O eficiente 2008 brilha tanto em desempenho quanto em economia; entre os adversários, ligeira vantagem do T6 sobre o Duster em todas as medições
Desempenho e consumo
A grande vantagem do 2008 na relação entre potência/torque e seu peso, aliada à menor área frontal da carroceria, só poderia resultar em desempenho muito superior. Não deu outra: perto dos concorrentes ele é um esportivo, ao acelerar de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, ante 12,5 s do T6 e 12,7 s do Duster. Este último foi prejudicado, como se esperava, pelo câmbio automático: apesar da melhor relação peso-potência que no JAC, a caixa impõe perdas na transmissão de energia e suas quatro marchas com escalonamento aberto levam a quedas acentuadas na rotação a cada mudança.
O comportamento do 2008 ao acelerar evidencia que há mais torque do que seu chassi está calibrado para suportar: ao soltar a embreagem em alta rotação com o controle de tração desligado a frente ergue-se, a traseira afunda, os pneus seguem “cantando” e perdendo aderência por todo o uso da primeira marcha e ainda desgarram ao colocar segunda. Os tempos não melhoram muito ao habilitar o controle eletrônico, pois a potência é facilmente cortada. Bons resultados exigem várias tentativas com diferentes rotações e posições do Grip Control.
No caso do T6, o limite de giros muito baixo — 6.000 rpm, mesmo regime de potência máxima — impede o pleno uso do motor, pois o motorista precisa trocar de marcha pouco antes para evitar o corte. A título de curiosidade, o Duster obtém melhor aceleração (alguns décimos de segundo no 0-100) com o câmbio em modo automático que em manual, o oposto de alguns carros: a razão é que o motor “estica” as marchas a até 6.200 rpm no primeiro modo ante cerca de 6.000 no segundo. Seu limite de estol, 2.400 rpm, está dentro do normal.
As retomadas do Renault não permitem comparação exata aos demais, pois os câmbios automáticos podem fazer trocas durante a medição, ao contrário dos manuais. Mesmo com essa facilidade, ele ficou pouco atrás do JAC em terceira marcha e bem longe do Peugeot, que supera os oponentes mesmo ao usar a quarta de suas seis marchas.
Vitória do 2008 também em economia de combustível, com marcas de 7% a 15% melhores que as do T6 e de 14% a 21% melhores que as do Duster, conforme o trajeto de medição, todos usando álcool. Sua vantagem também era esperada por uma combinação de fatores: motor de menor cilindrada com turbo, injeção direta, câmbio de seis marchas (e manual como o do JAC), menor peso, pequena área frontal, Cx bem melhor que o do Renault. Este último foi penalizado pela caixa automática em comparação ao chinês, ficando com o maior consumo em todas as condições. Em duas delas, porém, o tanque de maior capacidade garantiu maior autonomia ao T6.
Medições Best Cars
T6 |
2008 |
Duster |
|
Aceleração |
|||
0 a 100 km/h | 12,5 s | 8,5 s | 12,7 s |
0 a 120 km/h | 16,8 s | 10,8 s | 18,3 s |
0 a 400 m | 18,9 s | 16,0 s | 19,2 s |
Retomada |
|||
60 a 100 km/h | 9,8 s / 3ª. | 6,9 s / 3ª. | 10,1 s* |
12,6 s / 4ª. | 8,8 s / 4ª. | ||
60 a 120 km/h | 14,6 s / 3ª. | 10,5 s / 3ª. | 15,0 s* |
21,2 s / 4ª. | 12,3 s / 4ª. | ||
80 a 120 km/h | 10,4 s / 3ª. | 7,6 s / 3ª. | 11,4 s* |
14,7 s / 4ª. | 9,2 s / 4ª. | ||
* com reduções automáticas | |||
Consumo |
|||
Trajeto leve em cidade | 9,1 km/l | 9,8 km/l | 8,6 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 5,2 km/l | 5,8 km/l | 4,8 km/l |
Trajeto em rodovia | 7,6 km/l | 8,8 km/l | 7,3 km/l |
Autonomia |
|||
Trajeto leve em cidade | 491 km | 485 km | 387 km |
Trajeto exigente em cidade | 281 km | 277 km | 216 km |
Trajeto em rodovia | 410 km | 436 km | 329 km |
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Dados dos fabricantes
T6 |
2008 |
Duster |
|
Velocidade máxima | 186 km/h | 206/209 km/h | 170/176 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,2 s | 8,3/8,1 s | 12,1/11,0 s |
Consumo em cidade | ND | ||
Consumo em rodovia | ND | ||
Dados do fabricante para gasolina/álcool; ND = não disponível |
Peugeot e Renault basearam seus utilitários na arquitetura de hatches pequenos; o JAC é o único a usar suspensão traseira independente multibraço
Comentário técnico
• O motor do 2008 é o conhecido Prince projetado em conjunto entre o grupo BMW e a PSA Peugeot Citroën, com características modernas como turbocompressor de duplo fluxo, injeção direta, bloco de alumínio (os adversários usam ferro fundido) e variação de tempo de abertura de válvulas para admissão e escapamento. No Duster vem a antiga unidade herdada de Mégane e Scénic, que bem poderia dar lugar ao motor Nissan empregado no Fluence; como o T6, ele usa variação de válvulas só nas de admissão.
• Tanto JAC quanto Renault adotam correia dentada para a sincronia entre virabrequim e comando de válvulas, solução mais silenciosa, mas menos robusta e durável que a corrente do Peugeot. O sistema de partida a frio com álcool do T6 usa preaquecimento do combustível, que dispensa o anacrônico tanque suplementar ainda presente no Duster; o 2008 não precisa de nenhum dos dispositivos, pois a alta pressão de injeção garante a partida mesmo em temperaturas muito baixas.
• Controle eletrônico de tração é um bom recurso para terrenos de menor aderência, mas pode se tornar prejudicial em certas condições, nas quais alguma patinação de pneus ajuda a manter o carro em movimento. Foi por isso que a Peugeot aplicou ao 2008 THP o sistema Grip Control (controle de aderência), um ajuste do controle de tração por um comando giratório no console central com cinco modos: Normal, Neve (desativa-se ao atingir 50 km/h), Lama (também adequado a grama molhada e ativo até 80 km/h), Areia (até 120 km/h) e ESP Off (que desliga o controle de estabilidade, só até 50 km/h). Assim que um programa é selecionado, aparece a indicação correspondente na tela central do painel.
• A suspensão traseira independente multibraço do T6 é a única no grupo, mais evoluída em termos técnicos que o eixo de torção do 2008 e do Duster. Este último usa multibraço apenas na versão de tração nas quatro rodas, pois a transmissão às rodas traseiras fica mais difícil de projetar com eixo de torção (embora seja possível: era assim no Suzuki SX4).
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