Do Corolla ao Range Rover, do Golf ao BMW 3, vários modelos tiveram longa história antes de chegar ao Brasil
Há quanto tempo você conhece o Toyota Corolla e o Honda Civic? E carros como Ford Escort, Range Rover, Volkswagen Golf, quando acha que surgiram? Acreditaria que todos eles têm pelo menos 40 anos e que o Kadett da GM existia antes da Segunda Guerra Mundial?
Carros que conhecemos bem começaram sua trajetória, em vários casos, alguns decênios antes de chegarem ao Brasil. O mercado nacional esteve fechado a importações entre 1976 e 1990, o que nos deixou sem alcance a muitos automóveis feitos no exterior: além de não serem importados, sua produção local era preterida pela de modelos mais simples ou originários de projetos antigos. Enquanto isso, marcas como Honda, Land Rover, Nissan e Toyota não fabricavam ou mesmo vendiam automóveis aqui — a última fazia apenas utilitários.
Conheça alguns casos de modelos bem mais longevos (incluindo alguns com menos de 40) do que a maioria imagina.
• BMW Série 3, 5, 6 e 7: a fábrica de Munique adotou em 1972 o padrão de denominação com um dígito para o modelo e dois para o motor, como em 320i ou 530i. O primeiro a usá-lo naquele ano foi o Série 5, seguido pelo sedã menor 3 (em 1975), pelo cupê 6 (1976) e pelo sedã maior 7 (1977). Até que fossem importados, nos anos 90, o Série 3 e o 7 mudaram de geração duas vezes, e o 5, três vezes. O 6 teve só uma, ficou anos fora do mercado e voltaria em 2004.
Não é sem razão que o Camaro tem inspiração nostálgica: foi nas primeiras séries, da década de 1960, que a GM buscou elementos para desenhar o modelo atual

• Chevrolet Kadett: embora o logotipo da gravata-borboleta só tenha sido aplicado em 1989 ao Kadett, o nome é um dos mais longevos da indústria alemã. Foi em 1936 que a Opel o usou em um pequeno carro com motor de 1,1 litro, cuja linha de produção foi levada pelos russos como espólio de guerra. O nome reapareceu em 1962 e foi mantido em mais quatro gerações, apenas a última vendida no Brasil com esse nome. A designação Astra, do sucessor do Kadett, também era antiga quando a vimos aqui em 1994: foi empregada pela inglesa Vauxhall em 1980, duas gerações antes da adoção pela Opel.
• Chevrolet S10 e Blazer: a picape tornou-se brasileira na segunda geração, em 1995; a primeira existia desde 1982 nos Estados Unidos. A Blazer derivada do mesmo modelo saiu no mesmo ano por lá, mas o nome havia sido aplicado bem antes — 1969 — a um utilitário maior, baseado nas picapes grandes da marca.
• Chevrolet Camaro: não é sem razão que o esportivo tem inspiração nostálgica em seu estilo. O Camaro existe desde 1966 e foi nas primeiras séries, até o fim daquela década, que a GM buscou elementos para desenhar o modelo atual e seu antecessor. Foram quatro gerações até 2002, quando o carro saiu de produção para voltar em 2010.
• Fiat Punto: se o Uno levou apenas um ano e meio para vir da Itália ao Brasil (em 1984), o Punto precisou de 14 anos para esse processo. Ele surgiu em 1993 para os europeus e mudou duas vezes de geração até assumir as formas com que o recebemos em 2007.

• Ford Escort: entre as décadas de 1960 e 1970 a Ford produziu aqui carros e picapes de origem norte-americana —como Galaxie e Maverick — e o Corcel, projeto originário da Willys e da Renault. Afinal, em 1983 recebíamos um legítimo Ford europeu, o Escort, que já estava em terceira geração. A primeira, um sedã de tração traseira, ganhou a Europa em 1968. Não muito mais novo é o Fiesta, que existe por lá desde 1976 e chegou ao Brasil em 1994.
• Honda City: como sedã derivado do Fit, o City existiu por uma geração antes da que conhecemos, lançada em 2002 em mercados asiáticos. No entanto, esse era o quarto City na história da marca: de 1981 a 1994 houve duas gerações como um pequeno hatch e, de 1996 a 2002, um sedã anterior ao Fit.
• Honda Civic: 20 anos antes de ser importado para cá, o Civic era lançado no Japão em 1972. Já com tração dianteira, tinha motor 1,2-litro e 3,55 metros de comprimento, menor que um VW Up atual. A atual geração é a décima. Pouco mais recente é o Accord, que começou em 1976 como hatch de três portas e 1,6 litro.
O Corolla só deu as caras no Brasil nos anos 90, mas já fez 50 anos que a Toyota lançou o pequeno sedã de 1,1 litro, hoje na décima primeira geração
• Jeep Cherokee: o modelo importado em 1996 tinha 12 anos no mercado norte-americano, mas não foi o primeiro. O Cherokee surgiu em 1974 como variação de duas portas do Wagoneer e, ao que parece, foi o primeiro a estampar em catálogo a expressão Sport Utility (utilitário esporte, no sentido de casual ou para lazer), que hoje designa o tipo de veículo tão popular. Está na quinta geração.
• Nissan Sentra: quando apareceu aqui, em 2004, o sedã já tinha longa história em outros mercados. O Sentra surgiu em 1982 e está na sétima geração — apenas as três últimas vendidas aqui pela marca. Como curiosidade, a terceira (1990) permaneceu em produção no México sob o nome Tsuru até dois meses atrás. O March é pouco mais novo: 1983 no Japão, três gerações antes de desembarcar aqui em 2011.

• Ram: embora a grande picape só tenha estreado por importação oficial em 2004, unidades chegaram nos anos 90 por empresas independentes. Contudo, a Ram é ainda mais antiga: o nome foi aplicado pela Dodge em 1981 aos utilitários da série D. A marca Ram ganhou independência em 2009.
• Range Rover: o que hoje é uma marca da Jaguar Land Rover com quatro produtos (Evoque, Velar, Sport e o modelo tradicional) começou em 1970 com um só utilitário esporte, considerado o primeiro a associar dotes fora de estrada ao conforto de um carro de luxo. A estreia por aqui deu-se na segunda geração.
• Toyota Corolla: como o arquirrival Civic, ele só deu as caras no Brasil no começo dos anos 90, mas é bem mais antigo no exterior. No ano passado fez 50 anos que a Toyota lançou o pequeno sedã de tração traseira e motor de 1,1 litro, hoje na décima primeira geração.
• Volkswagen Golf: a exemplo do Civic, tem 20 anos a mais no exterior do que aqui. O Golf foi apresentado em 1974, com 3,70 m, e mudou duas vezes de geração até chegar ao Brasil como importado. O atual é o sétimo. Também longevo é o Jetta, em produção desde 1979, hoje na sexta geração.
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