dá pancada seca ao passar rápido por lombadas baixas.

A adoção de assistência elétrica deixou a direção do Hyundai tão agradável quanto a do Volkswagen, leve em manobras e precisa em velocidade. Os freios estão bem dimensionados em ambos, com vantagem ao Polo pelos discos na traseira; no HB20 o pedal poderia ser mais leve. O Polo traz sistema de frenagem automática pós-colisão, que retém o carro após um acidente para evitar novo impacto.

 

São carros de boa estabilidade, com restrições ao conforto de rodagem, sobretudo no HB20; bolsas infláveis laterais dianteiras e fixações Isofix são de série

 

Segurança passiva
Nas versões avaliadas o conteúdo de proteção dos ocupantes equivale-se: bolsas infláveis frontais e laterais dianteiras, fixações Isofix para cadeira infantil, cintos de três pontos e encostos de cabeça para cinco pessoas — itens inéditos no HB20.

 

 

Custo-benefício
O Polo leva grande vantagem em preço básico (R$ 6,4 mil), por não se tratar da versão de topo, mas precisa receber opcionais para ficar próximo ao HB20 em equipamentos. O avaliado tinha o pacote Tech II e rodas de 16 pol, com os quais ficava apenas R$ 1,9 mil mais barato que o adversário (este não oferece opções). Vale lembrar que a Hyundai oferece versões desde R$ 67.190 com esse conjunto motor-transmissão, enquanto a gama da Volkswagen parte mesmo dos R$ 71.560 do Comfortline.

O conteúdo dos carros avaliados é semelhante: o HB20 traz itens a mais como alertas de distância frontal e de saída de faixa e tela maior na central de áudio, e o Polo, conveniências como limpador e ar-condicionado automáticos, enquanto os recursos de segurança se equivalem. Contudo, o Volkswagen recebeu notas melhores em três quesitos (o Hyundai, em apenas um) e ainda custa menos, o que lhe rende melhor nota também em custo-benefício. Conclusão: o HB20 melhorou na nova geração, sobretudo com o eficiente motor turbo e os itens de conveniência, mas ainda não alcançou o conjunto equilibrado e cheio de qualidades do concorrente.

Mais Avaliações

 

Nossas notas

HB20 Polo
Estilo 3 4
Acabamento e conveniência 4 4
Posto do motorista 3 4
Espaço interno 3 3
Porta-malas 3 3
Motor e desempenho 5 4
Consumo 4 4
Comportamento dinâmico 3 4
Segurança passiva 4 4
Custo-benefício 3 4
Média 3,5 3,8
Posição 2°. 1°.
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia

 

Desempenho e consumo

HB20 Polo
Aceleração
0 a 100 km/h 9,3 s 10,4 s
0 a 120 km/h 12,9 s 14,6 s
0 a 400 m 16,6 s 17,3 s
Retomada*
60 a 100 km/h 6,1 s 6,0 s
60 a 120 km/h 9,9 s 10,3 s
80 a 120 km/h 7,1 s 7,5 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 16,0 km/l 15,6 km/l
Trajeto exigente em cidade 8,5 km/l 8,1 km/l
Trajeto em rodovia 14,9 km/l 14,7 km/l
Testes com gasolina; *reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição

 

Ficha técnica

HB20 Polo
Motor
Posição transversal transversal
Cilindros 3 em linha 3 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 71 x 84 mm 74,5 x 76,4 mm
Cilindrada 998 cm³ 999 cm³
Taxa de compressão 10,5:1 11,5:1
Alimentação injeção direta, turbo, resfriador de ar
Potência máxima (gas./álc.) 120 cv a 6.000 rpm 116/128 cv a 5.500 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 17,5 m.kgf a 1.500 rpm 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm
Transmissão
Tipo de caixa e marchas automática, 6 automática, 6
Tração dianteira dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado a disco ventilado
Traseiros a tambor a disco
Antitravamento (ABS) sim sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira
Assistência elétrica elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 5,5 x 15 pol 6 x 16 pol
Pneus 185/60 R 15 195/55 R 16
Dimensões
Comprimento 3,94 m 4,057 m
Largura 1,72 m 1,751 m
Altura 1,47 m 1,468 m
Entre-eixos 2,53 m 2,565 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 50 l 52 l
Compartimento de bagagem 300 l 300 l
Peso em ordem de marcha 1.091 kg 1.147 kg
Desempenho e consumo (gas./álc.)
Velocidade máxima 190 km/h 187/192 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 10,7 s 10,1/9,6 s
Consumo em cidade 12,2/8,6 km/l 11,6/8,0 km/l
Consumo em rodovia 13,9/10,3 km/l 14,1/9,8 km/l
Dados dos fabricantes; consumo conforme padrões do Inmetro

 

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